Transparência dos gestores é trunfo brasileiro entre investidores estrangeiros

Participantes do Brasil Investment Summit identificam vantagens dos fundos brasileiros na atração de capital estrangeiro

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – O otimismo global em relação à economia brasileira não é novidade. Em meio a fortes projeções de crescimento do País, o interesse dos investidores estrangeiros é colocado em foco – afinal, esse fluxo de capital é significativo para o funcionamento do mercado de capitais doméstico.

Em seu terceiro dia, o Brasil Investment Summit propôs uma pergunta a cinco investidores estrangeiros – alguns com posições no País, e outros à procura de boas oportunidades: porque o investidor estrangeiro escolhe alocar seu capital no Brasil?

“O que queremos saber, basicamente, é quanto o desempenho do país vai nos ajudar a superar a performance dos índices de mercados emergentes”, afirmou Sally Staley, chefe de investimentos da Case Western Reserve University.

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Já Nirav Desai, do Sparta Group, destacou a alta qualidade dos gestores brasileiros, “muito melhor do que em outros países emergentes”. Para ele, a transparência dos gestores traz mais segurança ao investidor estrangeiro e é um fator chave na hora de escolher onde investir.

“A transparência não deveria ser subestimada”, explicou Desai. “China e Índia perdem nesse sentido – muitas vezes, os gestores não revelam aos investidores as posições do fundo, por exemplo”. A diferença cultural também pesa contra China e Índia.

Desai frisou ainda que os gestores brasileiros são focados tanto em sua estratégia quanto em seu público-alvo – outro ponto positivo para o Brasil. “O foco é realmente impressionante, assim como a maneira que os investidores espelham os passos dos EUA em relação à transparência”, completou Paul Krager, do Twin Focus Capital Partners.

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Gargalos
Apesar do cenário bastante positivo para o País, os participantes apontaram alguns dos gargalos para investimentos no Brasil. “Ficamos interessados em diversas estratégias, mas os gestores estão sobrecarregados e não conseguem nos receber”, explicou Karger, ressaltando ainda que muitos dos gestores do País ainda não oferecem a infraestrutura exigida por investidores estrangeiros para alocação de capital.

Outras justificativas para optar por não investir com determinado gestor são menos específicas – ou seja, não se referem somente ao mercado brasileiro, mas servem para nortear qualquer decisão por parte dos investidores estrangeiros. “Mudanças drásticas de estratégia ou pessoal e teimosia em não ouvir os investidores tendem a desanimar”, disse Staley.

Mudanças de estratégia podem, é claro, ser explicadas por um reajuste do fundo para obter melhores retornos. Aqui, entra em foco novamente a transparência. “Antes de mudar a estratégia do fundo, o gestor deve conversar com os principais investidores – alguns podem decidir permanecer com ele e outros podem mudar para outro gestor que lhes ofereça a exposição que eles desejam”, explicou Desai. “Os gestores não podem tentar esconder os erros – é preciso reconhecê-los e aprender com eles”, ressaltou Jay Jogelkar, do grupo Rising Tide.