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Moro avança, Brasil também: por que a Lava Jato ajuda a economia brasileira?

A operação lava Jato não traz prejuízos a economia coisa alguma, conforme defendido por parte da imprensa; ao contrário, o fim da impunidade a corruptos pode fortalecer o desenvolvimento econômico a médio e longo prazo, conforme demonstrado pelos dados e por estudos acadêmicos internacionais.
Por  Alan Ghani
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Não é de hoje que parte da imprensa tenta desqualificar o juiz Sérgio Moro, a Operação Lava Jato e os procuradores da República. Apesar dos avanços da força tarefa, prendendo corruptos graúdos e desmantelando esquemas bilionários de corrupção, uma parte da imprensa demonstra descontentamento com essa evolução, criticando (na visão deles) o caráter seletivo das investigações e pedidos de prisão.

Esse ponto de vista ficou evidente na última edição da revista Carta Capital, que trouxe na capa a imagem de um bebê com o rosto de Sérgio Moro vestindo uma camisa polo e com aviões e plataformas de petróleo “de brinquedo”, seguida da chamada “Como Liquidar o Brasil” (veja imagem abaixo). A reportagem aponta a Operação Lava Jato como responsável por acarretar prejuízos ao país porque os negócios entre construtoras e governos estão parados. Para embasar este ponto de vista especificamente, a revista entrevistou o ex- Ministro da Justiça do governo Dilma, Eugênio Aragão, o qual evidentemente concorda com esse ponto de vista. 

Moro na Carta Capital

A reportagem fere o bom senso e inverte lógica por uma simples razão: as construtoras perdem negócios não porque os procuradores da Lava Jato são corretos e aplicam a lei, mas porque as empresas praticaram corrupção. Mas para a revista, a culpa das empresas perderem negócios não é da corrupção, mas dos “excessos” da Lava Jato. Eugênio Aragão chegou a dizer que “Mas a corrupção que, na verdade, serve como uma graxa na engrenagem da máquina, essa, do ponto de vista econômico é tolerável (veja a que ponto que chegamos!). Será que este modelo no qual ele defende certa dose de corrupção em nome do funcionamento econômico tem sido bem sucedido para a população brasileira, ou é justamente este um dos maiores problemas da ineficiência estatal?

O ponto de vista absurdo do ex-ministro petista não para por aí. Ele diz que falta visão econômica aos procuradores da Lava Jato porque são guiados apenas pelo aspecto moral. Curiosamente, no mercado financeiro onde estão os maiores especialistas em economia e finanças, a visão é oposta. Se a Lava Jato fosse ruim para economia, não seria para bolsa despencar? Parece que não foi o que aconteceu: com impeachment e Lava Jato a bolsa subiu, em 2016, 48,78% (até 17/10). Será que as pessoas do mercado financeiro também não entendem de economia e finanças?

A reportagem diz também que tiveram casos nos EUA e na Alemanha onde os contratos foram destravados rapidamente. A diferença é que as cifras envolvidas ali não equivaliam ao PIB de alguns países e os casos de corrupção citados não eram sistêmicos, envolvendo políticos e empresários em nome de um projeto totalitário de poder, o que o ministro do STF, Gilmar Mendes, chamou de “cleptocracia”.  

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Por fim, a reportagem ignora que a correlação entre o índice de corrupção (Corruption Perception Report) e piora de IDH é de 76% e que existem uma série de estudos internacionais que apontam relação negativa entre corrupção e desenvolvimento econômico (AHMAD et al, 2012). Isso posto, a Lava Jato não traz prejuízos a economia coisa alguma, conforme defendido pela revista; muito pelo contrário, o fim da impunidade a corruptos pode fortalecer o desenvolvimento econômico a médio e longo prazo, conforme demonstrado pelos dados e por estudos acadêmicos internacionais.  De outro modo, a Lava Jato só é ruim para aqueles que não produzem, mas vivem apenas como parasitas do dinheiro público (seu dinheiro) em nome de ideologias que só vendem ilusões aos mais pobres, enquanto se beneficiam da renda do povo.

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Alan Ghani É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.

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