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De quase falida à disparada de 115%, analistas avisam: a retomada da Usiminas ainda não acabou

Boas perspectivas para a economia e maior disciplina geram cenário positivo para a Usiminas 
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – De uma empresa quase entrando à falência em 2015 a uma das preferidas do setor siderúrgico em 2017. A virada bastante forte da Usiminas (USIM5) – e consequentemente na bolsa – ganha a atenção do mercado e de analistas, que veem a ação da empresa registrando alta de 115% somente este ano (a maior do Ibovespa no período). 

O ano de 2015 marcou o momento mais pessimista da companhia. A Usiminas teve uma série de prejuízos e passou a ter geração de caixa negativa, com o risco de entrar em recuperação judicial. Ao mesmo tempo, entrou em uma grande disputa societária – entre o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint e a japonesa Nippon – questão que se encontra até hoje no radar dos investidores, mas com os controladores fazendo uma trégua para vender ativos e promover uma virada no rumo da companhia. 

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Conforme apontou o  presidente da Usiminas Sérgio Leite em entrevistas recentes ao Estadão e à Bloomberg, “o pior já passou” e a empresa está voltando à normalidade. A companhia está religando o alto-forno de Ipatinga, desligado em 2015, enquanto a Musa (Mineração Usiminas) voltou a ativar duas unidades de tratamento de minério nos últimos meses. Apesar de ainda tímidas se comparadas ao que o grupo já dispensou, as contratações vêm ganhando terreno e apontando para a recuperação da companhia. 

Soma-se a esse cenário a expectativa de melhora da atividade macroeconômica nacional, que é vista como uma das bases para o desempenho positivo recente da companhia. 

Produtora de aços planos, a Usiminas se beneficiou da recuperação do setor automotivo, um dos principais compradores desse tipo de matéria-prima (e que levou a uma maior alta da ação em comparação aos seus pares na bolsa, CSN e Gerdau). Em novembro, a venda de veículos no Brasil subiu 15% na comparação anual, segundo dados da Fenabrave, passando para 204.180 unidades. 

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Conforme aponta o analista do Bradesco BBI, Victor Mizusaki, o forte passo de recuperação nas vendas domésticas devem continuar a ter um impacto positivo nos dados automotivos, cuja alta deve ser de 10% em 2018 na comparação anual. 

Soma-se a isso a maior disciplina financeira da companhia nos últimos meses. Em entrevista à Bloomberg, o CEO deu mais uma boa notícia, ao apontar que a Usiminas está perto de reduzir sua dívida em R$ 900 milhões nos próximos 40 dias (ou 15% do seu endividamento). A companhia está pagando “com quase dois anos de antecedência” em relação ao acordo das dívidas renegociadas com os credores, segundo o presidente. Além disso, ele reiterou que a Usiminas pretende elevar os preços de seus produtos em 25% a partir de janeiro. 

Até onde vai a alta

As notícias parecem ser boas, mas a alta da melhor ação da bolsa deve se sustentar? Os analistas se dividem sobre o assunto. Para o Citi, 2018 deve ser positivo, com uma geração de fluxo de caixa livre forte e redução da dívida líquida para R $ 3,3 bilhões no final. “No entanto, acreditamos que a
maior parte disso já está no preço das ações e vemos uma vantagem limitada sobre os níveis atuais. Para sermos mais otimistas, teríamos que ver os preços globais do aço aumentarem ainda mais e/ou a demanda doméstica de aço crescer dois dígitos no ano que vem”, aponta o analista Thiago Ojea, que mantém recomendação neutra para os ativos com preço-alvo de R$ 9,30. 

Por outro lado, de olho na retomada do setor automotivo, o Bradesco BBI mantém a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 12 para os papéis da Usiminas, uma vez que é a empresa que mais deve se beneficiar desta tendência. Também nesta linha, o Bank of America Merrill Lynch mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 13,50, destacando que a ação está entre as mais bem posicionadas para uma recuperação no Brasil, em meio à baixa capacidade de utilização que a companhia possui, o momentum positivo de lucros e desalavancagem (apesar do consenso seguir cético).

A ação, por sinal, está na Carteira InfoMoney desde setembro e continua no portfólio deste mês (o portfólio completo será revelado em programa da manhã do dia 6 de dezembro. Confira o portfólio de novembro clicando aqui), acumulando ganhos de cerca de 28% nestes três meses. Porém, segundo os analistas do BofA e do Bradesco BBI, a ação pode registrar ainda mais ganhos, de até 53% (se considerado o preço-alvo do BofA para o papel).

A Usiminas segue dando boas novas aos investidores. Mas a continuidade da disciplina financeira e da retomada econômica são fatores essenciais para que essa expectativa se confirme – e uma “quase falida” siga o seu movimento de ganhos na bolsa. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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