Delfim Netto: de superministro da ditadura a conselheiro de Lula

Economista fez carreira como professor universitário, comandou a economia brasileira em duas oportunidades e se elegeu deputado cinco vezes. Influenciou governantes da direita à esquerda.

Delfim Netto
Nome completo:Antônio Delfim Netto
Local de nascimento:São Paulo, SP
Data de nascimento:1 de maio de 1928
Formação:Economia
Ocupação:Economista e político

Quem é Delfim Netto?

Delfim Netto, 93, é um economista e político brasileiro, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, e ex-deputado federal por cinco mandatos consecutivos.

Professor emérito da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim é um dos principais personagens da economia brasileira e influencia governos direta ou indiretamente há quase seis décadas. Foi o “todo poderoso” na área econômica durante boa parte da ditadura militar (1964 a 1985) e, após a redemocratização, permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político.

Neto de imigrantes italianos, Antônio Delfim Netto nasceu em 1º de maio de 1928, no bairro do Cambuci, na capital paulista, primeiro filho de José Delfim, funcionário da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC), e Maria Delfim, dona de casa e costureira. “Eu ganhava um dinheirinho entregando os vestidos”, disse ele em entrevista ao jornal Valor Econômico. O casal teve também duas filhas, Filomena e Terezinha.

Estudante e professor

Delfim Netto estudou no Liceu Siqueira Campos, no próprio bairro do Cambuci. Ainda muito jovem, ficou órfão de pai. Aos 14 anos, foi trabalhar como auxiliar de escritório na companhia Gessy, hoje parte da Unilever. Continuou os estudos na Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho e, segundo o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas (FGV), já nesta época escrevia sobre economia para os jornais Folha da Tarde, hoje Agora São Paulo, e O Tempo.

Em 1948, Delfim entrou na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas. Era apenas a terceira turma da atual FEA-USP. Ainda na graduação, foi trabalhar no Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER). Em 1951, último ano do curso, foi presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu. Ao se formar, tornou-se assistente do professor Luiz de Freitas Bueno na cadeira de Estatística Econômica e Econometria.

“Ele (Bueno) foi o primeiro professor da FEA a escolher como assistentes seus ex-alunos e a estimulá-los a avançarem para além dos seus mestres. A alegria que sempre demonstrou pelo progresso de seus discípulos revelava a grandeza de seu espírito avesso a qualquer sentimento de inveja”, escreveu Delfim no site da faculdade em 2006. Delfim manteve também ex-alunos ao seu lado ao longo de sua carreira em cargos públicos e na iniciativa privada.

Em 1959, Delfim defendeu tese de livre docência com o tema “O Problema do Café no Brasil”, que virou livro com o mesmo nome. “O café era sinônimo de câmbio e representava 70% das exportações (do Brasil na época)”, afirmou Delfim em entrevista à revista IstoÉ Dinheiro. “O problema é que o bom desempenho do café valorizava o câmbio e prejudicava a indústria”, acrescentou. O economista há muito tempo defende o fortalecimento da indústria nacional e é ligado à Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Em 1963, tornou-se professor catedrático em Teoria do Desenvolvimento Econômico com o trabalho “Alguns Problemas do Planejamento para o Desenvolvimento Econômico”. Segundo o site da FEA, ele foi o primeiro ex-aluno da faculdade e o primeiro economista formado depois da regulamentação da profissão a receber o título de catedrático na instituição.

Em 1983, então ministro do Planejamento, ainda assumiria a cátedra de Análise Macroeconômica da USP. Também na universidade, ele foi diretor de pesquisa da FEA e membro do Conselho Universitário. Em 2014, Delfim doou sua biblioteca de 250 mil livros para a USP.

Além das atividades acadêmicas, em 1959 Delfim foi convidado a participar da equipe de planejamento do então governador de São Paulo, Carlos Alberto de Carvalho Pinto. Na esfera estadual, ocupou também o cargo de Secretário da Fazenda, em 1966, na administração de Laudo Natel.

