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Logística, a carta na manga na fusão Hermes Pardini e Fleury

Diariamente é percorrida uma distância equivalente a 2,3 voltas à Terra para coletar materiais - de carro, barco, bicicleta e drone

Lucinda Pinto

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Na quinta, dia 3 de agosto, o grupo Fleury divulga seu primeiro resultado com as operações combinadas de Fleury e Hermes Pardini – o Cade aprovou a união em abril deste ano. Analistas esperam que o resultado confirme o sucesso da estratégia de fusão e que o Ebitda do segundo trimestre já capture sinergias. A maior delas não está em tubos de ensaio ou em equipamentos de imagem. Os ganhos de logística são a maior alavanca da nova empresa combinada, cerca de dois terços Fleury e um terço Pardini.

A operação logística é nevrálgica para a estratégia do grupo Fleury de ampliar seu alcance nacionalmente. Daí a valiosa complementaridade com o grupo Hermes Pardini vinda da fusão concluída em abril deste ano. “Você não precisa que cada pessoa se desloque para o grande centro. Você desloca a amostra”, afirma a CEO da companhia, Jeane Tsutsui.

Todos os dias, 250 carros e 140 motos circulam entre mais de 2.200 municípios do país para realizar a primeira etapa do processo de análise clínica dos laboratórios do grupo: a coleta das amostras. São 93 mil quilômetros percorridos diariamente – o equivalente a 2,3 voltas ao redor da Terra -, para transportar uma carga ultrassensível, que será a base para diversos exames, de diferentes níveis de complexidade. As amostras exigem que os trajetos sejam percorridos com rapidez e perfeitas condições de armazenamento.

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Para resolver de forma ainda mais eficiente o gargalo logístico em algumas regiões, está em teste o transporte das amostras por meio de drones. (Foto: Divulgação)

Na logística, o Fleury ganhou muito com o Hermes Pardini. A forte atuação do Pardini no segmento B2B, com atendimento a 7 mil laboratórios, impôs o desenvolvimento ao longo dos anos de uma estrutura com variedade de rotas e modais.

Com a junção ao Fleury, essa estrutura passa a ser utilizada por todo o grupo. “É interessante como, nos corredores do Fleury, termos característicos de empresas de transporte, como modais, passaram a fazer parte de importantes conversas”, diz um dos diretores.

O aproveitamento da estrutura logística do Pardini é central para compor a sinergia que a fusão entre a segunda e a terceira maiores empresas do setor de medicina diagnóstica proporcionou, calculada entre R$ 200 milhões e R$ 220 milhões de Ebitda incremental. No momento da fusão, a margem Ebitda do Hermes Pardini estava entre 21% e 22% e a do Fleury, de 26% a 27%.

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O principal modal, como é de se esperar, é o rodoviário. Mas muitas vezes é preciso atravessar um rio ou uma floresta para buscar as amostras e, nesses casos, é preciso incluir também a conexão por barco, moto ou bicicleta.

“A gente precisa de rapidez. Na região amazônica, por exemplo,  só o barco não é eficiente para atravessar o rio, então tem o embarque da bicicleta”, explica  Roberto Santoro, ex-presidente do Pardini e atual presidente da Unidade de Negócios “Lab-to-Lab”.

Para resolver de forma ainda mais eficiente o gargalo logístico em algumas regiões, está em teste o transporte das amostras por meio de drones. A companhia fez uma parceria com a Speedbird, empresa especializada em drones para logística, e está preparando a inclusão dessa alternativa de transporte de amostras nas regiões mais complexas. Já foram feitos testes no Pará, região metropolitana de Belo Horizonte e Santa Catarina.

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Algumas modalidades do equipamento têm alcance e autonomia de até 100 quilômetros, e podem atravessar com rapidez trajetos que, por meio rodoviário, demandariam dias. O uso pleno do drone depende ainda do desenvolvimento de uma norma pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).

A gestão e  roteirização da operação logística são feitas dentro de casa – conhecimento considerado estratégico pela companhia. Já a frota é terceirizada. O Fleury tem ainda associação com uma empresa aérea de carga comercial para transportar o material para os grandes centros, principalmente os de Vespasiano (MG) e de São Paulo, onde são realizados exames de alta complexidade. A companhia não informa, no entanto, quanto investe especificamente nessa área.

Após a fusão, o grupo Fleury passou a ter 24 áreas técnicas, onde são processados os exames. “No futuro próximo, vamos integrar algumas das marcas que temos em todo o Brasil que têm área produtiva [em que as amostras são processadas], e com isso será possível processar alguns exames localmente”, explica Tsutsui.

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De carro, barco ou drone: a complexa operação logística do grupo Fleury depois da fusão com a Hermes Pardini (Foto: Divulgação)

O Fleury ampliou sua atuação nos últimos anos por meio de uma série de aquisições. Desde 2017, foram 17 empresas integradas ao grupo, incluindo Pardini. Com a fusão, o grupo se consolidou na segunda posição do setor (processa 277 milhões de testes por ano), muito mais próximo da líder Dasa. Outras operações de M&A continuam no radar, mas agora, com um custo de capital mais alto por conta da taxa de juro, com maior rigor na seleção dos ativos em relação à análise de retorno.

“Vemos a empresa bem posicionada para lidar com as pressões atuais que afetam o setor de saúde, dado que seu forte relacionamento com pagadores e pacientes garante alguma proteção do ambiente atual”, informa a XP, em relatório de sua área de análise. A aquisição do Pardini é avaliada “como um importante impulsionador de expansão de Ebitda, com potencial para adicionar receita e aumentar significativamente as margens.”

A decisão do grupo é de manter as marcas regionais, inclusive Hermes Pardini, que têm forte identificação junto aos clientes. “A prática médica é regional”, explica Tsutsui. Por isso, não há planos de abrir unidades com a marca Fleury nas regiões onde outras marcas já são fortes, como é o caso de Hermes Pardini em Minas Gerais.

“As operações das duas empresas são complementares, não havia muita sobreposição”, diz a CEO, cardiologista de formação.  “Também não vamos fechar unidades e vamos combinar áreas técnicas para aumentar market share.”

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Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.