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La casa de papel

A série ganhou repercussão quando a Netflix veiculou as duas primeiras temporadas. Alguns assaltantes saíram cheios da grana, outros, mortos, mas a polícia, com fama de incompetente.
Por  Eli Borochovicius
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Na série, o assalto à Casa da Moeda da Espanha foi orquestrado pelo chamado Professor e operacionalizado por 8 integrantes que levam nomes de cidades: Tókio, narradora do assalto, Berlim, comandante da operação dentro da Casa da Moeda, Rio, conhecedor de tecnologia, Nairóbi, especialista em falsificação, Moscou e Denver, pai e filho, o primeiro, hábil com metais, o segundo, briguento e impulsivo e dois ex-combatentes, Helsinki e Oslo, irmãos de guerra.
O que me impressionou, no entanto, foi a quantidade de gente que torcia pelos bandidos. Os reféns sofreram violência psicológica, sexual e física, mas nada disso parecia errado.
Três dos meliantes morreram: Moscou, Oslo e Berlim. Pelo menos é o que pareceu, já que especula-se uma terceira temporada com o ressurgimento de Berlim. Muitos choraram a morte do bandido, mas não demonstraram muita emoção quando o diretor da Casa da Moeda foi baleado.
Aliás, ele, assim como outros funcionários, foram cúmplices do assalto ao aceitarem receber, cada um deles, 1 milhão de Euros, quando tiveram a opção de se manifestarem contrários. Todos corruptos.
Aqueles que torciam pelos criminosos possivelmente concordaram com a fala do cérebro da operação em um dos momentos mais marcantes do filme:
– No ano de 2011 o Banco Central Europeu criou do nada, 171 bilhões de Euros, do nada. Igual ao que a gente está fazendo, só que muito mais. 185 bilhões em 2012. 145 bilhões de Euros em 2013. Sabe onde foi parar todo esse dinheiro? Nos bancos, direto da Casa da Moeda, para os mais ricos. Alguém disse que o Banco Central Europeu foi um ladrão? Não! Injeção de liquidez, foi o que disseram. E fizeram do nada, do nada.
Ele mostra uma nota de 50 Euros para a investigadora e pergunta:
– O que é isso? Isso não é nada, é papel e rasga a nota. É papel, está vendo? É papel! Eu estou fazendo uma injeção de liquidez, mas não nos bancos. Eu estou fazendo aqui, na economia real.
É válido lembrar que em 6 e 7 de Agosto de 2005, o Banco Central do Brasil foi furtado em Fortaleza, no Ceará. Os criminosos tiveram mais de 40 horas para fugirem com R$ 164,7 milhões. 20 milhões foram recuperados em espécie e 12,5 milhões em bens, que foram leiloados. Mais de 100 milhões de reais, salvo melhor juízo, ainda não se tem o paradeiro.
A série é bem interessante, intrigante, e vamos ver o que virá na 3ª temporada. Se os funcionários da Casa da Moeda receberem seus pacotes de dinheiro e o usarem, torço para que sejam presos, assim como todos aqueles que participaram do assalto.

Eli Borochovicius Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas

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