SCPC: 59% das pessoas estão inadimplentes por causa de desemprego

Em setembro do ano passado, a falta de emprego era apontada como motivo de não pagamento de dívidas para 54% das pessoas

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Mais da metade das pessoas (59%) entrevistadas na hora do atendimento no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) revelaram que tem seu nome incluso no cadastro porque estão desempregados ou tem algum familiar nesta situação.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (28), pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O desemprego foi o motivo apontado por 51% dos entrevistados inadimplentes em março deste ano, ante 54% em setembro do ano passado.

Modalidades de pagamento

A pesquisa detectou que os cheques foram a principal forma de pagamento que causou a inadimplência, com 35%. Em seguida vieram os carnês (34%), cartões de crédito (18%) e empréstimos em bancos e financeiras (13%).

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Segundo o superintendente de economia da ACSP, Marcel Solimeo, nos últimos meses, o cartão de credito é a modalidade que apresenta maior crescimento de inadimplência. “Entre as pessoas que estão negativas, tanto no SCPC quanto no UseCheque, 65% tiveram seus nomes incluídos primeiro no cadastro do serviço de proteção ao crédito”.

Empréstimos consignados

Pagar dívidas e ajudar a família, estes são os destinos dos empréstimos consignados adquiridos por 65% e 12% dos entrevistados, respectivamente. De acordo com Solimeo, metade das pessoas ouvidas que fizeram o empréstimo disse que o mesmo os levou à inadimplência.

“O fato é que grande parte fez o empréstimo para quitar outras dívidas. Provavelmente a maioria deles possuía um desequilíbrio financeiro anterior à tomada do crédito consignado, o qual se agravou com a redução da sua renda líquida”, disse o economista.

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Cheques

O economista explica que os consumidores escolhem a modalidade em que as conseqüências da inadimplência são menos imediatas, quando não conseguem pagar todas as contas na data de validade.

O cheque se torna a última opção, neste caso, já que o encerramento da conta é feito imediatamente.

Pesquisa

Os dados da pesquisa coincidem com o aumento do desemprego revelado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em agosto de 2006, que foi de 10,6%, ante 9,4% em mesmo período do ano passado.

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O estudo ainda revela que, para quitar as dívidas, as pessoas ainda recorrem ao corte de gastos. “Esse é um bom exemplo que deveria ser copiado pelos governos para ajustarem suas finanças”, declarou Solimeo.