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Ruim com Temer, pior sem ele: 6 gráficos que mostram a evolução econômica do governo

Qualquer um dos os efeitos positivos observados podem ser decompostos em 3 partes: “Efeito Temer” + “Efeito fundo do poço” + “Efeito internacional”
Por  Terraço Econômico
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nesta semana, vamos finalmente saber quem será o presidente do Brasil até 2018. Dilma ou Temer. As probabilidades positivas estão do lado deste último. Não só as probabilidades, os indicadores econômicos também andaram esboçando melhora nesses mais de 100 dias do governo interino de Michel Temer.

Importante ressaltar que qualquer um dos os efeitos positivos observados podem ser decompostos em 3 partes, cada uma com um peso diferente, e que, juntos, compõem o efeito total: “Efeito Temer” + “Efeito fundo do poço” + “Efeito internacional”.

O efeito Temer é a pura e simples retomada de confiança de que a economia brasileira vai começar a fazer os ajustes necessários, principalmente os de natureza fiscal. É uma espécie de crédito que está sendo dado ao governo interino. O efeito fundo do poço ou efeito Tiririca – pior que está não fica – indica que a economia realmente chegou ao desastre completo e inicia uma tímida retomada. Finalmente, o efeito internacional, com o FED indicando uma subida de juros ainda mais frouxa, somada ao risco BREXIT e as taxas de juros em patamar negativo ao redor do mundo contra o juros de 14,25% do Brasil, atrai capitais e ajuda a diminuir o risco e explica em boa parte a queda do dólar em 2016.

Vamos começar com o indicador que mais subiu desde a entrada de Temer, a Bolsa de Valores. O efeito Temer bate forte em conjunto com o efeito externo, e é nítido o interesse do investidor externo em um Brasil pós Lava-Jato e em empresas bastante depreciadas em bolsa. Entre a mínima do período Temer, em vermelho no gráfico, o Ibovespa ganhou 19%.

Fonte: BM&F Bovespa. Elaboração própria

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Para capturar bem o otimismo externo, podemos olhar outra métrica interessante, essa mais voltada pra risco em si, o credit default swap, CDS. O CDS indica o risco de o país dar um calote externo, e quanto mais baixo, melhor. Considerando o governo Temer, o CDS recuou em média 100 pontos, trazendo o Brasil para um patamar mais próximo de emergentes com alto risco. Começou 2016 próximo à faixa dos 500 pontos, e conforme o processo de impeachment avançava era nítida a queda do CDS para patamares mais próximos de países de alto risco como Turquia e Rússia.

Fonte: Bloomberg. Elaboração própria.

Em seguida, podemos olhar a melhora da expectativa dentro de casa. Analisando números do Boletim Focus ao longo de 2016 fica claro o ganho de confiança do mercado com o Governo. A expectativa da taxa de juros para o fim de 2016 se elevou um pouco, considerando o fato que 2016 é um caso perdido. Para 2017 a expectativa de inflação tem se aproximado cada vez mais da meta, com mais intensidade após Temer ter assumido, mostrando que o mercado observa um certo comprometimento da nova gestão do Banco Central de tentar trazer a inflação de 2017 para a meta.

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria

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Para 2016, a expectativa de inflação aumentou ao longo do governo Temer e a distância de quanto vai fechar o IPCA em relação à meta prevista pelo Banco Central cresceu, pouco, mas cresceu. Vale lembrar que boa parte do descontrole inflacionário vem de uma política fiscal equivocada e uma política monetária bastante frouxa, ambas praticadas no governo Dilma.

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria

Em penúltimo lugar, cito os indicadores industriais, nitidamente os que mais melhoraram desde que Temer assumiu, pode serem uma mescla de efeito Temer com o efeito fundo do poço. Com a atual melhora da confiança é possível arriscar-se a dizer que estamos começando a sair do fundo poço, devagar, mas saindo…

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Fonte: FGV. Elaboração própria

Por último, mas não menos importante, um indicador de atividade, deprimente, porém revelador do estrago que vem acontecendo na economia. Desde 2015 o IBC-br, índice de atividade mensal do Banco Central caiu mês a mês. Porém, em junho, último dado anunciado, ele andou positivamente em relação ao mês anterior pela primeira vez em mais de 1 ano, indicando que uma recuperação da atividade pode estar a caminho. Aqui vale lembrar que é muito difícil que em apenas um mês de governo Temer a atividade tenha voltado a andar, o que indica um efeito “fundo do poço” pura e simplesmente. E que o ganho de confiança de um novo governo apenas pode acelerar a saída. Não atrapalhar a economia agora, com medidas malucas, já seria uma grande ajuda…

Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração própria.

Agora basta aguardar quais serão as próximas medidas de um “oficial” governo de Michel Temer, caso o impeachment se concretize no Senado da república. É necessário dizer que melhoras da economia precisam ser vistas com muito cuidado, algumas podem ocorrer de melhorias criadas pelo governo, outras é pelo simples ajuste do ciclo econômico. Afinal de contas, estar no fundo do poço e se levantar alguns centímetros já é considerado uma melhora, não é mesmo?

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Mas com o crédito dado pelo mercado ao novo governo é melhor acreditar que se está ruim com Temer, seria ainda pior sem ele…

Victor Cândido é economista pela Universidade Federal de Viçosa

Terraço Econômico O Terraço Econômico é um espaço para discussão de assuntos que afetam nosso cotidiano, sempre com uma análise aprofundada (e irreverente) visando entender quais são as implicações dos mais importantes eventos econômicos, políticos e sociais no Brasil e no mundo. A equipe heterogênea possui desde economistas com mestrados até estudantes de economia. O Terraço é composto por: Alípio Ferreira Cantisani, Arthur Solowiejczyk, Lara Siqueira de Oliveira, Leonardo de Siqueira Lima, Leonardo Palhuca, Victor Candido e Victor Wong.

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