Marc Faber dá 3 razões para acreditar que o mercado dos EUA está prestes a implodir

Para o investidor suíço, conhecido como "Dr. Apocalípse", EUA vão seguir queda dos emergentes, Oriente Médio se tornará um "desastre" e taxa de juro vai continuar baixa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Se você quiser uma perspectiva mais branda sobre o mercado, é melhor não escutar o que Marc Faber tem a dizer. Famoso por prever a estagnação japonesa – algo impensável durante a década de 1980 -, o célebre investidor suíço acredita que uma grande correção está prestes a ocorrer no mercado norte-americano. 

“Na minha visão, nos veremos o S&P 500 (o principal índice acionário norte-americano) voltar para os níveis de novembro de 2012 – quando era cotado por volta de 1.343 pontos”, disse Faber, conhecido como o “Doutor Apocalípse”. No geral, ele considera que “é melhor vender ações do que comprá-las” neste momento. A projeção de Faber representa um recuo de 18,7% no S&P 500 em relação ao pregão da última quarta-feira, quando fechou a 1.640 pontos.

Na última terça-feira, em seu programa na CNBC “Futures Now”, Faber apontou três razões para essa visão “bearish” do mercado (termo em inglês que faz referência a forma que o urso, “bear”, ataca suas presas: usando suas patas para suforcar o animal em direção ao solo, ou seja, criando a ideia de uma tendência de baixa). Confira abaixo:

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Razão nº 1: os EUA vão seguir a queda dos mercados emergentes

Não tem sido um período fácil para os emergentes. Em um mês e meio, o iShares MSCI Emerging Markets ETF (que acompanha os papéis middle e large caps dos mercados emergentes) perdeu cerca de 20% do seu valor. Isso fez com que as bolsas dos EUA mostrassem um bom desempenho no período. Entretanto, Faber não acredita que isso deve durar. Para ele, as ações norte-americanas podem ser prejudicadas por sua opulência relativa. 

“Quando os mercados emergentes vão mal, e o S&P 500 sobe, os gestores dizem: ‘eu quero comprar S&P 500 próximo a máxima, ou vou me aventurar nos mercados emergentes que estão 50% abaixo de suas máximas, como Índia e Brasil e outros?’ Então você compreende que o dinheiro pode migrar de volta aos emergentes”, disse Faber.

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Razão n° 2: o Oriente Médio vai se tonar um “desastre”

Outra ponto que ele leva em consideração é que, recentemente, os mercados têm sido atingidos por preocupações sobre uma invervenção militar dos EUA contra a Síria. Na última terça-feira, os principais índices acionários norte-americanos perderam metade do que ganharam no dia quando o presidente republicano da Câmara dos Representantes, John Boehner, disse que apoiria o plano de Barack Obama de lançar uma operação militar contra o país. Mas, segundo Faber, nós ainda não vimos nada. 

“O Oriente Médio é um barril de pólvora, e ele vai pegar fogo, pois as potências imperialistas ainda vão se intrometer nos assuntos locais”, disse. “Isso vai ser um desastre”, complementa.

Razão n° 3: vai ser mais difícil ver uma alta na taxa de juro

Antes da Síria se tornar preocupação para o mercado, o foco estava basicamente na taxa de juro norte-americana. Embora o Fed tenha mantido a taxa básica de juro a patamar historicamente baixo, “a taxa dobrou nos Treasuries de 10 anos desde julho de 2012, apesar das compras desenfreadas de títulos realizadas por Ben Bernanke desde setembro de 2012”, disse Faber.

O que isso significa para o mercado? Faber explica que “as taxas de juros não são estão em uma longa ‘tailwinds’ (termo em inglês que descreve uma situação de alta), mas agora são ‘headwind’ (termo que significa exatamente o oposto, ou uma situação cada vez mais difícil para alta)”, declarou o investidor suíço, acrescentando que os yields dos Treasuries vão cair ainda mais. Faber defende a compra de títulos como um negócio seguro, pois acredita que depois que os mercados caírem, as preocupações com a deflação virão à tona. 

“Nós subimos quase 70% em dois anos, e é visto crescimento econômico nos últimos quatro anos”, disse. E com os mercados emergentes “em uma bagunça”, o Oriente Médio extremamente volátil e os yields dos Treasuries em alta, “para onde os ganhos estão indo?”, questiona. Claro que é uma pergunta retórica e Faber acredita que pelo tempo que o mercado está na mesma linha do seu pensamento, vai haver uma correção de, ao menos, 20%.