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JBS dispara até 9% com venda de ativos, mas é outra empresa que desponta como “grande vencedora”

Acordo ganha-ganha: JBS e Minerva disparam na B3 após negócio de US$ 300 milhões
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – No Insight do Dia de 26 de maio, lançamos a seguinte pergunta: quem seria a grande vencedora com a crise pós-delação (ou, mais precisamente, acordo de leniência) da controladora da JBS? Analistas divergiam entre a Minerva (BEEF3) e a BRF (BRFS3), por diferentes motivos (veja mais clicando aqui). Dentre eles, a expectativa pela venda de ativos pelas empresas do grupo em meio ao acordo e de absorção de fatia do mercado por outras marcas com o efeito da crise do nome da JBS para o consumidor final. 

E, nesta terça-feira, um dos primeiros efeitos da crise na JBS no mercado de carnes em geral apareceu com força. Nesta terça-feira, antes da abertura da B3, a companhia informou ter realizado um acordo para a venda por US$ 300 milhões da totalidade das ações de suas subsidiárias detentoras das operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para subsidiárias da Minerva nos respectivos países, no primeiro negócio após a delação dos controladores da JBS. A aquisição ocorrerá por meio das subsidiárias da Minerva Frigomerc, Pul Argentina e Pulsa. 

A JBS comunicou que pretende utilizar os recursos obtidos com a transação para diminuir sua alavancagem financeira. A empresa terminou março com dívida líquida de R$ 47,8 bilhões. Em termos de alavancagem financeira, esse número equivalia a 4,2 vezes o Ebtida de 12 meses.

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Já a Minerva apontou que a aquisição das subsidiárias da JBS “constitui oportunidade estratégica de complementação das operações do Grupo Minerva e representa mais um passo em sua diversificação geográfica na América do Sul”. O frigorífico apontou que, após a conclusão da operação, o grupo passará a ter uma capacidade total de abate de 26,380 mil cabeças por dia. Após a notícia, as duas ações registram fortes ganhos na Bolsa, com os ativos BEEF3 em alta de até 6,3% e os papéis JBSS3 chegando a subir 8,92%. 

Conforme destaca o Itaú BBA, em sua primeira leitura, o anúncio é muito positivo para a Minerva e ligeiramente positivo para a JBS. 

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Para a Minerva, o negócio pode adicionar 9% ao valor do ativo e adicionar entre 20% e 30% aos valores consolidados do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da empresa, com impacto limitado sobre a alavancagem em 2018. Além disso, se as margens argentinas melhorarem nos próximos anos, gerando uma margem média maior do que os 7% precificados, o potencial de alta pode ser ainda maior.

Em teleconferência, a Minerva apontou que a transação foi feita com preço justo e vê sinergia de 2% do faturamento das unidades compradas, a serem capturas em 3 a 4 trimestres. Além disso, a gestão da companhia destacou que a alavancagem está em nível ainda confortável após a compra. 

Quanto a JBS, o Itaú BBA aponta que a venda foi por um valor um tanto modesto e que a redução das perspectivas para o Ebitda com a venda é de cerca de 2% do consolidado. Contudo, eles ressaltam: “acreditamos que o mercado se concentrará mais na direção positiva, que é a venda de ativos para melhorar o perfil de caixa e menos na venda barata”. 

Outra notícia positiva, mas…

Além da venda de ativos, o mercado se anima com outra notícia positiva para a JBS: a versão final do tão polêmico acordo de leniência da J&F conseguiu aliviar ainda mais nos últimos dias o esforço financeiro a ser feito pelo grupo para fazer frente à multa de R$ 10,3 bilhões aplicada pelo MPF. Nas negociações em torno dos termos finais do acordo, os procuradores acabaram aceitando o pedido da empresa por redução das primeiras prestações da multa, o que deixou as parcelas mais pesadas para 2020 adiante. 

Antes disso, já tinham conseguido trocar o indexador da multa – da Selic para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) – e um desconto de quase R$ 900 milhões em relação ao cobrado no início das negociações: R$ 11,17 bilhões (veja mais clicando aqui). Além disso, no acordo, a J&F ressaltou que o pagamento de R$ 10,3 bilhões do acordo será exclusivamente pela controladora, “resguardando os acionistas minoritários e a JBS de qualquer impacto financeiro decorrente do acordo, garantindo assim que os negócios da companhia prossigam em seu ritmo normal”.

Desta forma, o mercado se anima com as notícias recentes sobre a JBS, mas o cenário segue nebuloso. Conforme destacou o Bank of America Merrill Lynch em relatório na semana passada (logo após o anúncio do fechamento do acordo de leniência), o valuation da JBS segue pressionado por riscos e incertezas.

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Entre outros fatores de risco, estão os processos no Brasil e nos EUA, já anunciados ou que podem ocorrer, possíveis questões sobre ágil artificial gerado na fusão da empresa com o Grupo Bertin, processos instituídos pela CVM (como uso de informação privilegiada para comprar dólar antes da divulgação da delação), além da notícia de que seis estados estão fazendo um pente-fino nas operações da companhia, conforme destacado pelo Estadão no final do mês passado. Além disso, um possível overhang (ou excesso de ações no mercado) caso os controladores vendam papéis da JBS para pagar as multas também estão no radar. 

Assim, os analistas seguem de olho em outros papéis do mesmo setor – e a Minerva, como já se previa, mostra-se como uma das vencedoras. Ao mesmo tempo, mesmo com as notícias positivas, todo o cuidado parece pouco com a JBS.  

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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