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Por que a taxa de juros demora para chegar no consumidor final?

Nas últimas cinco reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) houve reduções da taxa básica de juros brasileira, a Selic. O processo de redução, que estava estacionado desde julho de 2015 em 14,25%, iniciou-se em 19 de outubro de 2016 chegando em 12 de abril de 2017 a 11,25%. Assim, reduziu-se 3,0% da taxa básica nominal ao ano em, aproximadamente, cinco meses.
Por  Faculdade Fipecafi
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George Sales

Nas últimas cinco reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) houve reduções da taxa básica de juros brasileira, a Selic. O processo de redução, que estava estacionado desde julho de 2015 em 14,25%, iniciou-se em 19 de outubro de 2016 chegando em 12 de abril de 2017 a 11,25%. Assim, reduziu-se 3,0% da taxa básica nominal ao ano em, aproximadamente, cinco meses.

Contudo, para que a redução dessa taxa seja percebida pelo público em geral (que usa cheque especial, cartão de crédito, financia bens de consumo e toma recursos emprestados) ainda demora um pouco para surtir os efeitos desejados. Pois há uma diferença considerável entre o custo de captação das instituições financeiras (que paga taxa DI, muito próxima a taxa Selic diária) e o juros cobrado do consumidor final. A essa diferença de percentuais é dado o nome de “spread bancário”.

O “spread bancário” deve ser suficientemente grande para suporta uma série de custos, que muitas vezes não são originados pelas instituições financeiras, como por exemplo:

O depósito compulsório, em que parte dos recursos captados não podem ser emprestados e, portanto, devem ficar depositados em contas de reservas bancárias no Bacen. Tal exigência evita que as instituições financeiras aumentem a quantidade de moeda em circulação e, consequentemente, a inflação. Contudo, a exigência de depósito compulsório no Brasil é muito alta (em relação a outras economias de mesmo porte). O efeito direto é o aumento dos custos para empréstimos;

 Os impostos que incidem sobre as operações financeiras também ajudam, e muito, no aumento do “spread bancário”. São diversos os impostos: PIS-COFINS, IOF, IR e CSLL e, certamente, isso impacta severamente as taxas de juros finais;

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O risco de crédito da operação é outro fator que impacta as taxas de juros. Principalmente, no momento em que vivemos em nossa economia com 13 milhões de desempregados. Para se ter uma ideia, alguns produtos chegam a ter números superiores a 30% de inadimplência. Portanto, os bons pagadores acabam arcando com os custos;

Há também as despesas administrativas, como os custos das agências, funcionários, processos tecnológicos, mídia, entre outros;

E, por fim, o retorno do acionista, que deve corresponder a uma margem líquida que permita o lucro e a continuidade dos negócios.

Assim, dado todos esses aspectos, é necessário que os esforços do governo se concentrem nos depósitos compulsórios e, principalmente, no apetite do leão. Caso contrário o reflexo final da diminuição das taxas de juros, continuará pífio.

 George André Willrich Sales, Dr.
Doutorando em Administração de Empresas no Mackenzie (linha Finanças Estratégicas),
Mestre em Controladoria e Contabilidade na FEA/USP (linha de Mercado Financeiro e
Finanças). Atualmente, é professor da FECAP em cursos de graduação em Administração,
Economia e Ciências Contábeis, da Faculdade FIPECAFI no curso de especialização em
Investment Banking e cursos “in company” para empresas como CEF, Itaú, Santander,
Banco Mitsubishi, Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, entre outros. E,
também, professor da Faculdade FIA de Administração e Negócios no curso de graduação
nas disciplinas de Finanças. É graduado em Processamento de Dados pela FATEC-BS,
em Direito pela UNIMES e em Ciências Contábeis pela FEA/USP. Possui Pós-Graduação
em Conhecimento, Tecnologia e Inovação pelo MBA da FIA/USP. Tem experiência nas
áreas de Banking e Finanças Corporativas, tanto em pesquisa como em atuação
profissional em Instituições Financeiras (Nacional e Internacional, onde atuou por 11
anos). É Consultor de empresas na área financeira dos mais diversos portes e áreas de
atuação.

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