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A fusão da CoinBR com a Coinverse

Nesta semana, a CoinBR oficializou a aquisição da Coinverse – o primeiro Bitcoin Banking do Brasil –, marcando o passo inicial de uma possível consolidação do setor em território nacional. Apesar de ser um mercado ainda pequeno, é bastante fragmentado, com diversas exchanges operando atualmente. Confira neste post uma entrevista com o CEO da empresa, Safiri Felix.
Por  Fernando Ulrich
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Nesta semana, a CoinBR oficializou a aquisição da Coinverse – o primeiro Bitcoin Banking do Brasil –, marcando o passo inicial de uma possível consolidação do setor em território nacional. Apesar de ser um mercado ainda pequeno, é bastante fragmentado, com diversas exchanges operando atualmente.

Com sede em São Paulo e infraestrutura de mineração no Paraguai, a CoinBR é uma empresa brasileira com presença internacional e em contínua expansão. Seu início foi ainda em 2013, quando se dedicava à mineração de altcoins. Hoje, detém a maior estrutura de mineração da América Latina. O principal objetivo da empresa é ser a referência em Bitcoin no nosso continente, afirma seu fundador, Rocelo Lopes, o qual tem larga experiência internacional no setor de tecnologia, especialmente em VoIP. 

Além de ser uma exchange e uma mineradora, a CoinBR disponibilizou recentemente a primeira carteira de Bitcoin em português. Com a aquisição da Coinverse, a companhia dá início ao seu projeto de expansão.

Há duas razões por trás da fusão com a Coinverse. Primeiro, a necessidade de recrutar no mercado um profissional qualificado para liderar a CoinBR. “Devido ao background econômico, à experiência bancária e ao profundo conhecimento da tecnologia do Bitcoin, o Safiri era a pessoa mais preparada para essa empreitada”, explica Rocelo.

O segundo racional da aquisição tem a ver com os serviços providos pela Coinverse que muito interessavam a CoinBR, como a plataforma para pagamentos de boleto e o ATM, um caixa eletrônico que permite a compra e venda de bitcoins com reais.

“Já estamos em negociação para mais uma aquisição e para esse ano temos a meta de adquirir mais 3 empresas”, antecipa Rocelo. “O desafio do Safiri é posicionar a CoinBR como a maior empresa de ‘Bitcoin Service’ da América Latina e uma das maiores do mundo”.

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Sem dúvida alguma, essa recente fusão é um movimento importante para a indústria do Bitcoin no Brasil e na América Latina. Ela une o conhecimento e a experiência de profissionais do ramo de tecnologia e serviços financeiros, com plataformas complementares e capitalizada para fazer frente aos planos ambiciosos de expansão.

Aproveitando essa oportunidade, fizemos uma breve entrevista com o agora também CEO da CoinBR, Safiri Felix. Segue abaixo:

 

Fernando Ulrich: Como vocês veem a evolução do mercado brasileiro de Bitcoin, o qual conta com diversas exchanges, mas com volumes baixíssimos quando comparados ao mercado de regiões como EUA, China e Europa?

Safiri Felix: Enxergamos no mercado brasileiro um fenômeno muito parecido com o que ocorreu com o mercado de compras coletivas, onde após alguns meses existem centenas de players em um mercado ainda imaturo. A fusão CoinBR-Coinverse é o primeiro passo no caminho de uma consolidação do setor.

O grande desafio atualmente é disseminar conhecimento e criar novos produtos e serviços que consigam expandir o universo de interessados nas moedas digitais.

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FU: O Bitcoin tem diversas utilidades, mas alguns usos têm mais apelo do que outros, dependendo de cada país. Na visão de vocês, qual o uso do Bitcoin mais atrativo? E na mesma linha, contextualizando a tecnologia à realidade local, qual a principal utilidade do Bitcoin no Brasil? Qual seria seu uso mais promissor?

SF: Pagamentos internacionais são de longe a grande utilidade do momento. Hoje já existem soluções de cartões de débitos internacionais como a Xapo e AdvCash que permitem que as recargas sejam feitas via bitcoin, o que gera uma economia importante para os usuários brasileiros, em especial com a IOF.

Além disso, com a inflação de 2 dígitos, ficam bastante restritas oportunidades de investimento e proteção de patrimônio. Apesar dos riscos inerentes a uma tecnologia ainda em estágio inicial, o investimento em bitcoin pode ser um ativo interessante, em especial pela perspectiva de alocá-lo em um portfólio com o caráter de “black swan”.

 

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FU: Quais são os principais desafios para ampliar a adoção do Bitcoin no nosso país?

