Os segredos das fintechs e seus grandes problemas, segundo diretores de 4 das maiores do Brasil

Diretores das empresas Nubank, Geru, Mercado Pago e Creditas trazem diferentes visões sobre o mercado das startups financeiras para evento da XP Investimentos

Paula Zogbi

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SÃO PAULO – Segundo executivos do Nubank, Geru, Mercado Pago e Creditas, o grande segredo de qualquer fintech é resolver os maiores problemas financeiros de seus potenciais clientes com a maleabilidade e a rapidez de uma empresa baseada em tecnologia. Os quatro diretores participaram do evento XP Tech, realizado pela XP investimentos, nesta quinta-feira, 20 de julho.

“Enxergamos no cartão de crédito o maior número de deficiências no setor e apostamos nisso”, explica Gabriel Silva, diretor financeiro (CFO) do Nubank, durante o painel. A partir da descoberta do problema, a emissora dos cartões roxinhos passou a usar tecnologia, agilidade e operações menos robustas para oferecer o serviço mais personalizado e barato possível. “Descobrimos, por exemplo, que muita gente ligava para pedir a troca da data de fechamento da fatura. Em pouco tempo, criamos com nossos engenheiros uma solução para que eles possam fazer isso sozinhos, pelo app”, exemplifica.

Para as empresas de empréstimos com e sem garantia Geru e Creditas, a lógica foi semelhante. Juros exorbitantes vêm à cabeça do brasileiro assim que se pensa em tomada de crédito – e é aí que as duas empresas atacam, cada uma de seu jeito.

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“O objetivo é que [o empréstimo] seja indolor, com avaliação imediata e recebimento também imediato, na medida do possível”, explica o CEO da Geru, Sandro Reiss. Para Sergio Furio, da Creditas, esse é um mercado de altíssimo potencial localmente. “Ao contrário do que muita gente pensa, ainda cabe muito mais endividamento no Brasil, mas não da forma como é hoje [entre os grandes players]”, sugere.

Parte do Mercado Livre, o Mercado Pago está na ativa há mais tempo, mas se considera uma fintech justamente pela forma como traz soluções aos clientes. “Democratizar o comércio e o acesso ao dinheiro é nosso objetivo, e o formato das nossas operações permite que façamos isso de forma fácil, barata e segura”, conta o CEO da empresa, Tulio Xavier de Oliveira, citando a implementação de tecnologia de ponta para oferecer blindagem às operações. “Ter tecnologia no DNA é essencial para possibilitar isso”, continua.

Desafios

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Manter a agilidade de transformação necessária é um dos principais desafios para as startups que unem finanças e tecnologia. Para garantia de estar sempre lado a lado com as tendências de consumo, essas empresas confiam em integração e muita tecnologia.

“Todas as nossas equipes têm engenheiros. Quando uma equipe precisa de novas soluções, não precisa passar por uma fila de solicitações e esperar, é só conversar com a mesa do lado”, diz Silva, do Nubank. Reiss, da Geru, reforça: “não somos uma empresa com uma equipe de tecnologia: a Geru inteira é uma equipe de tecnologia”.

Dessa mentalidade, vem o que os empreendedores consideram o verdadeiro maior desafio: montar uma equipe qualificada. Segundo Reiss, cerca de 90% de seu trabalho é dedicado atualmente à busca de pessoal. Com quase 4.000 funcionários na América Latina, o desafio do Mercado Livre não deixou de ser equipe: “o problema é trazer gente na velocidade que a gente precisa”, diz Tulio. “Ao mesmo tempo, prefiro gastar mais tempo procurando do que fechar rápido com pessoas fora do perfil ideal”, diz.

No Brasil, outra questão capaz de empacar os negócios é a pífia educação financeira. “Se o brasileiro estivesse de fato pesquisando o melhor preço, ele chegaria sempre na gente e estaria atrás das fintechs. O desafio é que nós precisamos realizar também a educação financeira, além de oferecer nossos serviços”, analisa Furio.

Regulação

Embora o brasileiro tenda a ver os órgãos regulatórios com maus olhos, os executivos desmentem o boato de ineficiência causada pelo fechamento desses órgãos. Pelo contrário: o Banco Central está, de acordo com eles, fortemente empenhado em criar terreno para o funcionamento das fintechs, que estimulam a concorrência e evoluem o mercado.

“Desculpem dizer isso, mas acho que a regulação realmente não está sendo um grande obstáculo no momento”, diz Furio, ao ser questionado sobre obstáculos regulatórios. Reiss, da Geru, assina embaixo: “agora, a justiça cria problemas e anomalias maiores que a regulação”.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney