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MSCI dá um bom sinal para transformação da Vale – mas não é isso que os investidores olham agora

Reposicionamento do MSCI deve ser acompanhado por fundos passivos, elevando chances de conversão das ações PN por ON - porém, no curto prazo, investidores olham para minério e para o resultado, a ser divulgado na próxima semana
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Um dos pontos de destaque da reorganização societária (vista como transformadora) da Vale (VALE3;VALE5) é a proposta de conversão voluntária de ações preferenciais classe “A” em papéis ordinários na relação de 0,9342 ON por cada ação PN (veja mais clicando aqui).  Com isso, abriu-se uma janela para os acionistas: eles tem até o dia 11 de agosto para decidir o que fazer – e é necessária a adesão de 54,09% dos acionistas preferencialistas para o sucesso da operação.  

Neste sentido, o anúncio do MSCI (Morgan Stanley Capital International) sobre as mudanças nas posições de VALE3 e VALE5 trazem uma sinalização para o mercado sobre o que esperar para esse movimento da companhia. O MSCI, cujos índices são utilizados como referência para diversos fundos passivos de investimento ao redor do mundo, diminuirá a sua exposição em papéis PNA e aumentará em papéis ON.

Veja também:
Sou acionista da Vale, e agora? O que muda para o investidor nessa nova fase da mineradora

À primeira vista, ressaltam os analistas do Itaú BBA, as mudanças são neutras para a ação, uma vez que o fator do free float embasado no valor de mercado da companhia continua o mesmo. Além disso, a expectativa é de um impacto marginal sobre o volume negociado, com possível pressão de compra equivalente a 1,3 dias para as ações VALE3 e uma pressão vendedora equivalente a 0,4 dia para os ativos VALE5. 

As mudanças estão programadas para o fechamento do próximo dia 11 de agosto (efetivando-se no próximo dia 14 de agosto) e pode haver ajuste com base nas revisões do índice trimestral da MSCI.

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Contudo, apesar do impacto ser, à primeira vista, como neutro para a Vale, o anúncio do MSCI dá uma boa indicação de sucesso na operação da mineradora, aponta o Itaú BBA. Isso porque, como muitos fundos passivos seguem o MSCI, o anúncio eleva a probabilidade de que eles convertam os papéis PN em ON até o dia 11. Desta forma, “aumenta a confiança de que a reorganização da mineradora será bem-sucedido em alcançar a conversão mínima de 54% dos preferencialistas”, apontam os analistas. 

O que os investidores estão olhando agora

A notícia de avanço na nova estrutura da Vale é positiva. Contudo, no curto prazo, outros catalisadores estão no radar, caso do minério de ferro e da expectativa pela divulgação de resultados. Neste sentido, o BTG Pactual traçou um “raio X” sobre a companhia sobre o que se atentar em um período de tempo mais curto. 

Os analistas do banco, Leonardo Correa e Gerard Roure, lembraram que, em poucos dias, o preço do minério de ferro se recuperou em 30% das mínimas (em 13 de junho, a cotação estava a US$ 53,4 a tonelada e agora está chegando a US$ 70).  “Em linha com os recentes padrões de trading, a melhora do sentimento nos mercados de futuros está exercendo efeitos positivos sobre a formação de preço spot”, aponta o BTG.

Desta forma, o panorama geral para a mineradora melhorou consideravelmente, apontam os analistas, apesar da expectativa de resultados fracos no segundo trimestre, a serem divulgados na quinta-feira da semana que vem, antes da abertura do mercado. 

“Há uma série de efeitos negativos como: 1) embarques de minério menores que o esperado; 2) preço realizado menor de minério principalmente em função dos ajustes negativos do preço provisionado e 3) desempenho muito deprimido na divisão não-ferrosa, em grande parte como resultado do desligamento de um alto forno em Sudbury impactando volumes e base de custos”, destacam os analistas. 

Esses efeitos devem contribuir para pressionar o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para baixo em 40% na comparação trimestral, para U$ 2.6 bilhões a US$ 2,7 bilhões. Por outro lado, ponderam os analistas, vários componentes dos ganhos potencialmente decepcionantes a serem revelados na próxima semana são transitórios.

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Assim, de olho nos preços do minério de ferro (a ação embute um preço do minério a US$ 55, o que os analistas veem como justo), a recomendação neutra para as ações está mantida, apesar do suporte macroeconômico no curto prazo com a alta do minério. Eles ainda destacam esperar que o acordo de governança avance de forma favorável, o que deve reduzir a intervenção governamental na mineradora. 

Assim, como o BTG Pactual, o Itaú BBA espera por resultados fracos da Vale. O analista do banco, Marcos Assumpção, falou sobre as expectativas para o balanço, para a reorganização da mineradora e para o minério de ferro no “Especial Setores” do InfoMoney, que foi ao ar na última terça-feira no InfoMoney TV. Confira a análise abaixo:

 

 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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