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Por que a guerra contra Bolsonaro?

Talvez a vitória de Trump nos EUA mostrou algo trouxe um alerta para o establishment do Brasil:  não adianta apenas assassinar reputações; quanto mais o establishment demonizava Trump, mais ele crescia,  fenômeno parecido com um tal de Bolsonaro por aqui. Talvez, o establishment brasileiro aprendeu a lição e jogou mais pesado ao inviabilizar, por enquanto, a candidatura de Bolsonaro para presidência ao se tornar réu no STF, mesmo ferindo a lógica, o bom senso, a imunidade parlamentar, em mais um episódio grotesco de interferência do Supremo em questões do Congresso. Um verdadeiro golpe ao Estado Democrático de Direito.
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Embora com trajetórias bem diferentes, é inevitável a comparação entre Donald Trump e Jair Bolsonaro. A comparação é possível diante de algumas semelhanças, tais como: a linguagem mais crua para expor suas opiniões, alta popularidade com o cidadão comum, defesa de valores conservadores e vítimas do establishment (poder constituído, classes dominantes). De todas essas semelhanças, a qual mais chama a atenção é a reação do establishment contra ambos.

Enganam- se aqueles que acreditam que o alvo do establishment no Brasil é Aécio Neves (PSDB) ou Michel Temer (PMDB). Para o establishment, o grande inimigo político se chama Jair Bolsonaro. Mas por que Jair Bolsonaro causa tanta aversão nas classes falantes?

Os inocentes úteis logo diriam que a aversão a Bolsonaro seria justificada diante do seu comportamento “homofóbico”, “racista” e “fascista”. Goste ou não de Bolsonaro, mas quando ele foi racista, fascista e homofóbico? Sempre quando uma pessoa vem cheia de opiniões (rótulos) sobre Bolsonaro (ou qualquer tema), pergunte a ela: como você formou a sua opinião sobre ele? Cite alguns exemplos – fatos reais, fontes primárias (projeto de lei, declarações do próprio Bolsonaro) – em que ele foi homofóbico, racista e fascista. Sem surpresas, essas pessoas são incapazes de citar um exemplo que confirmem seus rótulos contra Bolsonaro. E por quê? Porque não existe nenhum fato concreto e real que comprove que Bolsonaro foi fascista, racista e homofóbico. É claro que Bolsonaro, como qualquer pessoa, é passível de críticas, mas não por esses rótulos caluniosos. Não se trata de defender  ou apoiar Bolsonaro, mas um compromisso com a verdade.  Curiosamente, as pessoas acusam Bolsonaro de “fascista” sem ao menos sequer saber o que é fascismo. Definitivamente, vivemos na era do mínimo esforço:  opinião para tudo, sem estudo para nada.

Mas na era da guerra das narrativas não importam os fatos, apenas os rótulos atribuídos a Bolsonaro. Utilizam-se palavras de forte impacto com o propósito de despertar emoções,  sentimentos e histerias nas pessoas. Numa tática de Goebbels , repete-se  várias vezes que Bolsonaro é “fascista”, “racista” e “homofóbico” até uma mentira se transformar numa verdade. Assim, ao relacionar esses rótulos com o parlamentar, basta mencionar a palavra “Bolsonaro” para acionar o gatinho emotivo do ódio e causar uma verdadeira histeria no público receptor desta mensagem. De outra forma, o Bolsonaro fabricado pela indústria de moer reputações é o personagem capaz de despertar histerias coletivas que tanto alimentam as exacerbações imaginativas das esquerdas.  

A demonização contra Bolsonaro é tamanha que muitos se sentem inibidos em círculos sociais em mostrar apoio ao parlamentar para também não serem rotulados pelo grupo como um “ultraconservador”, “ignorante” e “fascista”. Basta observar como as pessoas fazem uma espécie de “proteção de opinião” (“hedge de opinião”) para defender Bolsonaro: “discordo de muita coisa dele, mas concordo com algumas coisas que ele fala”. Além disso, é comum setores à direita criticar Bolsonaro apenas para posarem de “direita moderada”, ou  de “direita esclarecida” para saírem bem na foto com os amiguinhos “isentões” ou de esquerda. Afinal, mesmo defendendo valores conservadores no seu íntimo, ninguém gosta de ser visto como um conservador, principalmente na era do “pop“, do descolado” e do “narcisismo das redes sociais”.

 Além da famosa trinca, “racista”, fascista” e homofóbico”, recentemente, o deputado Jair Bolsonaro foi acusado de fazer  incitação ao estupro diante de sua declaração contra a Maria do Rosário –“você não merece ser estuprada”. Veja, a frase, a letra seca, diz que a Maria do Rosário NÃO merece ser estuprada. O que vem a partir daí é interpretação. O STF e a Tucano Press entenderam que Bolsonaro está fazendo incitação ao estupro ao supor que outras mulheres mereceriam ser estupradas. Segundo essa linha de raciocínio, se existem mulheres que não merecem ser estupradas, portanto devem existir, para Bolsonaro, mulheres que merecem ser estupradas.

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Já outra interpretação é que Jair Bolsonaro quis apenas ofender Maria Rosário com uma ironia hiperbólica (exagerada) e passou longe de fazer incitação ao estupro. Nesse caso, a interpretação seria: “Maria do Rosário você é tão desprezível que nem para estupro você serve”. É evidente que a frase de Bolsonaro é grosseira e ofensiva, mas longe de ser apologia ou incitação ao estupro. Aliás, como é possível Jair Bolsonaro fazer incitação ao estupro, se este mesmo parlamentar tem projetos de lei duríssimos contra estupradores, propondo inclusive castração química e prisão perpétua para os criminosos? Como observou certa vez minha vizinha de Blog, Renata Barreto, quem será que um estuprador teria mais medo num tribunal, de Jair Bolsonaro ou da Maria do Rosário? Pois é, meu Rei, às vezes é necessário colocar os Pingos nos “is”.

E por falar em Pingo nos Is, Bolsonaro derrotaria Aécio ou Alckmin na disputa presidencial de 2018 e iria com Lula para o segundo turno, de acordo com a última pesquisa CNT/MDA . Talvez isso explique por que exista uma verdadeira força tarefa para acabar com a reputação de Bolsonaro.  Talvez a vitória de Trump nos EUA trouxe um alerta para o establishment do Brasil:  não adianta apenas assassinar reputações; quanto mais o establishment demonizava Trump, mais ele crescia,  fenômeno parecido com um tal de Bolsonaro por aqui. Talvez, o establishment brasileiro aprendeu a lição e jogou mais pesado ao inviabilizar, por enquanto, a candidatura de Bolsonaro para presidência ao se tornar réu no STF, mesmo ferindo a lógica, o bom senso, a imunidade parlamentar, em mais um episódio grotesco de interferência do Supremo em questões do Congresso. Um verdadeiro golpe ao Estado Democrático de Direito.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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