Fechar Ads

“Real – O Plano por Trás da História”: o filme que a esquerda não quer que você veja

"Real - O Plano por Trás da História", filme que conta a história da criação do Plano Real, tendo como personagem central, Gustavo Franco, um dos formuladores do plano e ex-presidente do Banco Central. O filme  também aborda a guerra de narrativas vividas até os dias de hoje (por exemplo: "o PSDB quebrou o Brasil três vezes"); mostra que José Serra, ao defender o desenvolvimentismo (intervenção estatal, protecionismo), está muito mais alinhado economicamente com o PT do que ao liberalismo clássico (menos Estado, mais livre mercado); e como FHC, aliado de Lula em 1989, soube capitalizar politicamente os efeitos positivos do Real.
Por  Alan Ghani
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Neste fim de semana foi lançado “Real – O Plano por Trás da História”, filme que conta a história da criação do Plano Real, tendo como personagem central, Gustavo Franco, um dos formuladores do plano e ex-presidente do Banco Central.

Embora o roteiro trate de um tema econômico, não é necessário ser economista para assistir ao filme, muito pelo contrário. O longa conta de maneira didática um pouco da história econômica recente do Brasil. Entre os personagens estão os ex-presidentes Itamar franco e Fernando Henrique Cardoso; José Serra (interpretação irretocável) e Aloísio Mercadante (com outro nome).

Além de trazer alguns personagens que ainda estão presentes na vida política nacional, o filme aborda a guerra de narrativas vividas até os dias de hoje (por exemplo: “o PSDB quebrou o Brasil três vezes”); mostra que José Serra, ao defender o desenvolvimentismo (intervenção estatal, protecionismo), está muito mais alinhado economicamente com o PT do que ao liberalismo clássico (menos Estado, mais livre mercado); e como FHC, aliado de Lula em 1989, soube capitalizar politicamente os efeitos positivos do Real, subindo de 4% de intenções de voto para ganhar as eleições no primeiro turno.

O longa também retrata a dificuldade dos técnicos do governo, os economistas, de colocarem em vigor medidas benéficas para a população no médio e longo prazo frente aos objetivos imediatistas e populistas da classe política. Por outro lado, o roteiro também mostra o papel do político na aprovação de medidas econômicas e a importância da comunicação clara de planos complexos para a população.

Uma prova de que o filme é bom é a sua relevância crítica. Ironicamente, as esquerdas, que defendem tanto a “pluralidade” e a “diversidade de opiniões”, boicotaram o filme, justamente com o Jardim das Aflições (lançamento dia 31 e comentário em breve no meu blog), no Cine PE (aqui). Por que será que ambos os filmes foram barrados?

Quer ter ganhos turbinados no mercado de Tesouro Direto? Clique aqui e conheça meu curso no InfoMoney!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Quanto ao Jardim das Aflições, deixo para comentar após o seu lançamento. Já “Real – O Plano por Trás da História” foi barrado provavelmente porque incomodou parte do PSDB e principalmente o PT. O PSDB, porque mostrou que uma ala do partido – a de José Serra – era contra o plano e defendia desenvolvimentismo (desvalorização cambial, protecionismo industrial e intervenção estatal) e que FHC não foi o mentor intelectual do plano (embora tenha sido importante na montagem da equipe econômica e articulação política para aprovação). Quanto ao PT, o filme incomodou ao mostrar que o partido de Lula foi veemente contra o plano Real, inegavelmente a medida econômica que mais beneficiou a economia brasileira ao acabar com a hiperinflação que batia 1764%a.a. É inquestionável os efeitos positivos do fim da inflação, principalmente para a população mais pobre que via seu poder de compra ser deteriorado diariamente por uma inflação de quase 1% ao dia..    

É claro que as pessoas têm todo o direito de não gostar do filme, de criticar; mas boicotar a divulgação num festival, porque o filme não agrada a intelligentzia ligada ao PT, está longe de ser uma atitude democrática. Esse tipo de controle cultural, daquilo que deve ser visto e divulgado, é típico de regimes totalitários como Cuba e Venezuela. Isso sim é golpe.

Siga Alan Ghani no *Facebook* e no *Twitter*

Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

Compartilhe

Mais de Economia e política direto ao ponto