Os jovens e o dinheiro.
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Com idades entre 18 e 25 anos, os jovens ocupam o segundo lugar no ranking dos inadimplentes, representando cerca de 9,4 milhões de pessoas, dentro de um universo de 59,6 milhões de inadimplentes, segundo dados da empresa Serasa Experian.
Os números da inadimplência entre os jovens são realmente significantes, especialmente se considerarmos que a faixa etária dos endividados compreende aquela dos que acabaram de entrar no mercado de trabalho e, por isso, é mais vulnerável às armadilhas financeiras.
Não bastasse a vulnerabilidade, os jovens encontram certo conforto psicológico nas justificativas para a inadimplência: alta dos juros, inflação e desemprego. Assim, parte da culpa deixa de ser de quem fez a dívida e passa a ser de quem fez a bagunça na economia ou, se não fosse isso, de quem não os ensinou sobre finanças pessoais.
Não podemos negar que, parcialmente, o pessoal bagunceiro detém a culpa, mas não é de hoje que o jovem é presa fácil do consumismo e quem já passou por essa idade sabe que a fórmula =soma(jovem+ primeiro emprego+dinheiro+cartão de crédito+limite de cheque especial), dá como resultado “Estou podendo”.
Desprovidos de qualquer orientação financeira ou com um conhecimento tão superficial que foi apagado da “memória RAM” do cérebro, os jovens iniciam a vida financeira ansiosos por terem o primeiro boleto do financiamento do primeiro qualquer coisa sem planejamento algum, sem nem pensarem na oscilação da economia ou se o freio no crédito impacta o fluxo de bens e serviços. Eles ficam inadimplentes e se decepcionam logo de cara com o que julgavam que iria ser o caminho das realizações e da liberdade. Demoram até entenderem a dinâmica e o tempo passa.
O alto número de jovens inadimplentes revela, de novo, uma necessidade que há muito é exposta por educadores financeiros, economistas e gurus financeiros: a educação financeira desde cedo.
Preparar os jovens para um encontro com a vida real não significa desprovê-los de seus sonhos, ao contrário, é oferecer a eles as ferramentas que necessitam para realizarem sonhos com segurança e responsabilidade financeira, ajuda-los a desenvolver as habilidades que precisam para o bom gerenciamento de seus recursos, apresentar as possibilidades de viver um presente equilibrado, enquanto constroem um futuro tranquilo e estável, ainda e apesar dos revezes da economia ao longo dos tempos.
Outras gerações virão, então, que se tenha a consciência e o cuidado de ensiná-las a viver em um modelo de independência financeira. Apenas assim experimentarão o verdadeiro sentido de liberdade com o próprio dinheiro e levarão o conhecimento por gerações dentro de suas famílias.