BC precisa mudar estratégia de intervenção para dólar não atingir patamares inimagináveis, diz analista

"Tudo sugere que a sua estratégia de intervenção no câmbio está relativamente desfocada", avalia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após alguns pregões de mais “tranquilidade”, o mercado cambial voltou a piorar nesta terça-feira (5), com o dólar disparando 1,7% e chegando aos R$ 3,81, seu maior patamar em mais de dois anos. O Banco Central tentou intervir de forma mais forte, mas não conseguiu mudar o rumo da moeda (veja mais clicando aqui). E agora o mercado começa a pedir uma mudança de estratégia da autoridade.

“Embora disponha de instrumentos que lhe permitem ampla visão do comportamento do mercado, tudo sugere que a sua estratégia de intervenção no câmbio está relativamente desfocada, pois insiste em ofertar maciço volume de proteção com “swaps cambiais” e não está irrigando a liquidez do mercado a vista”, avalia o diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme.

Segundo ele, a ação do BC tem que focar em fomentar a liquidez no mercado a vista, entrando com a oferta de linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra. Nehme acredita que a autoridade até pode manter os leilões de swaps cambiais, mixando com a oferta mais incisiva de linhas de financiamento, “suprindo e ancorando a crescente demanda no mercado a vista pelos investidores estrangeiros que estão dando claros sinais de retirada de recursos do país”.

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Ele lembra que grande parte dos investidores estrangeiros com recursos no País já estão “hedge”, ou seja, protegidos, após terem sido surpreendidos ao inicio de abril e terem desencadeado forte demanda por proteção ocasionando, o que puxou as cotações para cima nas últimas semanas.

Nehme reforça a piora do cenário doméstico, com a aumento da fragilidade do governo diante da greve dos caminhoneiros, que ainda pode voltar se o Planalto não conseguir impor as decisões que adotou e determinou aos fornecedores dos combustíveis.

“Neste quadro, o BC não pode perder mais tempo para iniciar a alteração de sua estratégia de intervenção no câmbio, precisando acentuar sua oferta de liquidez no mercado a vista de câmbio com leilões de linhas de financiamento com recompra, mesmo que a mixe com a oferta em menor dimensão de swaps cambiais, para que a taxa cambial não avance para patamares inimagináveis”, completa o analista.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.