Prepare-se: evento de US$ 400 bilhões pode fazer o dólar disparar no início de 2018

Programa de repatriação de recursos pode fazer a moeda norte-americana disparar no mundo todo, e os países emergentes seriam os mais impactados

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após passar por um “susto” em maio com o escândalo da JBS, o dólar comercial passou a reverter sua disparada e chegou a operar um bom tempo abaixo de R$ 3,20, mas, desde outubro, este cenário tem mudado bastante e agora a divisa volta a registrar valores acima dos R$ 3,30. E se você estava aguardando uma calmaria, uma nova queda do preço, se prepare porque o que podemos ver é exatamente o contrário.

Em matéria publicada na segunda-feira (25), o Wall Street Journal aponta que a possível repatriação de até US$ 400 bilhões que as companhias americanas têm fora dos Estados Unidos pode gerar uma forte alta no dólar no início de 2018. O plano do governo Donald Trump prevê fixar uma taxa de 8% a 15,5% sobre os capitais de empresas americanas que queiram repatriá-los.

O jornal explica que muitas empresas devem optar por vender ou converter em dólares seus ativos fora dos EUA. Isso deve gerar uma demanda adicional de moeda americana, pelo menos na primeira parte do ano, e este impacto deve ser ainda maior para países emergentes, incluindo o Brasil.

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Cálculos gerais mostram que, no total, os fundos no exterior podem estar entre US$ 1 trilhão e US$ 3 trilhões, mas o WSJ aponta que na repatriação este valor deve ficar entre US$ 200 e US$ 400 bilhões. Assim como aconteceu recentemente no Brasil, a ideia deste plano é favorecer empresas que levaram seus negócios para fora do país buscando cargas tributárias mais baixas.

Em carta à investidores, o diretor executivo da NGO Associados, Sidnei Moura Nehme, lembra ainda que já há rumores de que a Rússia avalia medida semelhante de repatriação, o que poderá tornar o impacto no mercado internacional ainda mais intenso.

Além disso, segundo ele, a economia americana dá sinais de retomada mais intensa, o que poderá catalisar os investimentos internacionais, também em detrimento dos mercados emergentes.

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No Brasil, o cenário pode ficar ainda mais complicado diante da possibilidade de um corte de rating do País pelas principais agências de risco, enquanto analistas projetam uma chance cada vez menor de aprovação da reforma da Previdência, que foi adiada recentemente para fevereiro.

Analistas ainda não apontam para quanto o real pode ir, mas considerando os cálculos feitos pelo JPMorgan, que indicam que o euro poderia saltar para 1,30 contra o dólar norte-americano – ante US$ 1,18 atualmente -, o real tem potencial para superar a marca de R$ 3,50 contra o dólar caso este cenário se concretize.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.