Sua primeira atividade no plano federal ocorreu em 1965, como membro do Conselho Consultivo de Planejamento da administração do general Humberto Castelo Branco, já após o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, em 1964. Delfim foi indicado pelo então ministro do Planejamento, Roberto Campos, para um assento no Conselho Nacional de Economia.

Delfim Netto com Costa e Silva
Da esquerda para a direita, Abreu Sodré, governador de São Paulo, Arthura da Costa e Silva, presidente do Brasil, Paulo Salim Maluf, presidente da Caixa Econômica Federal e Antonio Delfim Netto, ministro da Fazenda (ao fundo de óculos escuros o general Emulio Garratazu Médici), durante abertura oficial do VI Salão do Automóvel, no Pavilhão do Parque Ibirapuera, em São Paulo. (Imagem: Estadão Conteúdo/ Agência Estadi)

Superministro

Em 1967, Delfim assumiu o cargo de ministro da Fazenda do governo do general Artur da Costa e Silva (1967-1969). Ali começou seu primeiro período como “czar da economia” do regime militar. Tinha então 39 anos incompletos.

Na época, a sede do ministério ainda era no Rio de Janeiro. Delfim desembarcou na capital fluminense acompanhado de sua própria equipe, ex-alunos na USP como Paulo Yokota, Carlos Antônio Rocca, Akihiro Ikeda, Affonso Celso Pastore e outros. Foram apelidados de “Delfim boys” e “paulistas caipiras” pelos cariocas. “No Rio, era o seguinte: chegou esse gordo, italiano e vesgo. Nós vamos matá-lo em seis meses, tá certo? E além de tudo tem uns animais estranhos com ele, uns japoneses”, contou Delfim ao Valor.

No ministério, desde cedo Delfim anunciou que duas de suas prioridades eram o controle da inflação e a aceleração do crescimento da economia. Ele reduziu e tabelou as taxas de juros, manteve o congelamento salarial, política que já vinha da gestão anterior de Otávio Gouveia de Bulhões; foi instituído um sistema de controle de preços que resultaria na instalação do Conselho Interministerial de Preços (CIP) e foi criada a Secretaria da Receita Federal.

Quando assumiu o cargo, a inflação do país variava entre 30% a 40% ao ano. Já em 1967, a taxa caiu para 23% e o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,8%. Em 1968, a economia avançou 9,3%, puxada pela indústria, que cresceu 15,5%. Era o início do período de bonança conhecido como “milagre econômico”, que se estenderia até 1973. Foram adotados estímulos fiscais e monetários, desvalorizações cambiais, realização de grandes obras, incentivo ao consumo e às exportações. “Não teve milagre. Milagre é efeito sem causa. Os brasileiros trabalharam brutalmente”, afirmou Delfim à IstoÉ Dinheiro.

A bonança era só econômica mesmo, pois, em dezembro de 1968, o governo Costa e Silva baixou o famigerado Ato Institucional número 5 (AI-5), que suspendeu direitos, cassou mandatos e fez recrudescer a repressão, com a assinatura entre outros, de Delfim Netto. Hoje, ele diz que não sabia o que se passava nos porões da ditadura: prisões arbitrárias, tortura, desaparecimentos e assassinatos. “Ter assinado o AI-5 não significa ter aprovado a tortura”, afirmou à IstoÉ Dinheiro.

A bonança econômica também não foi para todos. Embora a taxa de crescimento tenha se mantido em alta ao longo da passagem de Delfim pela Fazenda, esse avanço beneficiou muito mais as classes média e alta do que a população de baixa renda. Segundo o CPDOC da FGV, o PIB cresceu 9% em 1969, 9,5% em 1970, 11.3% em 1971, 10,4% em 1972 e 11,4% em 1973, mas o valor real do salário mínimo caiu. A participação dos mais pobres na economia nacional recuou de 1/6, em 1960, para menos de 1/7 em 1970.

