Atividade econômica afetou setores industrial e de varejo no 1º trimestre, aponta Citi

Dentre os destaques positivos, esteve o setor de transportes; no mercado de alimentos, destaque para Hypermarcas e Marfrig

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Os resultados apresentados pelas companhias no primeiro trimestre de 2012 foram bem diferentes entre os diversos setores, sendo que os segmentos industrial e de varejo sofreram bastante com a desaceleração da atividade econômica. É o que apontou o analista da Citi Corretora, Hugo Rosa, durante conferência online sobre análise dos balanços das empresas que compõem o Ibovespa. 

Dentre os destaques positivos, esteve o setor de transportes. A Localiza (RENT3) apresentou um resultado bem mais forte, aponta o analista, surpreendendo principalmente com a manutenção da margem Ebitda (receita líquida/geração operacional de caixa) da companhia. “Isso reflete o reajuste de preços mais bem-sucedido, compensando a queda nas vendas de carros seminovos”, avalia Rosa. A CCR (CCRO3) também teve resultado forte, com queda nas despesas financeiras e lucro maior do que o esperado.

No setor aéreo, a GOL (GOLL4) foi bem avaliada já que, apesar de sofrer com o maior preço de petróleo e aumento da concorrência, o que afetou todas as empresas do segmento, foi bem sucedida em reduzir os custos. Segundo Rosa, esse movimento de corte de despesas também deve impactar o balanço da companhia nos próximos trimestres. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Indústria sofre no período
Já o setor industrial e de autopeças – com destaque para Romi (ROMI3), Randon (RAPT4) e Iochpe-Maxion (MYPK3) – tiveram um desempenho relativamente fraco, segundo o analista. Esses resultados decepcionantes são consequência do baixo crescimento da demanda, em meio à atividade econômica ainda fraca. Com essa demanda mais baixa, houve menor diluição de custos, o que afetou as margens da companhia do setor, aponta Rosa.

O analista destaca a Iochpe-Maxion como o principal resultado negativo, com o lucro sendo afetado por uma alavancagem maior, devido às aquisições realizadas em 2011.  

Companhias de alimentos apontam rumos opostos
Rosa aponta ressurgimento da Hypermarcas (HYPE3) que, depois de quatro trimestres muito ruins, teve recuperação de margens e crescimento de receitas. A Marfrig (MRFG3), também teve resultado positivo, por conta de um portfólio de vendas com maior valor agregado – com maior peso para produtos processados no mercado doméstico. “Entretanto, o cenário ainda é de cautela para companhia, já que a empresa está bastante alavancada e de ter uma exposição grande na exportação de carne in natura”, afirma.

Continua depois da publicidade

Do lado oposto, está a BR Foods (BRFS3), que apresentou descontrole nas suas despesas operacionais e alta dos custos de insumos. Mesmo com os preços dos insumos sendo os mesmos que a Marfrig, o analista afirma que o mercado sempre espera resultados mais positivos para a empresa. Com essa alta de custos, os investidores se decepcionaram com a companhia. 

A M.Dias Branco (MDIA3) também apresentou um trimestre muito bom, com menor volatilidade dos seus balanços. “A companhia sempre teve seus resultados bastante guiados pelos preços do trigo. Agora, com o maior estoque, a volatilidade está menor. Além disso, a companhia está conseguindo repassar preços e as duas aquisições realizadas no ano passado geraram maior integração vertical em suas operações”, aponta o analista. 

Atividade econômica afeta setor de consumo
O setor de varejo apresentou uma desaceleração importante no período, aponta Rosa. “Esse segmento, além de muito afetado pela sazonalidade, sofreu com o baixo ritmo da atividade econômica”, afirma. Ademais, avaliou o analista, as companhias ofereceram descontos bastante significativas nos preços, o que levou a perdas de margens brutas. Nesse cenário, a corretora aponta que a companhia mais resiliente é a Hering (HGTX3), ressaltando a preferência do setor pela companhia. 

Já a Lojas Americanas (LAME4) teve um resultado “brilhante” no varejo tradicional, segundo Rosa. Porém, este foi ofuscado novamente pela B2W (BTOW3), que decepcionou mais uma vez ao reportar queda do faturamento, margens e despesas ainda muito elevadas. 

A Raia Drogasil (RADL3) também divulgou um balanço acima do esperado pela equipe de análise da corretora, ressaltando que, ao contrário das varejistas tradicionais, a empresa apresenta característivas mais defensivas. Rosa avalia que os resultado podem ser ainda mais positivos nos próximos trimestres, já que as lojas ainda estão em fase de maturação – camuflando o crescimento elevado. 

Geradoras de energia e Sabesp têm bons resultados
Dentre as companhias do setor elétrico, o analista aponta que as empresas geradoras de energia elétrica apresentaram melhor desempenho com o aumento de preços no mercado à vista. Os destaques ficaram para a Cemig (CMIG4), Cesp (CESP6) e Tractebel (TBLE3). Entretanto, Rosa destaca que a pressão inflacionária segue afetando os custos gerenciáveis, o que ainda chama a atenção. 

Dentre as elétricas, a Eletropaulo (ELPL4) foi o destaque negativo, em meio ao momento de revisão tarifária da companhia. Essa revisão pressiona a geração de caixa, o que reduz as expectativas para pagamento de dividendos. A equipe de análise da corretora segue cautelosa com a companhia, recomendando a venda dos ativos ELPL4 apesar da queda expressiva dos papéis no ano, de 18,72%

Com despesa com PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) mais baixa, a Sabesp (SBSP4) apresentou um resultado bom, aponta o analista, destacando também o melhor resultado financeiro. Rosa recomenda a compra para os ativos, em meio ao processo de reavaliação da companhia. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.