Ano novo problemas antigos. Qual a novidade?
Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores
Que a política econômica brasileira sofre com a desconfiança interna e externa, já não é novidade. Também não é novidade que a desconfiança é causada pelas perspectivas pessimistas para o crescimento da economia brasileira no curto prazo, por conta das baixas taxas de investimento. Não é novidade que a falta de transparência na divulgação de dados sobre a economia interna, além de políticas econômicas claras, atrapalha na injeção de investimentos no país e, consequentemente, atrapalha o crescimento do país, fazendo com que entremos num círculo vicioso. Claro, também não é novo o fato de que o crescimento interno é atrapalhado por crises econômicas que atingem o mundo como um todo, dificultando que países emergentes cresçam de forma consistente. Mas também não podemos nos esquecer de que enquanto o mundo crescia de maneira substancial, o Brasil patinava em sua própria política.
O ano de 2013 chegou ao fim com o Brasil sofrendo com a desconfiança por parte de empresários e investidores. As dúvidas com relação ao rumo da economia, a excessiva burocracia que além de aumentar custos ainda abre as portas para a corrupção, metas que não se cumprem, principalmente no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), política fiscal, entre outros, são fatores apontados para que o país, segundo consultorias, enfrente sua principal crise de confiança desde 2007.
Ano novo, problemas antigos.
A começar pelo encontro em Davos, onde a presidente Dilma tentou desesperadamente, mas sem apresentar qualquer novidade, mudar a imagem do país entre investidores estrangeiros. No entanto, mais uma vez não apresentou nada que sinalizasse ao mundo que o país investirá de forma substancial e contínua na melhora da infraestrutura, e na redução do crescimento baseado no consumo e no crédito. Desta forma, seguimos com uma economia ainda frágil e suscetível a crise que abate países desenvolvidos e/ou emergentes ou em crise, como a Argentina. Sim, o país vizinho ainda é responsável por mais de 20% dos manufaturados que exportamos, e uma crise lá pode gerar uma queda na produção brasileira, e consequentemente uma piora da nossa balança comercial. Além disso, por conta dos anos anteriores, os primeiros do governo atual em se buscava cumprir promessas de campanha, trabalhamos com juros baixos, investimentos descoordenados altos, crescimento baseado no consumo e no crédito fácil, e contribuímos para a aceleração da inflação, que está controlada, mas não contida. E agora, para conter a inflação e melhorar as contas internas, lá se vai o cenário de juros baixo.
Todo este cenário de desconfiança obrigará governos de países emergentes, como o Brasil, a subir suas taxas para se tornarem mais atrativos aos investidores externos. Só nesta semana, mesmo antes do término da reunião do Federal Reserve, o banco central norte americano, onde estão sendo discutidos os rumos do programa de compra de títulos públicos nos EUA, Índia e Turquia elevaram substancialmente suas taxas de juros numa clara tentativa de estimular a volta do apetite dos investidores ao risco.
Qual a novidade? É que apesar da decepção com o crescimento; a inflação elevada; a deterioração das contas externas; a perda de credibilidade na área fiscal; a intervenção do governo no setor elétrico; dos problemas estruturais; do forte crescimento do custo do trabalho e da queda da taxa de investimento, a economia brasileira deve passar por uma ligeira aceleração do crescimento interno empurrada pela melhora do ambiente internacional, mas também contando – quem sabe daí virá à novidade para este ano – com alguma diluição de elementos domésticos de incerteza. O que não será novidade, é o fato de que nosso crescimento, além de impulsionado pela economia externa, será, mais uma vez, sustentado pela perspectiva de elevação menos intensa dos preços dos alimentos, pelos efeitos dos programas de incentivo ao crédito e ao consumo, como o Minha Casa Melhor, e pelos impactos (positivos) da realização da Copa do Mundo sobre alguns segmentos (como linha marrom, bebidas e serviços de turismo e alimentação).