De acordo com o CPDOC, o então ministro considerou essa dinâmica normal e disse que “alguns melhoram mais do que outros” em qualquer tipo de desenvolvimento econômico. Foi atribuída a Delfim a frase: “É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”. Ele nega ter dito isso.

Os setores que mais cresceram na época foram as indústrias de bens de consumo duráveis, bens de capital, construção civil e bens intermediários. Houve também avanço do comércio, da malha rodoviária e da urbanização. Em 1970, pela primeira vez as cidades passaram a concentrar a maior parte da população braseira.

Delfim continuou à frente da Fazenda no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), com ainda mais poderes, dado o endurecimento do regime militar.

Com uma série de medidas destinadas a incentivar as exportações de manufaturados e, ao mesmo tempo, estimular a entrada de capital estrangeiro no país e facilitar as importações de insumos, o governo passou a registrar déficits permanentes no balanço de pagamentos a partir de 1968. Esse rombo foi sendo coberto por empréstimos tomados em bancos estrangeiros, fazendo a dívida externa praticamente triplicar de 1967 a 1972. Afinal, na época havia liquidez no mercado internacional e o petróleo era barato.

Houve um aumento significativo da participação de multinacionais no mercado brasileiro e do próprio setor público. A participação das estatais no patrimônio líquido da indústria do Brasil passou de 26%, em 1968, para 32% em 1972. O Estado passou também a concentrar metade dos depósitos bancários e a quase totalidade do financiamento a investimentos, além de 80% da capacidade de geração de energia do país, 72% da siderurgia, 80% das exportações de minério de ferro e 80% da indústria petrolífera.

São dessa época grandes projetos que transmitiam a ideia ufanista de um Brasil grande, como a Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, e a criação da Itaipu Binacional, que, no futuro, resultaria na construção da hidrelétrica de Itaipu.

Em 1973, porém, veio o choque do petróleo e acabou o “milagre”. Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) embargaram as vendas para grandes economias, principalmente os Estados Unidos, em protesto ao apoio a Israel na Guerra do Yom Kipur, contra Egito e Síria. As nações exportadoras já vinham regulando a produção e pressionando os preços. O valor do barril quadruplicou em poucos meses e abalou a economia global.

O Brasil era muito dependente da importação de petróleo e, mesmo não estando sujeito ao embargo, foi obrigado a pagar os novos preços, ampliando ainda mais a dívida pública. A crise levou à busca por novas fontes de energia. No Brasil, ela influenciou a criação do Proálcool.

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‘Exílio’ na França

O período de Delfim como superministro da Fazenda terminou em 1974, com a posse do general Ernesto Geisel (1974-1979), quando foi substituído por Mário Henrique Simonsen. Como prêmio de consolação, o economista foi convidado a ser embaixador do Brasil em Paris. “Eu entendi do que se tratava e fui. Nós (ele e Geisel) nunca nos demos bem realmente”, declarou Delfim à IstoÉ Dinheiro. Geisel ainda abortou as pretensões do economista de se tornar governador de São Paulo.

Delfim comandou a embaixada de 1975 a 1978. Nesse período, surgiu o “Relatório Saraiva”, feito pelo coronel Raimundo Saraiva, então adido militar da embaixada, que denunciava a cobrança de 10% de comissão nos financiamentos obtidos de bancos franceses. O ex-ministro sempre negou as acusações. “Um bando de mentiras feitas pelos militares linha-dura”, afirmou ele à IstoÉ Dinheiro.

De volta ao Brasil, Delfim foi nomeado ministro da Agricultura pelo general João Batista Figueiredo, presidente de 1979 a 1985. Indicou Paulo Yokota para presidir o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Superministro 2.0

Ainda em 1979, assumiu como ministro do Planejamento, com a renúncia de Mário Henrique Simonsen. A pasta havia sido turbinada, com responsabilidades que antes eram da Fazenda. Delfim foi novamente alçado ao comando da economia brasileira.

