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De campeã nacional a alvo constante da PF, JBS vira “ativo de alto risco” para o mercado

Apesar da visão positiva para as operações da JBS mesmo em meio ao balanço fraco, o noticiário "policial" segue afetando o desempenho da companhia na bolsa
Por  Lara Rizério
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SÃO PAULO – Os últimos dias não foram nada fáceis para uma das chamadas “campeãs nacionais”, a controversa JBS (JBSS3).

Em apenas três sessões, uma enxurrada de notícias negativas abalou a gigante do setor frigorífico. Na última sexta-feira, foi deflagrada a Operação Bullish, mais uma das séries de operações que investigam o grupo J&F. Assim, desde o dia 12, os papéis já caíram cerca de 15%

A operação realizada na semana passada investiga supostas irregularidades no repasse de R$ 8,1 bilhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e, de acordo com o TCU, a instituição teve um prejuízo de R$ 711,3 milhões com operações  de compra de ações e debêntures (títulos de dívida) do grupo. Já na terça, o banco de fomento constituiu uma comissão de apuração interna para avaliar todos os fatos relacionados às operações realizadas pelo sistema BNDES com a companhia. 

A Polícia Federal já colocou a J&F, dona da JBS, como alvo outras vezes. Em janeiro, foi deflagrada a Cui Buono, que apurou suspeitas de irregularidades de pagamento de propina na liberação de financiamento de R$ 4,3 bilhões da Caixa Econômica Federal para empresas, entre elas as da holding J&F. Já em julho do ano passado, a PF realizou outra operação de busca na sede da J&F, na Eldorado.

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Em setembro, houve a Greenfield, que investigou desvios de R$ 8 bilhões nos fundos de pensão Funcef, Petros, Previ e Postalis. À época, os irmãos Joesley e Wesley Batista foram alvos de conduções coercitivas à sede da PF. Assim como ocorreu na Bullish, Joesley estava fora do País. Na época os irmãos foram afastados no comando da companhia,  mas logo em seguida retomaram o controle após firmarem um acordo com o Ministério Público Federal. O acordo firmado previa o pagamento em juízo de R$ 1,5 bilhão. 

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A JBS foi ainda citada na Operação Carne Fraca, divulgada em março deste ano que investigou corrupção e fraudes envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e empresários e funcionários de frigoríficos e empresas de carnes processadas. Com tantas operações, diversos jornais e revistas já noticiaram que a J&F está em tratativas para acordo de leniência, enquanto os donos do grupo buscam fazer delação premiada. 

Os efeitos práticos da operação

Essas e outras investigações vêm pressionando a ação da companhia desde outubro de 2015 e, mais do que isso, os efeitos práticos delas são sentidos nos planos e nos números da companhia. 

As investigações prometem adiar os planos de um dos maiores catalisadores para a companhia: a abertura de capital da subsidiária JBS Foods nos EUA. A perspectiva era de que o IPO ocorreria no segundo semestre e, apesar de ainda nutrir esperanças, a sinalização da companhia em teleconferência na última terça-feira foi de que a operação pode não ocorrer esse ano.  

Por decorrência da Bullish, a Justiça determinou que os controladores da companhia não podem realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa. Porém, no call,  o presidente da JBS, Wesley Batista, apontou que a decisão não cria problema para seguir adiante, uma vez que ela mira uma reestruturação de forma substancial, mas não a listagem de subsidiária, aquisições ou desinvestimentos. Desta forma, Batista destacou que o IPO pode ocorrer no segundo semestre, mas ponderou: a abertura de capital só deve ser feita se gerar valor aos acionistas. 

Assim, em meio às incertezas sobre as investigações e a abertura de capital, o Itaú BBA reduziu a recomendação para as ações da JBS, de outperform para market perform na última terça com um preço-alvo de R$ 16,00. “Nós não vemos razão para comprar a ação neste ponto, apesar do valuation atrativo. Na nossa visão, há falta de catalisadores, especialmente com o IPO da JBS Foods mais distante à luz das manchetes recentes”, afirmam os analistas.

As falas de Wesley Batista sobre o IPO e a redução de recomendação pelo Itaú BBA ocorreu após o balanço do primeiro trimestre da companhia, divulgado na noite de segunda-feira e que não agradou o mercado. A JBS apresentou um balanço fraco, com destaque para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) cerca de 20% abaixo do consenso dos analistas. Somado a todas as incertezas, as ações caíram mais de 8% no pregão da última terça-feira.

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A surpresa negativa veio da divisão da carne bovina Mercosul, que foi afetada pela “Carne Fraca” e pela variação cambial, apontam os analistas do Bradesco BBI Gabriel Lima e João Pedro Soares. Por outro lado, o destaque positivo ficou com a recuperação da divisão dos EUA, com a margem Ebitda melhorando para 3,7% ante margem negativa de um ano atrás, sendo beneficiada de um ciclo de gado favorável. Além disso, as operações americanas estão expandindo as exportações, impulsionadas pela maior demanda vinda do Japão e Coreia do Sul.  

Neste sentido, o Bradesco BBI está otimista com o papel. Os analistas acreditam que o fraco balanço seja temporário, uma vez que as operações da JBS já se normalizaram desde o dia 18 de abril, enquanto os números do período confirmaram a expectativa positiva para a USA Beef.

Com isso, os analistas do banco seguem com recomendação de compra para os ativos e preço-alvo de R$ 17,00, apontando que a ação está negociando com um desconto de 20% em relação aos níveis históricos de EV/Ebitda(EV = Enterprise Value, que é a soma do valor de mercado com a dívida líquida sobre o Ebitda). 

Contudo, outra casa de análise que compartilha a preocupação do Itaú BBA é o Bank of America Merrill Lynch que, além de destacar os fracos resultados, apontou os riscos crescentes de governança corporativa e para o IPO da JBS Foods, limitando uma reclassificação dos papéis. Os analistas do banco seguem com recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de R$ 12,20 por ação JBSS3. 

Em meio a tantas turbulências, os analistas continuam a ver valor para a companhia. Contudo, a cada nova operação da PF, o mercado revisa as suas projeções, ainda mais quando o assunto é o IPO da JBS Foods. Desta forma, as próximas decisões da Justiça podem ser essenciais para determinar o futuro da empresa na bolsa. 

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(Com informações da Reuters e da Agência Estado) 

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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