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O começo do fim?

Ouço analistas que, por sinal, não viram a correção chegar, mas que agora dão opiniões sobre o que está por vir, dizerem que isso foi somente uma pequena correção em um longo bull market, assim como outros afirmarem que essa foi somente uma pequena amostra do grande crash que está por vir. Realmente não sei do futuro e não perco meu tempo tentando adivinhar, mas observo os mercados e acho que estão ainda muito altos. A relação risco x retorno não favorece a tomada de risco no momento, a não ser em casos pontuais em que o investidor sabe muito bem o que está fazendo.
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

No último post, disse que os mercados ainda estão sobrevalorizados e que existe a possibilidade de ganhos substanciais, não necessariamente no lado short (vendido a descoberto), embora as oportunidades aqui sejam realmente interessantes.

O mercado de títulos do tesouro americano (treasuries) é o mais importante a se seguir. Ele praticamente determina o preço dos outros títulos de dívida (bonds) e dos ativos de risco. Assim, é importante entender a sua dinâmica de precificação para podermos melhor avaliar os diversos ativos que nos interessam.

Começamos obviamente pelos EUA. O FED terminou o programa de impressão de dinheiro QE e começou a subir a taxa de juros, avisando que vai diminuir o tamanho do seu balanço, ou seja, venderá os treasuries que adquiriu durante o expansionismo monetário. Assim, o governo americano, além de perder seu maior comprador, ganhou um competidor na hora de vender seus títulos.

Para melhor ilustrar esse fato, imagine que um incorporador venda alguns imóveis que tem em carteira para um investidor graúdo, e esse investidor continue comprando ano após ano, inclusive a um ritmo mais acelerado para ajudar o incorporador. Só que agora, após alguns anos, esse investidor decida vender os imóveis, na mesma hora em que o incorporador, que não fez seu dever de casa, está incorporando a uma velocidade ainda maior. De repente, esse incorporador não só perdeu seu maior cliente, como também ganhou um competidor na hora de vender. Assim, a única maneira de conseguir vender é abaixando o preço, o que, por conseguinte, leva a um aumento dos yields.

Some-se a isso uma relação mais ríspida com a China quanto ao comércio, na qual o governo dos EUA acusa a China de levar a melhor parte, enquanto o chinês ameaça parar de comprar ou até mesmo vender os treasuries que possui. Lembrando que a China é o segundo maior detentor de títulos soberanos americanos do mundo.

Para não parar por aí, ainda temos o Japão, o terceiro maior nesse ranking, com problemas internos e baixo apetite por novas compras de títulos. Os nipônicos, com sua dívida monstruosa, devem gastar boa parte dos seus yenes na própria economia, tentando (em vão) reavivá-la.

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Assim, com os três maiores compradores de treasuries fora do mercado, uma alta nos yields era e é esperada. E como quase todos os ativos são precificados a partir dos títulos americanos, por serem considerados os de mais baixo risco, uma correção nos mercados era praticamente certa, como mencionado em posts anteriores publicados nessa página (e a correção ocorreu). Também mencionamos no Twitter que uma segunda onda de correção deveria ocorrer, e ela veio dois dias depois. A pergunta que fica é se isso foi somente uma correção ou o início do fim do segundo bull market mais longo da história.

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Ouço analistas que, por sinal, não viram a correção chegar, mas que agora dão opiniões sobre o que está por vir, dizerem que isso foi somente uma pequena correção em um longo bull market, assim como outros afirmarem que essa foi somente uma pequena amostra do grande crash que está por vir.

Realmente não sei do futuro e não perco meu tempo tentando adivinhar, mas observo os mercados e acho que estão ainda muito altos. A relação risco x retorno não favorece a tomada de risco no momento, a não ser em casos pontuais em que o investidor sabe muito bem o que está fazendo.

Acho que o ano de 2018 será favorável às commodities em geral e minha preferida é o urânio. Escreverei mais sobre ele em breve, mas adianto que a relação risco x retorno dessa commodity no momento é singular. Claro, o ouro, a prata e alguns outros devem ter um bom desempenho esse ano, o que provavelmente ajudará os países produtores. Obviamente, investimentos em commodities como essa e em várias outras, que não sejam o minério de ferro e petróleo, só estão disponíveis para investidores com contas fora do país.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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