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Quando o ruim acaba sendo bom: veja por que o BB subiu 5% na bolsa após o resultado “fraco”

Números do primeiro trimestre não empolgaram, mas futuro promete ser mais positivo 
Por  Lara Rizério
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Resultados mistos, considerados “fracos”, mas como o esperado. Apesar dos números apresentados pelo Banco do Brasil (BBAS3) serem vistos com certa “parcimônia” pelos analistas, eles empolgaram o mercado e a ação BBAS3 subiu até 4,5% na B3 na quinta-feira (11) pós-divulgação do balanço.

A alta continua nesta sexta-feira (12) e os papéis do BB, que estão na Carteira InfoMoney desde abril, acumulam ganhos de 12% nos últimos 30 dias.

O banco de capital misto (uma parte pública e outra privada) anunciou um lucro ajustado de R$ 2,5 bilhões entre janeiro a março, alta de 95,6% ante mesma etapa de 2016, mostrando que a sua campanha de corte de custos e redução de provisões para perdas está surtindo efeitos.

Contudo, do lado negativo, a retração no crédito contribuiu para um salto no índice de inadimplência: o índice de atrasos superiores a 90 dias atingiu 3,89%, forte aumento frente os 2,59% de um ano antes. Apesar disso número, a queda de 26,6% na provisão para perda com calotes indica a expectativa do banco de melhorar a sua carteira nos próximos meses. 

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Conforme destaca o BTG Pactual, os empréstimos caíram mais que o esperado, o que impactou margem financeira,  mas a gestão do banco fez “um bom trabalho em controle de custo, o que salvou o dia”. Os analistas Eduardo Rosman e Thiago Kapulskis,  que assinaram o relatório do BTG, apontam que os “investidores e analistas estavam muito preocupados com a chance de maiores provisões para calotes terem maior impacto no resultado final. Porém, isso não aconteceu”.  

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O CEO do BB, Paulo Caffarelli, apontou, durante fala a jornalistas após divulgar o resultado, que o índice que mede o perfil da arteira pode registrar alguma oscilação neste trimestre, mas deve se estabilizar na segunda metade do ano. Isso em decorrência da retomada da carteira com a perspectiva da retomada da economia. O BB também está concentrando as suas operações de melhor qualidade, como consignado e imobiliário no varejo, e de operações com recebíveis, para empresas médias e pequenas, disse o CEO.

ROE em dois dígitos novamente

Alguns números já mostraram a melhora do banco, caso do ROE (Retorno sobre o patrimônio líquido) que voltou a casa dos dois dígitos, o que foi destacado pelo Credit Suisse. 

“Acreditamos que os resultados do Banco do Brasil reforçaram nossa tese de turnaround operacional, com a melhora da qualidade de ativos. (…) Os resultados seriam ainda melhores se não fosse pelo efeito negativo do calendário, que impactou negativamente os números em mais de R$ 400 milhões”, apontam os analistas do CS.

Eles reiteraram a projeção de lucro líquido de R$ 11,5 bilhões para 2017 e a recomendação “outperform” para as ações (similar a compra), atribuindo um preço-alvo de R$ 39 – upside de 17% em relação ao fechamento dos papéis na sessão pré-resultado. O BB seguirá reduzindo o hiato de rentabilidade para os pares do setor privado e melhorando a geração de capital orgânico, afirmam os analistas.

Completam a lista de otimistas com o banco brasileiro as equipes do Deutsche Bank e Santander, ambos com recomendação equivalente à compra para o papel BBAS3 e preços-alvo respectivos de R$ 39,00 e R$ 40,00. 

De acordo com os analistas Tito Labarta e Kaila Lopez, do Deutsche, o BB é negociado com um múltiplo “P/L (preço/lucro)” projetado para 2017 de 8,7 vezes, o que mantém o valuation atrativo. Já os analistas do Santander destacam que o sinal que já havia sido emitido pela gestão do BB de que o 1º trimestre do ano seria fraco e uma melhora da rentabilidade ocorreria só na segunda metade.

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O “menos otimista”
O BTG Pactual, por sua vez, mantém a recomendação neutra para os ativos com preço-alvo de R$ 32,00. Embora tenham visto mais pontos positivos do que negativos, os analistas do BTG disseram que ainda “precisam ouvir” mais a gestão sobre o que esperar da qualidade dos ativos nos próximos períodos. “A alta inadimplência nos próximos trimestres pode levar a um menor espaço para as provisões caírem”, escrevem.

“Como lembrete, o BB tem um guidance de lucro entre R$ 9,5-12,5 bilhões em 2017. Nós temos R$ 12 bilhões em nosso modelo e o consenso é de R$ 11,4 bilhões. Anualizando o primeiro trimestre, atingimos R$ 10 bilhões – o que significa que os resultados devem acelerar nos próximos trimestres. Mas de qualquer forma, parece justo assumir que o guidance será atendido no final do ano”, afirmam Rosman e Kapulskis, do BTG. 

Desta forma, as estimativas para o banco são bastante otimistas – mas os analistas de mercado seguirão bastante atentos sobre os dados de qualidade de ativos e de provisões para reajustarem as suas estimativas para a companhia.   

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Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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