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Vendas de veículos e o crédito

Fim de ano chegando! O "infame" ano de 2016 ficará no passado e não deixará saudades. Mas o que esperar de 2017?
Por  Raphael Galante
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Fim de ano chegando e a pergunta de “UM MILHÃO DE DÓLARES” que todas as montadoras, consultorias e afins estão tentando resolver:  qual será o tamanho do mercado para o ano que vem?

Existem vários fatores aqui: na nossa “conta de padoca”, temos uma regra mais ou menos assim: “para cada ponto percentual do PIB, as vendas de carro crescem 4 vezes mais”. Como o Focus do Bacen aponta para um PIB de 1,09%, as vendas de carros deverão apresentar crescimento de 4,4% ano que vem!

Trabalhamos com um número entre 2% a 4% (sendo 4% o melhor cenário possível).

Usando a “conta de padoca”, existem as variáveis do modelo econométrico que explicam tal conta.

Uma delas é o crédito. E vamos nos focar nele nessa primeira parte. O que está acontecendo com o crédito?

Bom, ele ficou difícil pra caramba! O que percebemos é que os bancos/financeiras estão mais reticentes para a oferta de crédito. As que estão fazendo crédito para veículo (tirando os bancos de montadora) não ofertam mais aquele “El Dorado” que foi há 4-5 anos atrás, onde eu podia fazer o financiamento dos veículos em 80 vezes sem entrada!

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Isso ficou num passado, far, far, far, far away…

Hoje o crédito está nesta tônica:

As carteiras de crédito de veículos estão em trajetória decrescente! Basicamente, estão R$ 80 bilhões a menos do que há 4 anos. O mesmo para as concessões. Em outubro deste ano, a liberação de crédito foi de R$ 6,81 bilhões contra R$ 10,15 sobre o mesmo período de dois anos atrás.

As operações de crédito estão minguando. Mas para as montadoras o negócio ficou um pouco mais complicado! O que está acontecendo? Como o crédito está mais caro, mais restrito, com prazos menores, o resultado é que o sonho do carro zero ficou mais longe…

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Houve uma migração de financiamentos do carro zero para o carro usado.

Se há 4-5 anos os carros novos representavam por mais de 42% do total de carros financiados, no infame ano de 2016 ele não chega nem aos 30%:

DISTRIBUIÇÃO DOS FINANCIAMENTOS

AUTO

NOVO

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USADO

2012

42,8%

57,2%

2013

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43,5%

56,5%

2014

40,8%

59,2%

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2015

34,6%

65,4%

2016

28,7%

71,3%

Há 4-5 anos, as linhas de CDC e leasing eram quase 70% das vendas de carros. O restante (30%) era feito através de outras modalidades (a vista ou consórcio, por exemplo).

Hoje, essas linhas de crédito não passam de 49% do total de carros vendidos. Algumas marcas (Honda, Toyota) trabalham com percentuais inferior a 40%.

Mas, afinal de contas, o que isso quer dizer? Algumas montadoras, associações, consultorias, apontam para um crescimento de mercado superior a 12% para o ano que vem! O que a gente quer dizer é: cuidado para você não entrar numa “TWILIGHT ZONE”!!

Raphael Galante Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva

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