O cenário, porém, era bem diferente. O mundo enfrentava o segundo choque do petróleo, com a paralisação da produção no Irã em meio à revolução liderada pelo aiatolá Khomeini. O preço da commodity disparou e permaneceu em alta por muitos anos. Ao mesmo tempo, o Banco Central dos EUA, o Fed, aumentou os juros de 3% para 20% para tentar conter a inflação no país. No Brasil, a dívida externa explodiu e a inflação foi para as alturas.

Com uma crise atrás da outra na economia, os anos 1980 ficaram conhecidos como a “década perdida”. “Era crise o tempo todo, pois o Brasil tinha reservas internacionais negativas”, declarou Affonso Celso Pastore, presidente do Banco Central de 1983 a 1985, à IstoÉ Dinheiro. A economia brasileira recuou 4,25% em 1981 e 2,93% em 1983, e a inflação anual passou de 200% em 1985.

Nesse cenário e sem soluções no horizonte, a segunda passagem de Delfim pelo comando da economia foi marcada pelo descontentamento em diversos setores da sociedade. “Estamos a fim da cabeça do Delfim”, diziam manifestantes em protestos da época. Vale lembrar que a Lei da Anistia é de 1979, portanto fazer oposição ao governo não era mais proibido. Mas ninguém conseguiu sua cabeça: ele ficou no cargo até o final do mandato de Figueiredo. Passariam quase dez anos até o Brasil conseguir controlar a inflação.

Delfim foi acusado, ao lado do então ministro da Fazenda, Ernani Galvêas, de envolvimento no caso Coroa-Brastel durante o governo Figueiredo. Os ex-ministros foram acusados de desviar recursos governamentais na forma de empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário Assis Paim Cunha em 1981. Em 1994, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou denúncia contra os dois.

Assembleia Nacional Constituinte
Os deputados Delfim Netto (PDS-SP), Amaral Netto (PDS-RJ) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) conversam durante os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. (Foto: Senado Federal)

Deputado e conselheiro

Com o fim do regime militar, acabou também a carreira de Delfim no ministério, mas ele se reinventou politicamente. A partir de 1986, foi eleito deputado federal por cinco vezes consecutivas, a primeira delas como constituinte. Exerceu maior ou menor influência em praticamente todos os governos desde então. Passou pelo PDS, herdeiro da Arena, partido de sustentação do regime militar, e seus sucessores PPR, PPB e PP, hoje Progressistas; e mais recentemente, pelo PMDB, atual MDB. Paralelamente, criou a consultoria Ideias, em São Paulo.

No governo de José Sarney (1985-1990), foi crítico do Plano Cruzado, que considera “o maior estelionato eleitoral de que se tem notícia”. O plano afundou, mas antes ajudou a eleger muitos candidatos do PMDB, partido de Sarney, em 1986. Em 1989, apoiou Fernando Collor de Melo, mas garante que só foi consultado pelo presidente sobre o confisco das poupanças depois do ato consumado. Com o impeachment de Collor, o vice Itamar Franco assumiu. Delfim chama Itamar de “o melhor presidente”, pois em seu governo foi implementado o Plano Real, que finalmente colocou a economia brasileira nos eixos.

Foi crítico da política cambial do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002), que manteve o real sobrevalorizado durante todo o primeiro mandato, e das altas taxas de juros. Chegou a chamar FHC de “exterminador do presente”. Ligado ao ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, que na época tinha pretensões de se candidatar a presidente, Delfim se posicionou contra a Emenda Constitucional da reeleição, aprovada em 1997.

Já em 1998, ensaiou uma aproximação com o futuro presidente Luís Inácio Lula da Silva. Naquele ano, Lula disputou e perdeu a terceira eleição para o cargo, a segunda para FHC. Delfim classificou de “terrorismo” ligar a subida do petista nas pesquisas à queda da bolsa e à fuga de capitais do país.

