EUA: 17 sinais confirmam que a recessão do país está muito próxima

Blog The Economic Collapse apresenta dados sobre indústria, confiança, imóveis, desemprego e dívidas para reforçar a hipótese

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – Os Estados Unidos surpreenderam na última sexta-feira (27) com um PIB (Produto Interno Bruto) maior do que era projetado pelo mercado. Mas não se engane: a maior economia do mundo está caminhando para a recessão. A conclusão é do blog norte-americano The Economic Collapse.

Apesar da surpresa com a economia no segundo trimestre, ela mostrou uma desaceleração sobre o trimestre anterior – passou de 2,0% para 1,5%. No entanto, o artigo lembra que boa parte desse avanço é consequência da inundação de dólares no mercado. Sendo assim, ao ajustar o crescimento pela inflação – segundo uma metodologia alternativa ao do governo -, o crescimento do país já é negativo desde 2005.

Assim, o artigo prevê que logo o crecimento nominal – sem ajustar pela inflação – poderá se tornar negativo já no terceiro ou no quarto trimestre. E isso acontecerá por 17 motivos, que são apresentados a seguir:

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Indústria cada vez mais fraca
As vendas no varejo já declinam por três meses consecutivos, pela primeira vez desde 2008. Nas experiências passadas, quando isso aconteceu a economia já havia entrado em recessão ou estava prestar a entrar.

Da mesma forma, a produção industrial de Filadélfia também cai pelo terceiro mês seguido, conforme dados de julho. A região do médio atlântico, que abrange estados como Nova York e Washington, também apresenta o mesmo ritmo de contração. A última vez que isso aconteceu foi durante a última recessão.

O indicador de atividade industrial medido pelo ISM (Institute for Supply Management) também se encontra no pior patamar desde junho de 2009. Como reflexo, o indicador que reúne dados antecedentes mostra recuo em dois dos últimos três meses.

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Uma questão de confiança
Não só a indústria está ruim, a confiança também. Segundo uma pesquisa conduzida pela Conference Board, apenas 17% dos CEOs (Chief Executive Officer) possuíam uma visão positiva sobre a economia. Nos três primeiros meses do ano, o índice era de 67%. Já o centro de pesquisa Gallup reporta a confiança mais baixa desde janeiro.

Enquanto isso, o otimismo entre os pequenos empresários está na pior marca desde outubro, depois de cair em três dos últimos quatro meses. 

O artigo também prega que há uma fortíssima correlação entre a quantidade de lixo transportado nos trens norte-americanos e o crescimento econômico. E, enquanto o PIB avança a um ritmo próximo de 2%, um indicador formulado pela Bloomberg mostra que o nível de lixo transportado despenca cerca de 3%, ambos na comparação ano a ano.

Um novo estouro no setor imobiliário?
O setor imobiliário também não vai bem. A venda de imóveis usados recuou 5,4% em junho, ao passo que a de novos imóveis declinou 8,4% no mesmo mês – no atual nível, a marca está em um terço sobre os anos do boom.

E a exemplo do recente estouro da bolha imobiliária, o endividamento é outra fonte de preocupação. Segundo pesquisas desenvolvidas no país, cada vez mais pobres recorrem a empréstimos com altas taxas de juros (essa prática é mais comum em instituições que focam em clientes com perfil de mau pagador e sem acesso a cartão de crédito) para conseguir pagar o aluguel.

Mais calotes, mais desemprego
As empresas também seguem o mesmo caminho e o número de calotes aumentou consideravelmente no ano. Segundo levantamento da Standard & Poor’s, 47 empresas ao redor do globo não cumpriram com suas obrigações nesse ano, o dobro do observado no ano passado. Destas, 25 são norte-americanas.

Se as empresas estão em dificuldade há, também, menos trabalhos disponíveis. A taxa de desemprego avançou em 27 estados no último mês, sendo que na cidade de Nova York já ultrapassa a marca de 10% – taxa que se equipara à da última recessão. Entre os jovens, a taxa chega a 51,7% em Washington.

E a situação parece que não irá melhorar em breve. Uma pesquisa recente mostra que apenas 23% de todas as companhias norte-americanas planejam contratar mais trabalhadores nos próximos seis meses, enquanto há alguns meses a resposta positiva chegava a 39%.

Bernanke nega a recessão
Por fim, além desses 17 sinais apresentados, o artigo critica a atuação de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve, que, às vésperas da crise financeira de 2008, declarava que não enxergava uma recessão assim como agora. “Todos esses sinais são pedaços de evidência muito fortes de que uma nova recessão já começou”, conclui o artigo.