Estatais cadentes: Petrobras e Eletrobras atingem mínimas de quase uma década

Papéis ordinários da Eletrobras fecharam aos R$ 6,13, seu menor preço de fechamento desde 9 de setembro de 2003, enquanto ações ON da Petrobras fecharam na mínima desde 29 de novembro de 2005

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – As ações ordinárias das estatais Petrobras (PETR3) e Eletrobras (ELET3) estão em queda livre nos últimos meses. As empresas foram pressionadas pelo governo a tomarem medidas que não fazem muito sentido econômico, como baixar os preços cobrados pela energia elétrica, no caso da Eletrobras, ou manter uma política de preços que efetivamente subsidía o consumo da gasolina e obriga a empresa a importar para suprir a demanda, como no caso da Petrobras. 

Com isso, nesta sexta-feira (22), os papéis ordinários da Eletrobras fecharam aos R$ 6,13, seu menor preço de fechamento desde 9 de setembro de 2003 – quando esses papéis haviam fechado a R$ 5,86. A situação da Petrobras é mais tranquila, já que a última vez que os papéis fecharam abaixo dos R$ 15,10 foi no dia 29 de novembro de 2005, quando a ação havia fechado aos R$ 14,88. 

Eletrobras: menos dividendos por conta da MP 579
A questão dos dividendos pagos aos acionistas pesa em ambos os casos. Em relação à Eletrobras, o mercado estima que as ações ordinárias não mais pagarão dividendos – em virtude da esperada queda brusca dos resultados nos próximos anos, fruto da MP 579 (Medida Provisória). A companhia chegou a alertar que o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação, amortização) poderia zerar em 2013. 

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Mesmo assim, a expectativa é que apenas a preferencial (ELET6) pague dividendos nos próximos anos, já que é obrigada pelo estatuto. Os preferenciais fecharam aos R$ 11,59, bastante acima das mínimas vistas em novembro, quando a ação chegou a fechar aos R$ 7,30. 

Petrobras é escalada para segurar inflação e salvar a Copa do Mundo
A Petrobras se vê pressionada pelo governo para manter o preço dos combustíveis estáveis e não interferir na inflação, a empresa viu o seu caixa diminuir perigosamente, a ponto de ameaçar o plano de investimentos para a exploração do pré-sal. Essa política de preços, criticada até pela presidente da companhia Maria das Graças Foster, atrapalha. A quantia ganha com a capitalização de 2010, por exemplo, já foi em grande parte gasta com a política de preços. 

Nesse cenário, a Petrobras também se vê pressionada por conta dos proventos, já que reduziu em 50% os proventos para os papéis ordinários frente os preferenciais (PETR4). Até o último resultado, a companhia pagava a mesma quantia para as duas classes de ações, mas foi obrigada a mudar para preservar o caixa, e conseguir investir para explorar o pré-sal. Por conta disso, as ações preferenciais estão menos pressionadas: o fechamento desta sexta, aos R$ 17,15, é o menor desde 9 de dezembro de 2008. 

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A empresa é um dos principais instrumentos macroeconômicos utilizados pelo governo, o que assusta os investidores – já que a função primordial da empresa deixou de ser o lucro. O governo federal está pressionando a empresa até para viabilizar o Estádio do Corinthians, o Itaquerão, podendo pagar R$ 400 milhões para obter o direito de nomear o estádio, garantindo caixa para que o projeto – que deverá ser palco da abertura da Copa do Mundo – saia do papel.