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“Rali sem fim” de 540% a despeito do ceticismo e uma questão: até onde a RD vai na bolsa?

Papéis desafiam máximas do mercado em meio à boa gestão da companhia e bons resultados que levam a revisões para cima em suas estimativas
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – A Carteira InfoMoney nasceu em janeiro de 2016 e nestes 23 meses uma figurinha que quase sempre esteve presente no portfólio era Raia Drogasil, hoje chamada apenas de RD (RADL3) na bolsa. “Como investir em uma ação dessas, está caríssima, só subiu 150% em 2 anos (2014 e 2015) porque todo mundo achava que o Brasil ia quebrar”, desdenhou um analista em uma conversa informal naquela época em que as ações RADL3 valiam incríveis R$ 35,50 cada. 2016 acabou e RADL3 valorizou-se impressionantes 72,5%, chegando a R$ 61.

2017 chegou e mesmo com menos investidores acreditando que o Brasil “iria quebrar” (o que abre espaço para posições mais arriscadas em bolsa), a ação continuou sendo vista na Carteira InfoMoney. A sensação era de que quase ninguém acreditava em novas altas – uma gestora chegou a chamar Raia Drogasil de “a posição ‘short’ (vendida) mais convicta da bolsa”. Bem, o ano está prestes a acabar e RADL3 marca 46% de alta, superando R$ 89 no último dia 27 de novembro. Entre 2014 e 2017, a rede de farmácias já subiu 540%, contra avanço de 42% do Ibovespa neste mesmo quadriênio.

Mas afinal, por que RD não para de subir na bolsa (e por que pouca gente acreditou neste rali)? E o principal: ainda dá para acreditar em ainda mais altas para a ação? Discorreremos sobre isso nas linhas abaixo, mas certamente a primeira pergunta é mais fácil de responder do que a segunda – principalmente porque qualquer julgamento “cético” sobre novas altas para RADL3 provou-se falho nos últimos 4 anos.

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O rali sem fim…

Se no primeiro semestre de 2017 a queda nas margens da RD decepcionou investidores mal acostumados com crescimento constante (o recuo ainda teve um belo motivo: a base comparativa era cruelmente desafiadora), o balanço do 3º quarto deste ano voltou a mostrar a resiliência que tem sido tão comum na maior rede de farmácias do Brasil: ela fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 136,5 milhões, um crescimento de 16,8% na comparação com o mesmo período de 2016, enquanto a margem líquida da companhia entre julho e setembro ficou em 3,8%, mesmo índice registrado um ano antes, a despeito das expectativas de quedas nas margens. A receita bruta da RD somou R$ 3,58 bilhões, um aumento de 17,4% na comparação anual. 

Além dos bons números operacionais, a companhia anunciou em 9 de novembro um guidance mais ambicioso de abertura de lojas, elevando de 200 para 240 novas unidades previstas para o biênio 2018-2019. Além disso, a migração da empresa para o Nordeste, que era vista por muitos como “um tiro no pé” pelo fato da competição mais acirrada afetar as margens por unidade, tem sido a cereja do bolo no segundo semestre. Ao final de setembro, a RD apontou ganho de 1,2 ponto percentual de participação de mercado no Nordeste, atingindo 5,2% do total; na média nacional, o crescimento da empresa foi de 0,6 p.p.

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No dia seguinte à divulgação do guidance, outro evento renovou os ânimos dos investidores sobre a empresa: o “RD Day”, realizado com acionistas e analistas do setor. “Ficamos particularmente impressionados com a capacidade da RD de planejamento e execução para sustentar o seu crescimento. A rede já é líder com apenas 11,5% de participação em um segmento de baixa penetração que deve ser impulsionado com o envelhecimento da população”, apontaram os analistas do UBS ao comentarem como foi o evento da companhia.

A RD está investindo em iniciativas para melhorar a experiência do consumidor e aumentar a eficiência nas vendas, através da abertura de lojas com foco em CRM (relacionamento com clientes), um novo aplicativo da marca Raia, redefinição de seus programas de relacionamento, além de contar com maior análise de dados (em parceria com a Dunhumby, empresa líder mundial em ciência do consumidor) para entender o cliente e seguir em busca de maior controle de custos.

Sim, a expectativa da companhia é de uma ligeira pressão de margem bruta (um dos pontos de atenção nos últimos balanços) em 2018 devido a ganhos inflacionários menores – assumindo um aumento de preço menor que os 3% de 2017. Mas, ao mesmo tempo, a empresa aponta que deverá expandir a margem bruta estrutural de forma a compensar essas pressões.

Também durante o Investor Day, foi revelada a construção de dois novos centros de distribuição com previsão para início das operações até 2019 – um no Ceará e outro em Guarulhos (SP), este último com 24 mil metros quadrados e capacidade para atender até 550 lojas. Em 2019, a RD contará com 11 centros de distribuição por todo o país.

UBS: ação pode valer mais de R$ 100; compra!

Mas o otimismo sobre as ações da RD não se apoia apenas no que ela tem apresentado, mas em tudo que ela tem feito para manter-se diferenciada no setor. “Com tantas boas notícias para compartilhar com os investidores, a gestão da companhia poderia simplesmente continuar a executar o seu plano de negócios por mais 5 anos. Mas a RD não está disposta a descansar e contratou uma empresa de consultoria para redefinir prioridades estratégicas com vista a oportunidades de melhora operacional, digitalização e opções de crescimento da 4Bio (focada em medicamentos especiais)”, escrevem os analistas do UBS em relatório, esperando mais detalhes do plano a partir do segundo semestre de 2018.

Os analistas Gustavo Piras Oliveira, Guilherme Muller e Rodrigo Alcantara, que assinam o documento do banco suíço, reiteraram a recomendação de compra para RADL3, elevando o preço-alvo projetado para os próximos 12 meses de R$ 82 para R$ 102 (o que embute um potencial de alta de 14% frente os preços atuais). Eles incorporam no modelo o novo guidance de abertura de lojas,  além de iniciativas para melhorar a eficiência em vendas, e para reduzir custos gerais e administrativos, o que ofusca as perspectivas de menores margens . 

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Deste modo, mesmo em meio à forte alta da cotação dos papéis nos últimos anos, a perspectiva positiva e de expansão da companhia têm levado a uma progressiva expansão das revisões, como é o caso do UBS, enquanto outras casas de análise se mostram céticas sobre até onde a companhia irá na bolsa. Já no caso da Carteira InfoMoney, gostamos de alguns cases que parecem caro, mas que podem passar por uma nova precificação de ativos conforme os balanços e novas iniciativas apontem crescimento, o que tem sido feito recorrentemente pela RD. Afinal, pode muito bem ser válido o “não compre na baixa e invista na alta”, ou invista em ações de qualidade mesmo quando ela não parecer tão atrativa quanto outras ações que estariam aparentemente uma “pechincha” na bolsa, conforme demonstrou a Fama Investimentos em estudo recente (publicamos uma matéria sobre o assunto em julho deste ano, que você pode ver aqui). O caso da RD é emblemático neste sentido. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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