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Duas estrelas Michelin fora do circuito estrelado!

Le Havre, França. Chove a cântaros quando chego ao prestigioso restaurante de Jean-Luc Tartarin, na cidade de Le Havre, Normandia.
Por  Paulo Panayotis
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Estou curioso. É um dois estrelas Michelin fora dos circuitos tradicionais franceses. Além de tudo, pertence também à rede Chateaux & Hotels Collection (www.chateauxhotels.com) , na categoria restaurantes “gourmands”. A rede reúne mais de 500 hotéis de charme e restaurantes de excelência.Antes mesmo de receber o cardápio, a primeira coisa que me chama a atenção é a relação de fornecedores. Isso mesmo! Em cima da mesa, uma lista revela todos que fornecem produtos para o restaurante. Absolutamente todos são locais ou vem, no máximo, a algumas dezenas de quilômetros dali. Trata-se de tendência mundial saber não somente de que região vem o produto, mas quem é e onde fica o produtor. Gostei.Apesar da chuva, restaurante lotado. Mesas para apenas 40 pessoas. É preciso reservar. Já havia ouvido falar dele. E sempre bem.


Kir Royal para relaxar e comecar | Crédito: Paulo Panayotis

Opto pelo menu degustação sugerido pelo maitre. A partir daí tem início uma sequência de sabores. No cardápio, duas opções: peixe local com ervas e bisque de lagosta ou perna de cordeiro de leite cozida lentamente com purê de aipo na manteiga fresca.

Estou na terra da manteiga, dos laticínios, na Normandia, então vou de “nhô-nhô-nhô”, como um amigo meu costuma chamar o gigot d’ agneau, ou pernil de cordeiro. Estou preparado para uma entradinha amiguinha, o prato principal e a sobremesa. Afinal, no almoço, este menu custa inacreditáveis 40 euros! Ledo, puro engano! O festival tem início sob chuva torrencial. Um kir royal se encarrega de me colocar na temperatura e conforto corretos. Junto com ele, um simpático e saboroso “alegra boca” ou amuse bouche, como eles gostam de chamar.


Engana boca divino | Crédito: Paulo Panayotis

Fina tarteletes crocantes de nabo, lâminas transparentes de pepino envolvendo guacamole em uma base de chips, brioches no vapor com trufas negras e croquetes de camembert da Normandia, é claro. Tudo muito fresco e no ponto certo. Uma festival de texturas e aromas. Na sequência chega a mesa um fantástico pão au levin de fermentação caseira para dividir. Chega humildemente, com duas simples manteigas da Normandia: uma natural e outra com um pouco de pimenta espelete. Experimento a feita com pimenta, mas adoro mesmo a comum. É, seguramente, a melhor manteiga que comi em toda a minha vida. Sim, simples manteiga com pão! Acho que é chegado o momento do prato principal, o tal do “nhô-nhô-nhô” ! Mas um grande chef sempre gosta de surpreender nestas horas.

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Coma no sentido horário ordena o garçom | Crédito: Paulo Panayotis

Chega à mesa uma sequência de pequenas maravilhas “para comer na ordem horária” ordena o garçom. Perfeitamente, digo, e ataco logo após as explicações.

1- Tartar de carne de boi com sardinha! Espetacular. Foi minha primeira vez! 2 – Mousseline de pimentão vermelho e groselha com cristalino de sementes de papoula. Sensacional! 3 – Beterraba imprensada com maça verde e creme glaceado de wasabi. Aterradoramente suave e picante! 4 – Royal de Foie Gras em creme brulé, amendoin e gergelin. Elegante, aerado na parte superior engrossando mais abaixo. Por incrível que pareça o amendoim, crocante, estraçalha e reforça o sabor do foie gras! Você acredita? É tem que provar mesmo para acreditar. Inesquecível!5 – Cappuccino de alface e creme de arenque defumado. Para tomar! Salgado! Para mim, mais estranho do que saboroso. Poderia ficar sem. Não faltaria.Já estou mais do que feliz. Exultante, diria! Mas “noblesse oblige” e parto para o prato de resistência. Trata-se de duas fatias de filé de pernil de cordeiro de leite.


Cordeiro de Deus | Crédito: Paulo Panayotis

Cozido lentamente à perfeição, por sete horas, vem com cenourinhas caramelizadas e cogumelos girofle, que adoro! Divino. Dos deuses. Arremato o aveludado molho com o restinho do pão. Só não lambo os dedos por pura vergonha (ah se estivesse em casa!!!) . Neste instante percebo duas coisas: parou de chover e não há sal nem pimenta disponíveis nas mesas. Outra tendência mundial que se faz presente. Neste caso, ausente! Não fizeram falta alguma. Chega o grande finale: pera com torta Saint Honoré e pequenos profiterolles. Memorável. Apaziguadora do espírito e dos sabores!

Agora eu sei porque em todas as avaliações, inclusive no Guia Michelin, há rasgados elogios do tipo: “uma encarnação de cozinha criativa e apaixonada, um repertório de terra e mar em estado de arte, uma mesa de excelência aplicada a produtos magníficos, técnica precisa e serviço impecável. Apesar da pouca simpatia de Mme Tartarin e do serviço impecável, porém mecânico, sou forçado, melhor, sou obrigado a concordar.

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Jornalista Paulo Panayotis no restaurante Jean-Luc Tartarin | Crédito: Paulo Panayotis

Serviço: Restaurante Jean-Luc Tartarin – 73, Avenue Foch 76600 LE HAVRE info@jeanluc-tartarin.com Reservas: www.jeanluc-tartarin.com

O jornalista esteve no restaurante a convite do Turismo de Le Havre com veículo da Avis e seguro viagem Travel Ace.

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