Itaú BBA afirma: Graça disse que Petrobras reajustará preços ainda em 2014

Corte de rating da companhia aumentou o "senso de urgência" para que preços praticados por aqui se aproximem do exterior; Citi espera reajuste já no 2º trimestre

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após encontro com autoridades da Petrobras (PETR3;PETR4) para discussão sobre o plano de investimentos e o cenário da companhia, diversos bancos sinalizaram que um novo reajuste de combustíveis deve vir ainda em 2014. Este encontro, vale destacar, foi realizado horas antes do rebaixamento de rating da companhia, que seguiu o corte da nota soberana do Brasil na última segunda-feira (25).

Com o rebaixamento de rating da companhia, os analistas do HSBC, Luiz Carvalho e Felipe Gouveia, avaliam que o governo deva sofrer ainda mais pressão para reajustar os preços, devido ao aumento do “senso de urgência” com o novo cenário que se aponta para a Petrobras. O rebaixamento da nota soberana, afirmam os analistas, deve reduzir o acesso a novas emissões de dívida – que também devem se tornar mais caras com a piora da avaliação de risco -, refletindo assim um panorama mais negativo.

A equipe do Itaú BBA reforça a tese de aumento de preços ainda este ano, com o objetivo de obter uma paridade em relação aos valores internacionais até 2015. “Foster (Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras) afirmou que haverá um aumento de preços antes do final de 2014”, disse o Itaú BBA, disseram os analistas em relatório enviado a clientes. No entanto, Graça não mencionou uma data específica ou a magnitude do aumento. “Achamos difícil de acreditar que haverá algum aumento de preços antes das eleições. Depois, é muito possível”, afirmou o Itaú.

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Reajuste até junho?
Mais “apressados” que os outros analistas, a equipe do Citi acreita que a Petrobras precisaria de um reajuste nos combustíveis em 8% no segundo trimestre de 2014 para a precificação da Petrobras atingisse indicadores semelhantes ao de grandes players do setor, enquanto o dólar médio deva se manter na casa de R$ 2,33.

A paridade de preços com o mercado internacional é fundamental para a companhia deixar de apresentar prejuízos na área de Abastecimento, uma vez que atualmente compra petróleo e combustíveis no mercado externo e vende a valores mais baixos no Brasil, por conta da política do governo (sócio controlador da Petrobras) de evitar impacto na inflação.

Além disso, o HSBC avalia um cenário de maior risco em um cenário de queda da moeda brasileira. “No âmbito cambial, uma depreciação adicional do real significaria que a paridade não seria alcançada até 2016″, escreveu o banco após reunião com a alta cúpula da Petrobras.

Percepções melhoram no curto prazo, mas fator alavancagem persiste
Conforme ressaltam os analistas da Citi Corretora, Pedro Medeiros e Fernando Valle, o encontro com a diretoria da Petrobras melhorou o sentimento de curto prazo, em meio a alguns catalisadores: 
além da petrolífera ter reiterado as expectativas de aumento de combustíveis em 2014, a presidente da companhia destacou que os novos projetos de refinaria só serão executados por meio de parcerias.

Vemos isto como positivo, apesar de o investimento nas refinarias ainda ser dilutivo para os retornos da companhia”, ressaltam. 

Por fim, a companhia espera a decisão para os direitos de produção de 5 bilhões de barris no terceiro trimestre, antes das eleições presidenciais. A cessão onerosa desses barris previa uma reclassificação de valores. A transação traz riscos ao fluxo de caixa, dado que sua conclusão poderia implicar em um pagamento no curto prazo ou num futuro leilão multibilionário, afirmam os analistas. A Petrobras é obrigada por lei a deter uma participação mínima de 30% em qualquer área do pré-sal que venha a ser leiloada. 

Medeiros e Valle também ressaltam, assim como o HSBC, que a depreciação do real continua sendo a maior preocupação, apesar da recente alta do real. “Entretanto, vemos espaço para crescimento considerável dos lucros se a companhia entrar numa fase de crescimento estrutural da produção”, ressaltam os analistas.

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.