Câmbio a R$ 3 pode ampliar ajuste da Selic, avalia a SulAmerica Investimentos

De acordo com o economista da SulAmérica, as dúvidas em relação ao câmbio colocam em xeque a trajetória dos juros, que hoje estão em 12,75% ao ano

Estadão Conteúdo

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A alta de 1,22% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro ante taxa de 1,24% em janeiro veio perto do esperado pelo economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, que aguardava 1,10%. Segundo ele, o resultado reforça o cenário atual de bastante pressão inflacionária, que não deve ser aliviado, pelo menos por enquanto, ainda mais neste momento de alta do dólar. “O câmbio é uma incógnita. Ninguém esperava que a moeda fosse a R$ 3,00 em 2015, mas talvez no ano que vem”, admitiu.

De acordo com o economista da SulAmérica, as dúvidas em relação ao câmbio colocam em xeque a trajetória dos juros, que hoje estão em 12,75% ao ano. “Câmbio neste nível é uma surpresa. Acho que isso pode obrigar o Banco Central a estender um pouco mais o ciclo de alta da Selic”, disse, ao explicar que o processo de aumento dos juros pode não ter se encerrado na reunião de março, quando foram elevados de 12,25% ao ano para 12,75%.

Na visão de Camargo Rosa, o IPCA deve seguir acelerando e atingir perto de 1,4% na pesquisa de março, por causa dos novos reajustes nas bandeiras tarifárias e aumentos extraordinários das distribuidoras. Com isso, ele acredita que o índice fechado do primeiro trimestre ficará perto de 4%. “Desde muito tempo não se vê uma taxa neste nível, talvez desde 2004/2005. Se for confirmada, ficará praticamente no centro da meta (de 4,5%)”, avaliou.

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Preços administrados
O lado “positivo” do atual cenário de inflação é o fato de o realinhamento dos preços administrados estar acontecendo neste ano, o que, conforme ele, tende a dar margem para um IPCA menor em 2016 ante 2015. Para este ano, a expectativa de Camargo Rosa é que o indicador feche próximo a 8%, ante previsão em torno de 5,5% em 2016. “Vai abrir espaço para uma redução expressiva, mas não para o centro da meta, devido à inércia inflacionária. As próprias pressões do câmbio contribuem para essa pressão”, disse.

Segundo ele, o resultado do IPCA de fevereiro foi influenciado em grande parte pelos preços administrados e por fatores sazonais, como da parte de Educação. “Tem ainda a redução nas pressões ligadas a reajustes de transporte urbano e passagem aérea, que caiu”, ponderou, ressaltando que a alta dos alimentos in natura desacelerou menos que o esperado, o que, segundo ele, também ajudou a pressionar o IPCA de fevereiro.

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