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Governo paulista está mais motivado do que nunca para privatizar a Cesp – mas mercado não está mais

Empresa de energia comunicou que estado de São Paulo deve seguir com privatização - mas não renovação das concessões dificulta (e muito) o processo
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Um dos principais catalisadores para a Cesp (CESP6), a sua privatização registrou mais um avanço na última terça-feira (13), quando a companhia elétrica publicou um fato relevante destacando que o Estado de São Paulo deve seguir com o processo de privatização. Contudo, ao contrário do que vinha acontecendo em meio às notícias sobre a desestatização da companhia, as ações CESP6 registram uma forte queda nesta quarta, chegando a atingir uma queda de 6,7% na mínima do pregão. Às 12h20 (horário de Brasília), os papéis registravam baixa de 4,98%, a R$ 16,03. 

Isso por conta de um detalhe bastante importante e decisivo para o futuro da companhia. Ao mesmo tempo em que afirmou que São Paulo segue o processo de privatização, a empresa destacou que não será considerada a renovação das concessões, como era anteriormente ventilado. Isso porque o estado  não conseguiu chegar a um acordo com o governo federal para uma renovação por 30 anos.

De acordo com artigo de hoje do Valor Econômico citando funcionários do estado de São Paulo, os termos propostos pelo governo federal não eram atraentes, incluindo a captação total do aumento do período prolongado de CF, além de um “bônus” adicional após a privatização. Desta forma, o processo de venda da companhia pelo estado prosseguirá mesmo sem a extensão da concessão da usina hidrelétrica do Porto Primavera (93% da capacidade total da CESP), que deve expirar em 2028.

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Após essa notícia, analistas de mercado passaram a revisar as suas projeções para a companhia após a privatização. Duas delas, o Bradesco BBI e o Credit Suisse, rebaixaram a recomendação para os papéis CESP6 de recomendação equivalente à compra para neutro, destacando a menor probabilidade de sucesso da venda da empresa em setembro. O Bradesco BBI reduziu o preço-alvo de R$ 24,00 para R$ 19,00, enquanto o Credit reduziu o preço-alvo de R$ 23,00 para R$ 20,00. Apesar da queda dos preços-alvo, eles ainda representam um potencial de valorização respectivos de 13% e 19% em relação ao fechamento da última terça-feira.

“Enquanto o Estado de São Paulo parece muito motivado para vender a empresa, reconhecemos que um ativo com apenas 11 anos de fluxo de caixa é menos atraente para potenciais compradores, que por sua vez são limitados, dado o valor elevado do ativo (valor atual do mercado de R$ 5,5 bilhões)”, destacam os analistas do Bradesco BBI.

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Além disso, há um outro fator ressaltado tanto pelo Credit quanto pelo Bradesco BBI: a competição no mercado com as usinas com concessões vencidas da Cemig (CMIG4), cujo leilão deverá ser realizado pelo governo federal ainda no segundo semestre. “As usinas da Cemig ofereceriam concessões mais longas (de trinta anos versus onze da maior concessão da Cesp, de Porto Primavera), e com menos passivos relacionados aos ativos”, apontam os analistas Vinicius Canheu e Arlindo Carvalho.

Somando-se à competição com leilão de usinas do governo federal, o Bradesco BBI também aponta possíveis problemas, tais como: (i) um reembolso ainda pendente do valor dos ativos não depreciados da usina hidrelétrica de Três Irmãos (de cerca de R$ 3,0 bilhões); e (ii) cerca de R$ 3,4 bilhões em provisões potenciais (passivos possivelmente ainda não contabilizados).

Além disso, eles observam que a deterioração do ambiente político no Brasil é uma preocupação para os potenciais compradores e a janela (seis meses até o final de 2017) para que o estado realize a privatização seja bastante curta. Segundo os analistas, a privatização durante o ano eleitoral de 2018 é improvável. Desta forma, o preço-alvo dos analistas do Bradesco BBI refletem um cenário ponderado de probabilidade de: 50% de chance de privatização da Cesp, implicando um valor justo de R$ 24,00) e 50% de chance da empresa permanecer como estatal, levando a um valor justo de R$ 14,00. O preço-alvo anterior, de R$ 24,00, atribuía o valor total da privatização sem extensão de concessão.

O Credit Suisse, por sua vez, aponta ver algum potencial de valorização para a Cesp, embora limitado, já que a companhia ainda oferece para um potencial comprador três possibilidades: i) um uso acelerado de créditos fiscais, ii) aumento de alavancagem financeira; e iii) uma abordagem menos conservadora em relação às provisões atualmente no balanço da companhia.

Desta forma, o mercado segue vendo uma expressiva probabilidade de privatização da companhia. Porém, em meio à não renovação das concessões, os prognósticos para a venda não animam tanto o mercado. 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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