Bancos médios devem sofrer menos que o PanAmericano para diluir perdas das ações

Mercado deve ficar de fora destes papéis enquanto o banco não divulgar o balanço do 3T10, que pode trazer dados importantes

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SÃO PAULO – Após o rombo financeiro de R$ 2,5 bilhões que atingiu o PanAmericano (BPNM4) e, consequentemente, o setor bancário de pequeno e médio porte no início do mês, o segmento esboça a diluição das perdas com o decorrer de esclarecimentos. Enquanto isso, mesmo frente à entrada da Caixa Econômica Federal na administração do banco, o cenário segue incerto para o PanAmericano, em parte por conta do adiamento da publicação de resultados.

“O mercado espera por informações sobre os balanços trimestrais do PanAmericano. O aporte de R$ 2,5 bilhões aconteceu em 10 de novembro e a publicação dos dados deve trazer informações sobre a efetividade dele. As ações irão precificar de acordo com a qualidade dos dados divulgados”, diz o analista do setor bancário da Planner Corretora, Victor Martins de Figueiredo.

A percepção é de que o fenômeno foi pontual
Desde o fechamento do dia 9 de novembro, quando o Grupo Sílvio Santos fez o aporte para cobrir o rombo das carteiras de crédito do PanAmericano, as ações do banco já recuaram 41%, enquanto os papéis do Bic Banco (BICB4) e Daycoval (DAYC4), por exemplo, sofreram desvalorizações de 5% e 4%, respectivamente. Por sua vez, as ações do Paraná Banco (PRBC4) recuaram 4,4% e as do Cruzeiro do Sul (CZRS4) subiram 1,3%.

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“Em um primeiro momento, as ações refletiram a desconfiança em relação ao setor, mas as informações do mercado indicam que o problema foi localizado. Conforme os dados forem confirmados, o estresse será recompensado, passando a refletir os fundamentos e resultados de cada banco”, diz Martins. Em relação ao PanAmericano, no entanto, o analista não recomenda a exposição aos papéis neste momento.

O BTG Pactual compartilha o posicionamento sobre a pontualidade do escândalo de fraude. Para o presidente do grupo, André Esteves, o rombo foi “um fenômeno isolado, não sistêmico e irrelevante para o funcionamento do sistema financeiro brasileiro”, segundo declaração dada no Fórum de Empreendedores realizado no último sábado (20), em São Paulo.

Os analistas Marco Aurélio Barbosa, Marcela Nascimento e Camila Nicoletti, da Coin, afirmam em relatório que  “os eventos relacionados ao Banco PanAmericano aumentaram de certa forma o risco envolvido nos papéis de bancos médios”, entre eles o Bic Banco e Banco Pine. No entanto, consideram que os acontecimentos serão separados pelo mercado, refletindo o fundamento das ações.

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Mas o mercado pode preferir a cautela
A equipe do JPMorgan demonstra menos otimismo em relação às instituições de pequeno e médio porte. Para os analistas Frederic de Mariz e Saul Martinez, que assinam um relatório noticiado pela Bloomberg na semana anterior, os grandes credores tendem limitar a compra de portfólios de empréstimo, prejudicando a principal fonte de receita do segmento.

Da mesma forma, o analista Jorg Friedemann, do Bank of America, revisou para baixo a recomendação das ações do banco Cruzeiro do Sul, tomando por base a vulnerabilidade da instituição frente às novas regras para a supervisão federal das carteiras de crédito. “A habilidade do banco em gerar receita a partir desta fonte (a carteira de crédito) poderia ficar comprometida”, teme Friedemann, em relatório também divulgado pela Bloomberg.

Não se pode ignorar também a perspectiva externa relacionada ao setor financeiro. Os temores de que a crise econômica irlandesa contagie outros países da Zona do Euro trazem um panorama de incertezas desde a semana anterior, pressionando bancos locais e o desempenho de suas ações. “Uma coisa acaba por substituir a outra”, afirma Martins, da Planner. 

Sabatina no Senado
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, assim como a presidente da Caixa Econômica Federal e líder do Conselho de Administração do PanAmericano, Maria Fernanda Ramos Coelho, prestaram depoimentos na última quarta-feira (25) às Comissões de Constituição e Justiça e de Assuntos Econômicos do Senado. Eles foram convocados para esclarecer a crise do PanAmericano. 

Na audiência, Maria Fernanda desmentiu qualquer conhecimento sobre as deficiências financeiras do PanAmericano antes da aquisição de 49% das ações ordinárias do banco finalizada em julho e negou também qualquer tipo de interesse político, já que rumores apontam que o ex-ministro Luiz Gushiken poderia ter interferido na escolha do banco.

Ela reiterou a capacidade de cumprir o plano de negócio e de retorno aos acionistas. Segundo a executiva, com os R$ 2,5 bilhões tomados pelo Grupo Sílvio Santos do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), o rombo financeiro está coberto e há “plenas condições” de levar adiante as metas para o PanAmericano.

A posição da Caixa Econômica Federal no caso
Como parte do programa de resgate, o banco do apresentador Sílvio Santos aceitou a intervenção da CaixaPar, que detém 49% das ações ordinárias e 36,56% da participação total na empresa. A Caixa Econômica Federal passou a administrar a diretoria e nomeou Celso Antônio da Costa como novo chefe executivo.

Além da mão-de-obra, a ajuda da instituição federal virá por meio da comercialização de sua linha de cartão de crédito ao público de baixa renda atendido pelo PanAmericano. “A entrada da Caixa é positiva, frente ao funding mais barato obtido com a operação dos cartões. Desta forma, a perspectiva é favorável para ambas as instituições”, diz Martins.

“Não há problemas de financiamento para que o PanAmericano continue funcionando”, disse Maria Fernanda Ramos Coelho, na última quinta-feira (18) a jornalistas. “A Caixa irá dar ao PanAmericano todo o suporte necessário para que suas operações sigam normalmente”, completou.