Ética de Henry Paulson durante a crise é colocada em xeque

Detalhes da agenda do ex-secretário do Tesouro dos EUA revelam estreito relacionamento com o Goldman Sachs

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A relação entre o ex-secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson Jr., e o banco Goldman Sachs durante o período mais agudo da crise financeira em setembro do ano passado, é agora colocada em xeque com a publicação de detalhes de sua agenda pelo jornal The New York Times.

Segundo a reportagem, Paulson teria telefonado e se encontrado com o CEO (Chief Executive Officer) do Goldman, Lloyd Blankfein, com uma frequência maior do que com executivos de outros bancos afetados de forma grave pela crise e quase quebra do grupo AIG (American International Group), então a maior seguradora do mundo.

A questão ética ganha maior atenção devido à extensa vivência de Paulson dentro do Goldman, iniciada em 1974. Depois de passar por diversos cargos dentro do banco, foi nomeado, em 1999, chairman e CEO. Depois, em junho de 2006, foi indicado à secretaria do Tesouro pelo ex-presidente George W. Bush.

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Paulson disse antes de assumir que buscaria padrões éticos ainda mais elevados que os de seus antecessores. Ele também vendeu todas as participações que detinha no Goldman e afirmou que evitaria qualquer relação substancial com executivos do banco enquanto estivesse na cadeira de secretário.

Ajuda

Entretanto, sete meses depois de ter deixado a posição, questões ainda são levantadas acerca de sua isenção nas decisões que influenciaram indireta e diretamente o Goldman, como a ajuda à AIG – no qual o Goldman recebeu US$ 13 bilhões – e os US$ 10 bilhões oferecidos ao banco por meio do TARP (Troubled Asset Relief Program).

Ao ser questionado sobre a sua relação com o Goldman durante testemunho no Congresso em julho, Paulson disse ter trabalhado dentro das linhas de ética determinadas enquanto ocupava a secretaria. Ele ainda disse ter solicitado uma declaração de isenção quando ficou claro que o Goldman estava com sérios problemas e que, portanto, os contatos com Blankfein seriam inevitáveis.

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O NY Times revela que, de fato, Paulson recebeu por duas vezes as declarações de isenção e que essas teriam sido entregues no dia 17 de setembro de 2008, data que marcou a intervenção estatal de US$ 85 bilhões sobre a AIG. No mesmo dia, as ações do Goldman despencaram quase 14%. Paulson ligou para Blankfein cinco vezes naquela quarta-feira.

A comunicação estreita com executivos de grandes instituições é parte do trabalho de um secretário do Tesouro, porém, o número de contatos com o Goldman foi maior. De acordo com a agenda, em agosto de 2007, enquanto o mercado de crédito e dos ABCPs (Asset-Backed Commercial Papers) começava a ruir, Paulson conversou com Blankfein por 13 vezes. Em comparação, telefonou seis vezes para Richard Huld do Lehman, quatro para Jamie Dimon do JPMorgan e duas vezes para John Thain, da Merrill Lynch.

Em sua defesa, Paulson, por meio de sua porta-voz, disse que o Goldman nunca recebeu um tratamento especial e que o grande número de ligações para Blankfein naquela semana de setembro se fazia necessário para o entendimento dos desenvolvimentos da crise no mercado.