Delfim conheceu Lula na década de 1970. O então ministro se reuniu com o então sindicalista para falar do choque do petróleo de 1973 e sobre a piora na situação econômica do Brasil. “O Lula sempre foi um grande negociador”, disse o economista à IstoÉ Dinheiro.

Lula lá

Depois de décadas em campos opostos, Delfim na direita e Lula na esquerda, os dois se aproximaram definitivamente na campanha de 2002, quando o ex-ministro declarou voto no petista no 2º turno. Com Lula eleito, Delfim tornou-se interlocutor privilegiado do presidente, apoiando a política econômica do governo e chegando a integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Delfim apoiou a reeleição de Lula em 2006 e chegou a ser cotado para ocupar um ministério. O próprio Delfim, porém, não teve sucesso ao tentar se reeleger para um sexto mandato de deputado. Foi indicado pelo presidente para o conselho curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e fez parte também do conselho orientador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Lula salvou o capitalismo brasileiro”, disse Delfim sobre a condução da economia brasileira em meio à crise financeira internacional de 2008. A admiração permanece e o economista festejou as decisões recentes do STF que anularam as condenações contra o ex-presidente na Justiça Federal em Curitiba, no âmbito da operação Lava Jato, permitindo que o petista possa se candidatar novamente em 2022.

“O Lula tem sido objeto de uma perseguição ridícula. O governo dele foi bastante bom”, afirmou o ex-ministro em entrevista à Radio Bandeirantes. “Deixemos o Lula ser candidato. Se for a vontade do povo, e com o meu voto, ele voltará à Presidência”, acrescentou.

Assim como o ex-presidente Lula, Delfim também foi alvo da Lava Jato. O economista foi acusado por procuradores da República de receber propina durante a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Ele rejeita a acusação e diz que recebeu honorários para dar consultoria na criação do consórcio que venceu o leilão da usina. “Recebi R$ 3 milhões como honorários, em parcelas e de várias fontes. Tudo declarado”, disse o economista à IstoÉ Dinheiro.

A admiração por Lula, no entanto, não se repetiu com a sucessora Dilma Rousseff, de quem divergiu na condução da economia. Ele destaca, porém, que a presidente eleita em 2010, reeleita em 2014 e que sofreu impeachment em 2016, não “errou sozinha”.

Delfim voltou a se aproximar do Planalto quando seu colega de partido, Michel Temer, assumiu a Presidência no lugar de Dilma. “Ninguém tem a vivência de política econômica que ele (Delfim) possui”, declarou Akihiro Ikeda à IstoÉ Dinheiro. Ele colaborou na elaboração do programa “Uma Ponte para o Futuro”, do governo Temer.

Em 2009, Delfim teve graves problemas de saúde. Passou dois meses internado, ficou 18 dias em coma com uma embolia pulmonar e problemas cardíacos. “Foi uma coisa terrível”, contou ao Valor Econômico. “Não vi o tal túnel com a luz branca. Foi uma decepção!”, brincou.

Na ativa

Discreto, workaholic, sarcástico e muito inteligente, Delfim segue na ativa. É sempre solicitado para entrevistas e opina sobre os fatos mais importantes. Recentemente, por exemplo, disse que não há risco de golpe no Brasil, elogiou o auxílio emergencial na pandemia, criticou o presidente Jair Bolsonaro em mais de uma oportunidade e defendeu o voto em Lula.

Delfim escreve regularmente para o jornal Folha de S. Paulo. É autor de vários livros, como O Problema do Café no Brasil (1959), O Animal Econômico (coletânea de artigos publicados na Folha), Crônica do Debate Interditado (1988), Só o Político pode Salvar o Economista (1986) e Economia é Coisa Séria (coletânea de artigos publicados no Valor Econômico).

Delfim ficou viúvo de Mercedes Saporski Delfim. Anos depois casou com Gervásia Diório. Tem uma filha, a empresaria Fabiana Delfim, e um neto, Rafael.

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