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Capital de risco: investimentos tombam 49% no mundo; mas perspectiva é positiva

Fundo Atlantico mostra por que queda de quase 50% em investimento de risco entre 2022 e 2023 pode ser entendido como um sinal positivo

Mariana Amaro

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O cenário parece desolador: 40% das startups possuem, hoje, menos funcionários que um ano atrás; 74% delas precisaram fazer ‘layoffs’; e o investimento de capital de risco caiu 49% entre o segundo trimestre de 2022 e o mesmo período deste ano no mundo. Na América Latina, a queda foi ainda maior: de 65%. Os dados são do estudo anual do fundo Atlântico, Latin America Digital Transformation, lançado hoje (30) e antecipado à reportagem do IM Business.

Mesmo diante do panorama que parece negativo, a Atlantico vê muita oportunidade – e explica as razões para isso. “A queda na América Latina foi maior do que em outros países, sim, mas o aumento de investimentos aqui também foi maior do que no restante do mundo. A volatilidade aqui é mais intensa”, afirma Ana Martins, partner do Atlântico.

O declínio, segundo ela, é um pouco mais intenso do que em edições anteriores do estudo. Ainda assim, Martins destaca que nos últimos três trimestres o que aconteceu foi uma estabilização de fluxo de capital na comparação com 2020. “Além do cenário macro favorável, naquele período, a América Latina passava por um momento de IPOs de empresas de tecnologia e chegada de grandes fundos internacionais, o que catalisou o aumento de capital que vimos entre 2021 e 2022. Fundos como SoftBank e Tiger chegaram e ficaram muito ativos na região por este período, mas começaram a dar passos para trás porque também possuem uma carteira de ativos aberta e as performances eram comparadas”, avalia Martins.

Mas nem todos os fundos que chegaram aqui antes da pandemia, reduziram investimentos. “Fundos que investem em empresas em estágios iniciais, como a16z, fizeram aportes mais permanentes e outras que estão chegando agora, como a Lightspeed, que fez seu primeiro investimento na fintech Cumbuca”, afirma Martins.

Por outro lado, segundo Martins, mesmo com a retração de grandes fundos internacionais, os fundos regionais permaneceram capitalizados – e investindo. “Os regionais começaram a tomar o gap que foi deixado pelos internacionais que saíram. Então, não temos uma preocupação com falta de capital para startups”, declara.

Ajustes e otimismo

Desde o começo de 2022 até janeiro de 2023, aconteceram, ao menos, 44 layoffs em empresas brasileiras. O dado é da Layoffs Brasil, um banco de dados aberto. Mas os cortes parecem ter sido maiores: segundo do levantamento, os cortes atingiram 74% das empresas de tecnologia no mundo. Para martins, esses ajustes foram muito necessários. “Muitas empresas aqui no Brasil estavam crescendo num nível ‘não sustentável’. Não é que não geravam lucro apenas, é que tinham uma margem bruta negativa. Isso aconteceu no mundo todo e as empresas correram para ajustar os quadros porque muitas delas tinham levantado capital com valuations muito altos e precisavam comprar tempo para evitar um downround, quando a empresa faz uma captação em uma avaliação de mercado menor que a anterior”, avalia.

Para a partner da Atlantico, os cortes que precisavam ter sido feitos já aconteceram, os times já foram ajustados em termos de cultura e de métricas e, agora, as empresas estão voltando a contratar. “Mais de 65% das empresas estão contratando e também afirmam que está mais fácil encontrar talentos, muito diferente do cenário de disputa de profissionais que vimos há pouco tempo”, conclui.

Os empreendedores também estão mais otimistas. Na edição passada, apenas 8% dos fundadores se consideram otimistas. Na edição deste ano, o número saltou cinco vezes, para 44%. “Para um empreendedor começar uma empresa, ele tem que ser muito otimista. Quando a gente vê esse aumento no otimismo, concluímos que estamos em um ecossistema mais regulado e saudável, que permite começar a pensar em crescimento”, diz.

De acordo com o levantamento, empreendedores da América Latina têm ainda mais motivos para o otimismo. “Pegamos dados das empresas públicas de tecnologia e valor de mercado dessas companhias e dividimos pelo PIB de cada região. Com isso, conseguimos uma estimativa de qual é a penetração da tecnologia para a economia. Para a América Latina, esse dado é bem baixo: de 1,8%. Na é Índia, como comparação, é 11%. Se considerarmos que conseguimos chegar no mesmo nível de penetração que a Índia, estamos falando de uma geração de valor de US$ 600 bilhões no país”, afirma. E mais: segundo a análise do fundo, a curva de crescimento do Brasil é maior que a da China, da Índia e até dos Estados Unidos.

IM Business

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Mariana Amaro

Editora de Negócios do InfoMoney e apresentadora do podcast Do Zero ao Topo. Cobre negócios e inovação.