BNP Paribas: 2013 é o ano do dragão no Brasil e inflação deve estourar a meta

Economista chefe do banco destaca que inflação é a grande vilã da economia nacional e que desonerações e taxas cambiais não resolverão o problema

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – Segundo o calendário chinês, 2012 foi o ano do dragão. Mas segundo o economista-chefe para América Latina do BNP Paribas, Marcelo Carvalho, o ano do dragão no Brasil é 2013. As projeções de inflação do banco apresentam piora no cenário de preços no país neste ano e o crescimento econômico deve beirar os 3%.

O BNP Paribas destacou a inflação como grande vilã da economia brasileira em 2013. Em seu relatório global trimestral, com projeções macroeconômicas para diversos países, o banco frisou que a inflação deve fugir da meta de 4,5% estipulado pelo Banco Central neste ano. “Com a inflação acumulada no ano em 6,3%, é provável, inclusive, que o teto de 6,5% seja ultrapassado já com os dados de março”, comenta Carvalho, em coletiva para apresentar o relatório econômico trimestral do BNP Paribas.

Segundo o economista, o problema da inflação no Brasil está na oferta e não na demanda por produtos. “Hoje no Brasil temos um forte crescimento do consumo doméstico e poucos investimentos, o que ajuda a inflação a subir”, diz Carvalho.

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Para o economista, a pressão inflacionária é grave no país e as expectativas se deterioraram. “Temos projeções ruins não só para 2013, mas para o longo prazo também, a não ser que o governo tome medidas para conter a inflação.”

Desoneração deve aliviar inflação levemente e por pouco tempo
Questionado sobre a desoneração da cesta básica, Carvalho explica que a baixa nos preços não deve influenciar muito na inflação, uma vez que muitos produtores já se beneficiam do crédito tributário. “Acreditamos que a desoneração possa chegar a diminuir a inflação em 0,5 ponto percentual. Mas o impacto deve ser bem menor do que o planejado pelo Governo, inclusive porque, em um segundo momento, a desoneração se torna expansionista, por sobrar mais dinheiro no bolso, o que aumenta os gastos do consumidor e eleva e inflação novamente”, diz o economista.

Carvalho disse ainda que os efeitos da desoneração devem aparecer no mercado após março, uma vez que os estoques de lojas devem ser repostos para o menor custo surgir para o consumidor. “Em março é pouco porvável. A expectativa do mercado é que os preços comecem a diminuir em abril.”

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Medidas contra inflação
Com projeção de inflação em 6,7%, isso é, acima do teto estipulado pelo governo, Carvalho destacou que somente desonerações ou políticas cambiais não resolverão a alta nos preços. “Usar a desoneração para diminuir a inflação é como utilizar panos frios para aliviar uma febre. No momento ajuda, mas não soluciona a doença”, exemplifica.

O economista cita o aumento de juros como medida de contenção para alta nos preços. “Acreditamos em um ciclo de aumento de juros a partir de abril, chegando a 9% ao final de 2013.”

Carvalho destaca ainda que o câmbio deve ser usado pelo governo, com valorização do real frente ao dólar, para controlar a alta nos preços.”No curto prazo a taxa deve ser mantida entre R$ 1,95 e R$ 2,00 por dólar, mas visualizamos taxa maior que R$ 2,05 por dólar” diz o economista.

Investimentos estrangeiros
Sobre investimentos, o economista destacou que a taxa de investimentos estrangeiros caiu nos últimos trimestres, e que a leve recuperação no quarto trimestre não indica grande melhora. “O humor do investidor para o Brasil enfraqueceu uma vez que vemos cada vez mais políticas intervencionistas do Governo e alterações nas regras do jogo. Enquanto isso, outros países, como o México, empenham-se em reformas estruturais, que atraem investidores”, explica Carvalho.