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Dia da virada: Europa ameaça, mas não interrompe rali de 125% da “estrela das siderúrgicas”

Europa decretará o fim do rali da Usiminas? Passado o susto inicial, não é isso que o mercado enxerga 
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – A sessão desta sexta-feira caminhava para ser de expressiva queda para as siderúrgicas brasileiras, após o anúncio de que a Comissão Europeia aprovou medidas antidumping ao aço laminado a quente procedentes do País (além do Brasil, Irã, Rússia e Ucrânia). Com isso, Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3) e Gerdau (GGBR4), as mais importantes do setor, seriam afetadas na bolsa hoje.

Porém, pelo menos para uma delas, a história não foi bem assim. As ações da Usiminas, vale ressaltar, chegaram a cair 3,68% na mínima do dia, mas logo apontaram para recuperação e, na máxima, passaram a ter variação positiva superior a 4%, diminuíram os ganhos no início da tarde, mas ainda assim engordaram mais os ganhos acumulados no ano, que agora superam os 125% (sendo a maior alta do Ibovespa no ano). Enquanto isso, apesar de suavizarem as perdas, CSN e Gerdau seguiram no negativo. 

A explicação para a virada da Usiminas é baseada no fato de que, à medida que a decisão foi analisada, o mercado passou a ver que a notícia não era tão negativa assim. Claro, ela representou um revés: a empresa que teve a maior margem de dumping foi a própria siderúrgica mineira, com 65,9%. Assim, a entidade irá aplicar, a partir de sábado, as seguintes taxas sobre o aço laminado das siderúrgicas brasileiras: 54,5% para ArcelorMittal Brasil e Aperam Inox América do Sul; 53,4% sobre a CSN; 63% para a Usiminas; 55,8% para a Gerdau; e 63% para todas as outras empresas brasileiras.

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Porém, esses números representam um impacto pequeno sobre os volumes vendidos das companhias nacionais, uma vez que as exportações foram diminuindo ao longo dos últimos anos. Além disso, essas tarifas serão aplicadas para o aço tipo HRC, enquanto o Brasil exporta mais o aço CRC e produtos galvanizados para a Europa.  

Para a Usiminas, as exportações  HRC representaram apenas 1% dos volumes totais vendidos no primeiro semestre de 2017, ressalta o Itaú BBA. Desse total, cerca de 50% vai para países europeus (Alemanha com 35%, Espanha com 9%, Reino Unido com 5% e Portugal com 2%). “A Usiminas reduziu significativamente suas exportações depois que encerrou suas instalações de produção de aço bruto em Cubatão”, apontam os analistas do banco. 

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No caso da CSN, as exportações do aço HRC representam cerca de 3% do total de volumes vendidos, (apesar de não ter dados dos trimestres recentes, já que a empresa não reporta resultados há algum tempo). Os analistas do Itaú BBA ressaltam que os volumes das exportações são mais importantes para a CSN do que para a Gerdau e Usiminas, mas não são uma preocupação por enquanto. 

Já para a Gerdau, as exportações totais de aço plano representaram 5% dos volumes vendidos no primeiro semestre. Contudo, a empresa não especifica o quanto desse porcentual é vendido na Europa. 

De qualquer forma, os impactos são bem pequenos, principalmente para a Usiminas que, mais uma vez, descola-se dos seus pares. A ação, que está na Carteira InfoMoney de outubro (para conferir o portfólio completo, clique aqui) foi tema do Insight do Dia da última quarta-feira (veja aqui), trazendo uma explicação de por que tamanha diferença de desempenho dela com as outras companhias do setor. A decisão dessa sexta da União Europeia mostrou mais um motivo para ficar mais positivo com a Usiminas, já que ela será a menos impactada. 

Um dia após o outro…

Ao falar sobre esse movimento de taxação do comércio de commodities, o Itaú BBA aponta que esses movimentos protecionistas, curiosamente, têm se tornado mais frequentes em todo o mundo. Os analistas lembram, inclusive, que os EUA já aplicaram taxas de importação similares recentemente contra diferentes países (incluindo o Brasil).

“Também é importante notar que o Brasil também tem investigações antidumping em curso sobre as exportações de HRC provenientes da China e da Rússia, e acreditamos que mudanças globais como essa poderiam aumentar a probabilidade das tarifas de importação serem aprovadas no Brasil”, avalia o banco.

Enquanto essas novas medidas não se efetivam, os mercados se tranquilizam. O Bradesco BBI aponta que, além do impacto da decisão da UE não ser relevante em termos de volume para as siderúrgicas brasileiras, elas também podem realocar a sua produção para o mercado doméstico, “que continua a surpreender positivamente”. Neste sentido, os analistas mantêm recomendação de compra para Usiminas, com preço-alvo de R$ 12,00 e neutra para Gerdau, com preço-alvo de R$ 13,00.

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Assim, passado o susto, o mercado avalia: a notícia da União Europeia não será capaz de impedir a continuidade da visão positiva com a Usiminas. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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