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Balanço da Petrobras: o que foi bom, o que foi ruim e o que terá que ser feito agora?

A primeira grande pergunta é: essas perdas vieram apenas do mix elevação da taxa de desconto + queda do petróleo, ou temos aqui mais uma parte de desvios?
Por  Celson Placido
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O que chamou mais a atenção no resultado da Petrobras foi o elevado impairment da empresa, revisão de ativos. Ninguém no mercado esperava um valor tão alto, mais alto até do que o impairment no balanço de 2014, que foi de R$ 44 bilhões. Agora atingiu a cifra superou R$ 47 bilhões, sendo:

Segundo a companhia, a baixa de R$ 36 bilhões em Campos de Produção foi devido a premissas e orçamentos da Companhia; e taxa de desconto pós-imposto em moeda constante de 8,3% a.a., que deriva da metodologia do WACC para o setor de Exploração e Produção. Essas perdas estão relacionadas, predominantemente, aos campos de Papa-Terra (R$ 8.723), Polo Centro-Sul (R$ 4.605), Polo Uruguá (R$ 3.849), Espadarte (R$ 2.315), Linguado (R$ 1.911), Polo CVIT – Espírito Santo (R$ 1.463), Piranema (R$ 1.333), Lapa (R$ 1.238), Bicudo (R$ 937), Frade (R$ 773), Badejo (R$ 740), Pampo (R$ 355) e Trilha (R$ 327), em função da revisão de premissas de preço, decorrente da queda das projeções dos preços do petróleo no mercado internacional que ocasionaram redução nas reservas de óleo e gás e nos fluxos de caixa dos projetos, bem como pelo aumento da taxa de desconto e revisão geológica do reservatório de Papa-Terra.

Comperj – R$ 5,2 Bi de baixas

As avaliações do Comperj resultaram no reconhecimento de perdas por desvalorização no valor de R$ 5,281 bilhões. Essas perdas decorreram, principalmente: (i) do aumento da taxa de desconto; e, (ii) postergação da expectativa de entrada de caixa do projeto.

A primeira grande pergunta é: essas perdas vieram apenas do mix elevação da taxa de desconto + queda do petróleo, ou temos aqui mais uma parte de desvios?

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Vale mencionar um ponto positivo do resultado. O segmento de abastecimento, que apresentou um resultado recorrente, sem as perdas com o Comperj, por exemplo, positivo, devido, principalmente, aos menores custos com transferência de petróleo de Exploração e Produção, pela menor participação de óleo importado na carga processada e pelos reajustes de preços na gasolina de 6% e diesel em 4% em setembro, o que impactaram positivamente o resultado do 4T15.

Aqui vale outra discussão: Até quando a empresa conseguirá manter o preço dos derivados com o prêmio atual? Atualmente a gasolina está com prêmio acima de 25% e o diesel de mais de 40%. Isso abre espaço para grandes consumidores, como Ultrapar e Cosan, rede de postos Ipiranga e Shell, respectivamente, passem importar diretamente os derivados e vendendo por um preço abaixo do segmento de distribuição de combustíveis; o outro ponto é diz respeito a inflação, pois a cada 10% de reajuste na gasolina, impacta o IPCA em 0,3% no ano. Será que para ajudar a inflação voltar para o teto da meta 6,5% o governo não poderia reduzir os preços de combustíveis em 20%, manteria um prêmio, e ajudaria o IPCA de 12 meses em 0,6%?  

Endividamento

Segue elevado, o grau de alavancagem da companhia segue em patamares extremamente elevados, 5,3x Net Debt / Ebitda, com uma dívida total de R$ 492 bilhões, sendo 74% em dólar e 7% em euro, o que pressiona ainda mais a companhia. Seguimos mencionando que uma das saídas é o aumento de capital, o que reduziria o ratio Net Debt / Ebitda para 3x. Assim, a companhia precisaria de um aumento de capital da ordem de R$ 170 Bi, para ter uma relação de no máximo 3x. Mas o momento não é o ideal, dado o preço do petróleo e a cotação das ações da companhia, além do problema do Governo, via Tesouro, como acionista, teria que injetar dinheiro na companhia.

Outras saídas

 No final de 2014 mencionamos que a companhia tinha alguns caminhos para reduzir o endividamento:

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  1. Venda de ativos
  2. Redução do Capex
  3. Reajuste de preços de combustíveis
  4. Aumento de capital

A empresa já realizou 2 dos itens mencionados, como redução do Capex, que afetará o crescimento de produção e reajuste de preços de derivados, porém, apesar do anúncio da venda de ativos, o processo tem sido lento e não conseguem vender ativos com tamanho relevante. Outro dado relevante aqui é que a companhia venderá ativos que tem geração de caixa, o que reduzirá o seu resultado operacional, como BR Distribuidora, Braskem, térmicas.

Abaixo, resolvi destacar o fluxo de caixa, projeção da companhia para o ano de 2016. Divulgado na teleconferência de resultados:

Fonte: Petrobras

A empresa estima uma geração de caixa de US$ 22 bilhões, sendo que US$ 19 bilhões serão gastos com despesas de juros (financeiras) e outros US$ 19 bilhões em CAPEX. Ou seja, a companhia precisa de US$ 16 bilhões para terminar o ano de 2016 com um caixa, mesmo assim, menor do atual de US$ 26 bilhões.

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Esses US$ 16 bilhões, a empresa projeta vender US$ 14 bilhões em ativos. Em 2014, a companhia vendeu apenas US$ 1,5 bilhão em ativos e com esse cenário desafiador, difícil enxergar venda de ativos relevantes.  Ainda assim, a empresa espera US$ 1 bilhão em rolagem e mais US$ 1 bilhão de captação.

Assim, só faltará o aumento de capital, que a companhia segue postergando, torcendo para que o dólar apresente uma queda e o petróleo suba para que ajude nos próximos resultados da companhia, que segue extremamente endividada. Isso não quer dizer que as ações não subirão, pois as mesmas estão negociando muito mais na expectativa do cenário político, do que por fundamentos.

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