Apertem os cintos: após superar os R$ 3,50, até onde o dólar pode chegar?

Disparada dos Treasuries e incerteza do cenário político contribuem para a valorização da moeda

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Com alta de 5% somente neste mês e caminhando para a quinta alta consecutiva, o dólar comercial atingiu nesta quarta-feira (25) a faixa de R$ 3,50, justamente a máxima verificada em outubro de 2016. Diante desta escalada, fica a pergunta: até onde a moeda norte-americana pode chegar?

Superando essa importante barreira, a moeda tem imediatamente uma resistência intermediária em R$ 3,53, mas seu principal objetivo de curto prazo está localizado entre R$ 3,60 e R$ 3,64, máxima cravada na última semana de maio de 2016. Naquele mês, a moeda encerrou em alta de 5%, diante do clima de instabilidade política após Michel Temer assumir o governo em vista do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A moeda ganhou força nos últimos dias em vista da alta dos Treasuries norte-americanos de 10 anos, que nesta terça-feira superaram a faixa de 3% pela primeira vez em quatro anos. A escalada dos títulos está relacionada aos temores de um aumento da inflação por todo o globo em vista da disparada das commodities este mês, em especial do petróleo, que retornou para a faixa de US$ 69 o barril em NY. Por conta disto, cresce a expectativa que o Fed aumente os juros por 4 oportunidades este ano, enquanto o mercado projeta 3 altas em 2018, o que reduziria a liquidez e, consequentemente, a oferta de dólares.

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Além do ambiente externo, a valorização do dólar diante o real também ocorre em meio as incertezas sobre os rumos das eleições deste ano. Com a real possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva não disputar as eleições em vista da condenação no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) pelo caso do Tríplex do Guarujá (SP), o cenário está cada vez mais nebuloso. O último Datafolha apontou que Geraldo Alckmin (PSDB), considerado um candidato “pró-mercado” pelo seu viés reformista, está perdendo cada vez mais espaço, como também trouxe como novidade o potencial eleitoral de Joaquim Barbosa.

Neste momento, não é apenas Alckmin que enfrenta dificuldades entre os candidatos preferidos pelo mercado, o que acaba contribuindo para o aumento das tensões. Candidaturas localizadas mais na centro-direita têm apresentado desempenho ruim nas pesquisas. É o caso de nomes como Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM), ambos com 1% das intenções de voto, mesma pontuação de Flávio Rocha (PRB) e João Amoêdo (NOVO).

E agora BC?

Com a alta volatilidade do dólar, cresce a expectativa para que o Banco Central realize atue no mercado de câmbio para frear a disparada da moeda. No começo do mês, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, citou que o Brasil está preparado para a volatilidade da moeda, tendo em vista as reservas internacionais, atualmente em US$ 383 bilhões, e a posição da instituição em swaps, próxima de US$ 24 bilhões: “temos o suficiente de reservas e de swaps para enfrentar qualquer cenário à frente”, disse.