Fechar Ads

Renda Per Capita Líquida

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – acaba de divulgar os resultados principais das contas nacionais do exercício de 2016, quais sejam, o PIB – Produto Nacional Bruto e seus derivados diretos. O PIB, na realidade, corresponde à soma de todas as riquezas produzidas dentro do território nacional (desconsiderados os recebimentos recebidos do e as remessas enviadas para o exterior). 
Por  Rubens Menin
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão – acaba de divulgar os resultados principais das contas nacionais do exercício de 2016, quais sejam, o PIB – Produto Nacional Bruto e seus derivados diretos. O PIB, na realidade, corresponde à soma de todas as riquezas produzidas dentro do território nacional (desconsiderados os recebimentos recebidos do e as remessas enviadas para o exterior). Essa variável inclui todos os salários, rendas, soldos, benefícios previdenciários ou sociais, juros, dividendos, ganhos de capital e as demais formas com que os brasileiros e as empresas aqui instaladas recebem anualmente pelo seu trabalho, pelo rendimento de seus ativos ou pelos programas oficiais de distribuição de vantagens e proveitos. No ano passado, esse montante alcançou R$ 6,3 trilhões. Este não foi apenas um resultado decepcionante, foi a materialização do péssimo desempenho da economia nacional no ano passado, representando um recuo de 3,6% em relação ao resultado de 2015 que, por sua vez, já havia sido muito baixo também.

Embora o PIB indique o tamanho da economia de cada país ou região, e a sua variação de um ano para o outro mostre a maior ou menor saúde econômica dessa mesma base territorial, outras variáveis dele derivadas apontam, com maior precisão, o grau de prosperidade das respectivas populações. Uma dessas variáveis é a Renda Per Capita (Bruta) que resulta da divisão direta do PIB pelo número total de habitantes do mesmo pais ou região. Em outros termos, essa variável indica o valor médio de renda que cada habitante auferiu no exercício, independentemente do tamanho do país e de sua economia. Em geral, quanto maior a Renda Per Capita, maior a prosperidade e o bem-estar da população envolvida. No caso brasileiro, como a população cresce constantemente, além da queda total do PIB observada nos dois últimos exercícios, o resultado inexpressivo do crescimento apresentado em 2014 (+0,5%) fez com que a Renda Per Capita nacional apresentasse um decréscimo real de 9,1% nos três últimos anos. Ou seja, segundo esse critério, a população brasileira empobreceu quase 10% em termos reais e voltou ao patamar de renda de 2010.

Mas a realidade econômica nacional é bem mais complexa e exige a consideração de outros indicadores. Um deles é a Renda Per Capita Líquida, ou seja, aquela que, em média, está efetivamente disponível para ser gasta ou aplicada por cada um dos brasileiros, desconsiderados os comprometimentos financeiros individuais ou familiares. Essa grandeza é um indicador muito mais eficiente da prosperidade de cada cidadão. Existem vários conceitos e metodologias para se calcular a Renda Per Capita Líquida. Um deles, por exemplo, exige a subtração dos valores correspondentes à depreciação dos ativos e aos provisionamentos para débitos futuros. Uma forma alternativa, bem mais simples e rápida, resulta da subtração direta dos impostos, taxas, recolhimentos obrigatórios e outras parcelas semelhantes que acabam por diminuir a disponibilidade efetiva dos rendimentos de cada cidadão ou contribuinte. E, quando se faz isso, a situação nacional transforma-se de muito ruim em calamitosa.

Segundo a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, o Brasil é o país com a maior carga tributária em toda a América Latina e Caribe, ultrapassando, até mesmo os EUA e retirando em média, de cada contribuinte, cerca de 33,4% de todos os seus rendimentos. Mas, infelizmente, não temos apenas que considerar uma Renda Per Capita 33,4% inferior à bruta, para determinarmos dessa forma expedita e direta a quantidade média de riqueza que chega às mãos de cada brasileiro como recurso disponível. De fato, os impostos, taxas e emolumentos destinam-se, basicamente, ao custeio do Estado. Mas, na realidade, este mesmo Estado gasta para manter-se e aos seus programas, muito mais do que arrecada. Nos últimos exercícios, o governo foi autorizado a operar em déficit da ordem de R$ 150 bilhões por ano, quantia que tem que ser obtida com a emissão de títulos, contratação de empréstimos  e outros mecanismos de aumento da dívida pública. Estima-se que, em média e se consideradas as obrigações futuras de cada contribuinte, a dedução real seria da ordem de 50% de todos os seus rendimentos. Uma maldade insustentável! Não quero agravar ainda mais o quadro traçado resumidamente nos parágrafos antecedentes, introduzindo outros comprometimentos sobre a renda média disponível para cada contribuinte, como a necessidade de custeio direto de educação, saúde e segurança privadas por falta da prestação dos respectivos serviços por parte do Estado. Nem tampouco, raciocinar com alguns fatores perversos embutidos no assim chamado “Custo Brasil”, como o desgaste precoce de veículos nas vias mal pavimentadas e inseguras. Isso fica para outro tópico. Por aqui, basta o alerta de conscientização acerca do desperdício de renda disponível para cada brasileiro, agravando e potencializando os efeitos do crescimento negativo do PIB divulgado ontem. 