SF: Informação para o público em geral e maior aproximação com o mercado financeiro. Já temos trabalhado pro-ativamente em relação aos reguladores e aos formadores de opinião e acreditamos que dentro de pouco tempo teremos frutos bastante positivos.

 

FU: Muita gente encara o Bitcoin como uma forma de investimento, apesar dos riscos intrínsecos ao ativo digital. Vocês compartilham dessa visão?

SF: Sem dúvida. Para obter rentabilidade acima dos principais benchmarks, não adianta seguir estratégias convencionais. Além do investimento direto em bitcoin, essa tecnologia permite aos investidores acesso a um vasto leque de novos instrumentos financeiros que facilitam enormemente o acesso a ativos como Ouro e Swaps em USD (via BitGold, BitReserve e Bitifinex) ou investimento indireto em dólar, uma vez que a cotação da moeda está atrelada ao mercado internacional.

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FU: Dentro da indústria nascente do Bitcoin, há diversos nichos de atuação: exchanges, infraestrutura (hardware), provedores de carteiras, processadores de pagamento, mineradoras, serviços financeiros, etc. A CoinBR está optando pelo modelo universal, similar a Circle e a Coinbase, para oferecer ao cliente uma ampla gama de serviços e produtos. Qual o racional dessa escolha? Qual seria a tendência global, empresas universais ou mais especializadas?

SF: Optamos por esse posicionamento devido as competências complementares das operações da CoinBR e Coinverse. Globalmente, acreditamos que teremos 2 posicionamentos distintos: companhias universais com operações verticalizadas como a nossa, que cubram desde mineração até soluções para o cliente de varejo e startups mais ligadas a FinTech, que devem explorar as potencialidades do blockchain para reinventar os serviços financeiros.

 

FU: Grande parte dos investimentos de venture capitalists tem sido direcionada a empresas na América do Norte e Europa, quase 90%, segundo a Coindesk. A América Latina não responde nem por 5% dos recursos aportados. O que tem afugentado os investidores do nosso continente?

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SF: Discordo que os investidores tem menosprezado o continente. Nos últimos meses recebemos abordagens de 3 fundos importantes interessados em conhecer melhor o mercado brasileiro e com apetite para aportes significativos. Particularmente no caso da CoinBR, optamos por inicialmente escalar a operação com capital próprio, afim de construirmos um valuation mais atrativo para captarmos em um momento posterior, caso necessário.

 

FU: Segundo o Bitcoin Market Potential Index a América Latina é um dos lugares mais promissores para a criptomoeda. No entanto, não temos estatísticas tangíveis que evidenciem uma adoção relevante nos principais países potenciais (Venezuela, Argentina e Brasil). Por que isso ocorre? O que falta para o potencial da região se concretizar?

SF: Acima de tudo mais informação, além de produtos e serviços que entendam profundamente a realidade latino-americano. Temos trabalhado arduamente nesse sentido.

 

FU: Uma das grandes promessas dos entusiastas do Bitcoin é capacidade de causar disrupção na indústria de remessas internacionais de baixo custo. Porém, na realidade há entraves dificultando a materialização desse prognóstico. Como nem todo mundo está disposto a entesourar a moeda digital, não basta enviar bitcoins para o Peru, por exemplo, pois o destinatário provavelmente desejará converter o valor recebido para a moeda local. Será que o Bitcoin realmente vai abocanhar uma fatia das remessas internacionais? Como superar esses obstáculos?

SF: Isso já é uma realidade em países como as Filipinas e a Argentina, em especial para operações de pequeno valor. Para que isso ocorra com mais frequência e escala, ainda falta um pouco mais de clareza regulatória.

 

FU: Por fim, a grande tendência deste ano parece ser o Bitcoin 2.0, ou Crypto 2.0, ou tecnologia do blockchain. Há muitas ideias, muitos projetos, mas poucos ainda realmente viáveis ou operando. Na visão de vocês, há algum projeto que se destaca? Qual o mais interessante? Algum deles teriam aplicação no Brasil?

SF: Estamos acompanhando de perto diversos projetos, com destaque para o Ethereum, BlockStream e ColoredCoins. Uma vez mais maduros, é claro o potencial de disrupção no mercado financeiro, contábil e de serviços jurídicos. No nosso planejamento estratégico pretendemos lançar o CoinBR Labs, com a intenção de prototipar novos usos para o blockchain.

Fernando Ulrich Fernando Ulrich é Analista-chefe da XDEX, mestre em Economia pela URJC de Madri, com passagem por multinacionais, como o grupo ThyssenKrupp, e instituições financeiras, como o Banco Indusval & Partners. É autor do livro “Bitcoin – a Moeda na Era Digital” e Conselheiro do Instituto Mises Brasil

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