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Petrobras deve ter lucro acima de R$ 1 bi, mas não anima analistas – veja o que esperar do balanço

Os menores preços de petróleo, uma redução no prêmio sobre os preços do combustível no mercado doméstico e uma queda na produção doméstica de petróleo devem guiar números mais fracos da companhia
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) divulgará o resultado do segundo trimestre após o pregão desta quinta-feira (10) – mas os números esperados não são muito animadores, na avaliação da maior parte dos analistas que divulgaram relatório prévio sobre a companhia. 

Os menores preços de petróleo, uma redução no prêmio sobre os preços do combustível no mercado doméstico e uma queda na produção doméstica de petróleo por conta de processos de manutenção devem guiar os números mais fracos da companhia. Além disso, a venda da Nova Transportadora Sudeste e a provisão com o Plano Petros – ou seja, fatores não-recorrentes – devem impactar o resultado da companhia. 

De acordo com as estimativas de analistas consultados pela Bloomberg, a Petrobras deve registrar um lucro líquido ajustado de R$ 1,186 bilhão, com alta expressiva de 220,54% na comparação anual, mas com queda de 73,34% quando comparado com os três primeiros trimestres do ano. A receita deve registrar baixa nas duas bases de comparação, enquanto o Ebitda não deve registrar um número muito animador. Confira abaixo as estimativas:

em R$ bilhões2T17E2T162T17/2T161T172T17E/2T16
Receita líquida 66,2271,32-7,15%68,37-3,14%
Ebitda 20,7620,32+2,16%25,25-17,81%
Lucro líquido 1,1860,37+220,54%4,449-73,34%
Margem Ebitda31%28%+3 p.p.37%-6 p.p.

 

Além dos fatores acima apontados para o resultado menos expressivo, os analistas do Credit Suisse também apontaram que as provisões para as disputas fiscais, com o reconhecimento de possível perda em processo judicial relacionado ao Plano Petros, além da venda da NTS (Nova Transportadora Sudeste) podem exercer pressão sobre os resultados operacionais da companhia. 

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Sobre a NTS, o Credit Suisse ressalta que, com a rede de 2.050 km de gasodutos operada a partir de abril pela Brookfield, a Petrobras tem que arcar com custos relativos à contratação de longo prazo da capacidade de transporte dessa malha. Os analistas estimam que essa despesa seja de US$ 1 bilhão por ano, a partir do segundo trimestre.

Já sobre o Petros, a própria empresa destacou em comunicado no final de junho que decidiu alterar para provável a expectativa de perda do processo judicial à repactuação do plano após a Justiça confirmar uma sentença desfavorável à estatal. A estimativa atual de impacto negativo no resultado bruto consolidado no segundo trimestre de 2017 é da ordem de 6,5 bilhões de reais, afirmou a Petrobras. 

O Credit Suisse também aponta que a nova regra de paridade trouxe uma maior exposição do resultado da companhia à variação dos preços do petróleo. A média de preços do brent ficou em US$ 51 o barril no segundo trimestre, cerca de 5% abaixo do trimestre anterior. Para os analistas do banco, isso deve levar a um impacto negativo de US$ 700 milhões em relação ao trimestre anterior para o Ebitda da companhia.

O fato da companhia continuar equilibrando o prêmio sobre o preço com a participação de mercado relativa à importação de combustíveis também deve levar a uma queda nos lucros com refino, apontam os analistas do Citi. 

Destaques positivos

Por outro lado, os analistas do Credit Suisse acreditam que o fluxo de caixa e a redução em US$ 3 bilhões da dívida líquida serão os destaques positivos do balanço. Já para o Citi, a dívida líquida deve mostrar uma melhora para R$ 361 bilhões, ante R$ 369 bilhões, também guiada pelo fluxo de caixa livre e pela conclusão da venda da NTS (foram pagos a Petrobras US$ 4,2 bilhões no fechamento da operação, de um total de US$ 5,19 bilhões). 

Além desse fator, o Citi também vê espaço para surpresas positivas por conta de gerenciamento de custos operacionais e menores investimentos versus o guidance. Neste sentido, no programa XP Connection da semana passada, o analista da XP Investimentos Marco Saravalle destacou maior otimismo que o consenso de mercado sobre os números da estatal, apontando para uma grande chance da empresa surpreender, também levando em conta o trabalho elogiado que o presidente da companhia, Pedro Parente, vem fazendo. Essa foi, inclusive, uma das recomendações de ações para comprar antes do balanço (confira a análise clicando aqui). 

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Desta forma, a maior parte dos analistas não espera o resultado como um grande catalisador – mas deixa uma janela aberta sobre eventuais surpresas positivas para a companhia. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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