 

Compartilhe

Mais de Blog do Rubens Menin

Blog do Rubens Menin

Você Pode Mudar o Futuro

Se existe, hoje, uma certeza largamente majoritária no espírito dos brasileiros, ela é, sem qualquer dúvida, a de que o Brasil precisa mudar. E mudar rápido. Gerações antes de nós – e mesmo a nossa própria – cresceram iludidas com a idéia de que o Brasil seria o país do futuro, ainda que, no presente de cada época, as coisas não corressem tão bem quanto todos gostariam.
Blog do Rubens Menin

Propósito

No mês de maio passado, tive a chance de participar de um extraordinário curso (Executive Program) na Singularity University, organização acadêmica estrategicamente localizada no Vale do Silício, na Califórnia. Já há algum tempo, eu vinha acompanhando o desempenho dessa Universidade, interessado no experimento educacional da instituição fundada pelo icônico Raymond Kurzweil, Diretor de Engenharia da Google e referência mundial para assuntos ligados à Inteligência Artificial. Agora, aparecendo a oportunidade, fui beber diretamente naquela fonte de conhecimentos. Por maiores que fossem as minhas expectativas, a experiência ainda conseguiu superá-las. Não apenas pelos instigantes conceitos do avanço exponencial da tecnologia e o conseqüente alcance próximo dos instantes e eventos característicos da disrupção (mudança completa de paradigmas), como também pelo impacto que isso já vem produzindo – e que produzirá ainda mais, em acelerada progressão – na vida das pessoas e no ambiente das empresas. Além disso, tive a alegria de descobrir os fundamentos acadêmicos para muitas das práticas empresariais adotadas intuitivamente pela MRV. É essa alegria e são essas descobertas que pretendo compartilhar resumidamente, neste tópico, com os eventuais interessados.
Blog do Rubens Menin

Viva a Diversidade!

Somos o país dos desperdícios. Mais do que isso: não sabemos tirar proveito das coisas boas que temos, principalmente quando elas nos foram dadas de presente pela natureza, pelo acaso ou pela história. Muitas vezes, não tiramos proveito delas porque simplesmente não as identificamos e nem as reconhecemos como coisas valiosas. Outras vezes, até chegamos a enxergar o seu valor ou o seu potencial, mas não conseguimos nos organizar para conviver com muitas dessas riquezas e, quase sempre, defendemos idéias atrasadas ou métodos equivocados para considerá-las.
Blog do Rubens Menin

Uma Decisão Estratégica

No próximo dia 18, o Conselho Deliberativo do Clube Atlético Mineiro reunirá os seus 467 membros para uma decisão estratégica. Tão importante, que eu, como atleticano apaixonado e como empresário obrigado pela função a considerar, permanentemente e de forma objetiva, o futuro no planejamento de cada empreendimento, ouso arriscar que esta será a decisão de maior relevância na história do clube. Os conselheiros decidirão se o Galo levará adiante ou não o projeto de implantação de seu próprio estádio, a Arena MRV. Mas, estarão decidindo muito mais do que isso. Os conselheiros decidirão, principalmente, se o Atlético estará ou não entre o limitado número de agremiações consolidadas no – cada vez mais exigente –  cenário futebolístico nacional e mundial.   
Blog do Rubens Menin

Reforma da Previdência

A Reforma da Previdência voltou a ser o assunto do dia, embora ela nunca tivesse perdido a importância, mesmo quando eclipsada por episódios políticos cobertos pela imprensa com mais sensacionalismo. Na realidade, a nação precisa encarar esse desafio de frente, equilibrar o sistema e garantir a sua perenidade antes que a ruína se torne inevitável.
Blog do Rubens Menin

Uma Omissão Imperdoável

O empresariado brasileiro é composto, em sua grande maioria, por lideranças responsáveis e comprometidas com os princípios da ética e da cidadania que fazem prosperar uma nação.  Por isso, seria natural que essa parcela preponderante – isoladamente ou por meio das entidades de classe – se manifestasse em todas as oportunidades em que esse padrão de comportamento deixasse de ser observado em alguma ocasião especial, por qualquer agente importante.
Blog do Rubens Menin

O Indispensável Estado de Direito

Os constituintes de 1988 tiveram o cuidado de destacar na nossa Carta Magna as assim chamadas “cláusulas pétreas“, ou seja, os dispositivos permanentes que não podem ser eliminados ou substancialmente alterados, nem mesmo por Emenda Constitucional, ainda que esta venha a tramitar regularmente no Congresso Nacional.
Blog do Rubens Menin

Operação Carne Fraca: Lições e Reflexões

Quando se preparavam para encerrar mais uma semana nesta atribulada temporada, os brasileiros foram surpreendidos pelas notícias de uma mega operação deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, na última sexta-feira, sob o codinome de “Carne Fraca“. 
Blog do Rubens Menin

2017 vem aí!

É fácil aferir o sentimento dos brasileiros acerca do ano que está terminando. À medida que se aproxima o dia da virada de exercício, as manifestações, íntimas ou públicas, da grande maioria dos nossos patrícios só variam na forma ou no adjetivo de qualificação, mas, em geral, quase todas convergem para uma constatação fortemente depreciativa: vai-se embora um ano que não deixa saudades! De fato, foi um ano em que vivemos turbulências políticas e desastres econômicos sucessivos, que acabaram por produzir uma crise sem precedentes na história da nossa República. Negócios (novos e antigos) foram por água abaixo, setores produtivos inteiros desestruturaram-se, capitais evaporaram ou foram procurar outras plagas, um enorme contingente de brasileiros foi lançado no desemprego, famílias passaram a conviver com o opressivo fantasma da inadimplência, sonhos foram desfeitos e a maior parte da nossa sociedade passou a ostentar uma expressão comum de desalento, insegurança e apreensão.