Dólar cai para R$ 3,22 e passa por teste importante que pode levar a mais quedas

Região representa um suporte para possível mudança de tendência da moeda no médio prazo, que poderá recuar ainda mais

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma sessão de expressiva queda, o dólar chega ao quarto dia seguido de perdas de olho no cenário político doméstico e em eventos importantes no exterior. Com estes recuos, a moeda volta a se aproximar do patamar de R$ 3,20, chegando ao seu menor valor desde a delação da JBS, e ficando próximo de uma virada de tendência.

Às 13h35 (horário de Brasília), o dólar comercial registrava forte queda de 0,82%, cotado a R$ 3,2255 na compra e R$ 3,2267 na venda, enquanto o contrato futuro do dólar com vencimento em agosto, tinha perdas de 0,90%, sinalizando cotação de R$ 3,2395.

Segundo o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, a região de R$ 3,20 é um suporte importante para o dólar e que, se for rompido, poderá reverter a tendência da moeda no médio prazo, que segue sendo de alta. “Vamos aguardar como será o teste”, afirmou em relatório para clientes nesta quarta-feira (12).

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“A força do mercado interno hoje é reflexo da melhora externa e a surpreendente votação da reforma trabalhista”, explica Faria citando a vitória do governo no Senado com 50 votos na reforma na noite de ontem, número bem superior ao que projetava o mais otimista dos analistas.

Nos últimos dias, Faria já havia feito um alerta sobre esta mudança de tendência da moeda e também do Ibovespa, que há meses segue a mesma para o longo prazo: alta do índice e queda do dólar. “Neste momento, os preços destes ativos se aproximam de seus respectivos gatilhos de reversão de médio prazo. Se estas reversões forem confirmadas, deveremos ter maior sustentação para o Ibovespa e para o real”, afirmou.

Sobre o cenário político, apesar do mercado mostrar que não tem tanto problema com uma possível troca de presidente, as incertezas sobre Temer seguem altas após Rodrigo Janot afirmar que “vê forte materialidade” para uma segunda denúncia contra o presidente.

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“Assim, parece que o esforço do presidente poderá ser suficiente para sobreviver a ‘primeira flecha’, mas é possível que não seja suficiente
para sobreviver a ‘segunda flecha'”, afirma Faria. “Enquanto isto, notícias indicam que Rodrigo Maia segue negociando a sua ascensão ao Planalto, apesar dos sérios riscos do mesmo ser atingido por delações premiadas. Assim, o quadro ainda segue incerto, mas aumentou a aposta em aprovação de alguma reforma da Previdência”, explica ele.

“O movimento reflete a confiança maior de permanência de atual governo, com trabalhista aprovada e percepção que Previdência, mesmo desidratada, talvez restrita à idade mínima, deve ser aprovada”, disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, para a Bloomberg.

Na sessão desta quarta, o dólar acentua as perdas após a divulgação do testemunho de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, no Congresso dos Estados Unidos. Em sua fala, ela indicou a manutenção da sinalização de gradualismo em relação à alta de juros. Na véspera, a dirigente do Fed Lael Brainard também falou e levou a uma redução das apostas de nova alta dos juros este ano pela autoridade, apesar da dirigente indicar o início do processo de redução do balanço a partir de setembro.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.