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Da esperança à decepção: os 6 capítulos do reajuste da Sanepar – e o triste desfecho desta 4ª

Decisão final sobre a Sanepar aconteceu nesta quinta-feira - e não agradou o mercado
Por  Lara Rizério -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – Após quase cinco meses de muita expectativa, a “novela” da Sanepar (SAPR4) finalmente chegou ao fim, mas sem um final feliz para a maior parte dos investidores. que colocaram as suas “fichas” no reajuste tarifário da empresa paranaense.

O que era para ser um reajuste tranquilo acabou se tornando um processo turbulento para os acionistas, ainda mais com a divulgação da revisão preliminar da Agepar (Agência Reguladora do Paraná), que propôs um diferimento de oito anos e um reajuste inicial de 5,7%, no início de março. E, nesta quarta-feira, a decisão final de diferimento por oito anos – um dos grandes motivos para a ação ter caído no último mês – foi confirmado pela agência. Por outro lado, o reajuste inicial será maior do que o proposto na revisão preliminar: de 8,53%, ante 5,7% do anúncio anterior. No total, a revisão será de 25,63%, com esse reajuste de 8,53% e o diferimento entre 2018 e 2024 de 2,11% ao ano corrigido pela Selic.

A decisão não foi bem vista pelo mercado – e as ações reagiram fortemente. Minutos depois da decisão, no final da manhã, os papéis da estatal paranaense chegaram a cair 8,26%, entraram em leilão e amenizaram as perdas no início da tarde. Às 14h36 (horário de Brasília), os papéis tinham queda de 5,22%, a R$ 10,90.

Contudo, de acordo com um gestor ouvido pelo InfoMoney, a decisão não foi negativa para a estatal; aliás, foi até um pouco melhor do que se esperava. Porém, de acordo com ele, é compreensível a reação negativa do mercado: a ação só subiria, na visão dele, caso o diferimento fosse de quatro anos. Contudo, ele destaca o valuation atrativo e a grande assimetria do papel (o que em parte justifica as perdas mais amenas após o susto com a decisão da agência reguladora). Segundo analistas de mercado, a ação da companhia precifica atualmente o pior cenário, em que o reajuste não ocorreria pelos próximos sete anos.

Porém, mesmo com a visão de que a ação está barata, a Carteira InfoMoney, que acompanha de perto o papel desde o mês passado, reduzirá a fatia na ação da companhia para uma posição bastante residual. Isso porque o motivo fundamentalista que fazia com que a ação seguisse na carteira, o  chamado “call do reajuste tarifário” não deu certo, conforme aponta Thiago Salomão, responsável pelo portfólio recomendado, A nova ação que entrará no portfólio será revelada para os alunos do curso “Como Montar Uma Carteira de Ações Vencedora” no grupo do Facebook e será revelada ainda esta semana no InfoMoney.

Confira abaixo os 6 capítulos da história da Sanepar:

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Capítulo I – dezembro de 2016: oferta de ações de R$ 1,98 bilhão

A Sanepar conclui no final de dezembro uma oferta de ações que movimentou R$ 1,98 bilhão, a segunda maior operação do ano passado, operação essa que veio exclusivamente do mercado de capitais. Durante o roadshow da sua oferta pública, a estatal mostrou uma visão positiva sobre reajustes tarifários, destacando que em períodos anteriores já houve reajustes de 14% e 16% em anos consecutivos, o que solidificou a visão positiva para a empresa.

Capítulo II – fevereiro de 2017: ânimo com a revisão tarifária

Após o “re-IPO”, as ações da Sanepar chamaram ainda mais a atenção do mercado. Do dia 20 de dezembro até o final de fevereiro, os papéis saltaram 55%, chegando aos R$ 14,95 (ou 62% de alta) em meados do mês, com muitas visões positivas sobre a ação. A confiança se dava principalmente pelo processo de revisão e os analistas do Bradesco BBI se mostraram como um dos principais entusiastas. A equipe destacou durante o mês cinco motivos para comprar Sanepar e não a paulista Sabesp e apontou que o populismo parecia ter ficado para trás para as ações de saneamento. A oportunidade parecia ser tão positiva que se destacou: compre agora ou lamente depois. A ação também entrou na carteira InfoMoney do mês de fevereiro.

Capítulo III – 8 e 9 de março de 2017: da euforia à decepção

Os dias 8 e 9 de março mostraram que o processo não seria tão tranquilo como o mercado estava esperando. Os rumores de que haveria um diferimento de 8 anos abalaram os investidores e fizeram as ações caírem mais de 6% no dia 8. Mas o pior estaria por vir: a confirmação do diferimento longo e o primeiro reajuste baixo afugentou o mercado das ações no dia 9, com o cenário piorando ainda mais com a “call atrapalhada” da Sanepar, que mostrou que a empresa parecia pouco disposta a lutar pelo reajuste. A queda naquela sessão foi de 17,71%.

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Apesar de ver a queda como exagerada, os analistas e gestores não esconderam a decepção com o anúncio e apontaram algumas sugestões para a empresa, muitas delas tratadas durante o período de consulta pública, que aconteceu até o último dia 22 de março.

Capítulo IV – semana final da Sanepar: da desistência à esperança

A montanha-russa de emoções para os investidores se seguiu nesta última semana para a companhia. Na última segunda-feira, o presidente da Sanepar praticamente enterrou as chances de lutar por melhores condições de reajuste em entrevista ao Valor. Mounir Chaowiche afirmou que, após a decisão surpreendente da Agepar de parcelar em oito anos o reajuste de 25,6% de tarifa da estatal de saneamento, a empresa decidiu que não vai se manifestar contra a determinação nos períodos de audiência e consulta públicas para discutir o processo de revisão tarifária. Com isso, o dia 20 marcou mais um dia de derrocada dos papéis, que fecharam em queda de 7,5%.

Porém, nos dias seguintes, a própria Sanepar divulgou dois comunicados apontando que iria sim lutar por melhores condições de reajuste, sendo os principais pontos o menor diferimento e tarifa inicial mais alta, o que animou o mercado e fez com que as ações subissem por três dias seguidos.

Capítulo V – 24 de março: audiência pública – considerada positiva
No dia 24 de março, numa sexta-feira à noite, foi realizada a audiência pública da companhia em Curitiba para que população, acionistas, investidores, políticos e órgãos reguladores pudessem expor seus argumentos sobre qual deve ser o veredicto final sobre o reajuste tarifário a ser implementado para a companhia paranaense de saneamento para os próximos anos. De acordo com os participantes do evento que foram ouvidos pelo InfoMoney na época, a audiência foi bem melhor que o esperado – e reacendeu as esperanças sobre o processo.

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Capítulo VI – o capítulo final: a decisão da Agepar

Após quase três semanas de muita apreensão, finalmente, a decisão da Agepar ocorreu – e não agradou o mercado.

Os conselheiros da Agepar optaram por um reajuste de 25,63% com a aplicação do percentual de 8,53% para 2017, com o diferimento em mais 7 anos, aplicando-se assim, de forma linear 2,11% corrigidos pela Selic, a ser aplicado concomitantemente ao reajuste anual. A agência também aprovou a alteração da estrutura tarifária, com a redução do consumo mínimo faturável, de 10 metros cúbicos para 5 metros cúbicos e ainda com o incremento de novas faixas de consumo.

Com isso, o mercado reagiu negativamente à notícia, ainda mais levando em conta o diferimento de oito anos – o que eleva o risco político para as revisões tarifárias dos próximos anos.

Lara Rizério Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.

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