Dólar dispara e encosta em patamar que pode marcar o fim da tendência de queda da moeda

Apesar da forte alta da moeda hoje, a tendência no médio prazo ainda é para baixo, mas isto pode mudar com um novo cenário no mercado

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O surpreendente resultado do indicador de emprego privado nos Estados Unidos, o ADP Employment, faz o dólar subir forte nesta quarta-feira (8), reforçando a alta de juros nos Estados Unidos e mantendo o cenário dos últimos dias. Apesar dos ganhos, a tendência da moeda no médio prazo segue de queda, mas isto pode não continuar desta forma por muito tempo.

O dólar comercial fechou com ganhos de 1,65%, cotado a R$ 3,1715 na venda. Na agenda, diversos eventos chamam atenção e devem ditar o ritmo do mercado nestes próximos dias, mas alguns outros fatores precisam ficar no radar do investidor, lembra o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior. Em relatório, ele destaca a ausência do Banco Central no câmbio até agora no mês.

“O BC não indicou ainda como fará com o estoque de US$ 9,7 bilhões em swaps que vencem na virada do mês. Porém, Ilan comentou que o BC pode continuar reduzindo o seu estoque de swaps, sugerindo rolagem parcial neste mês”, disse. No exterior, atenção agora para o relatório de Emprego na sexta-feira (10), que deve vir forte após os dados do ADP hoje.

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O setor privado norte-americano gerou 298 mil novos empregos em fevereiro, superando a mediana das estimativas dos analistas consultados pela Bloomberg, de 187 mil. Indicativos de maior força do mercado de trabalho favorecem a percepção de alta nos juros norte-americanos na próxima reunião do Fomc (Federal Open Market Committee), marcada para 15 de março.

Faria lembra ainda de uma série de eventos nos próximos dias, como a votação do projeto de repatriação no Senado hoje, a reunião do Banco Central Europeu amanhã e o próprio Fomc na próxima quarta-feira. Enquanto isso, o governo segue lutando para conseguir aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

Por outro lado, ele aponta seis pontos importantes para ficar de olho em relação ao dólar, e que podem cravar o fim da tendência de queda da dólar:

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1) Enquanto o dólar seguir abaixo de R$ 3,17, ele segue em tendência de baixa de médio prazo.

2) Se a moeda romper este nível, terá potencial para buscar novos patamares entre R$ 3,20 e R$ 3,25. “Vendas podem ser feitas perto de R$ 3,15, como temos sugerido há alguns dias. Porém, é importante reforçar o nosso alerta que estas vendas devem ser suspensas se o dólar romper a região de R$ 3,17”, afirma.

3) Esta semana tem sido de fraqueza na moeda da Austrália (que tem comportamento histórico próximo ao real e por isso é importante ficar de olho). Por enquanto o dólar segue em tendêncai de queda contra a moeda australiana, mas já se aproxima do gatilho de reversão.

4) Esta semana também marca uma reversão do índice de commodities, que abre uma tendência de queda no médio prazo. Segundo Faria, isto é uma má notícia para o Brasil e joga pressão de alta para o dólar.

5) As bolsas globais seguem em alta, especialmente nos EUA, onde os índices estão próximos das máximas históricas. Além disto, o índice VIX (que mede a volatilidade) está próximo de sua mínima histórica. Ou seja, o mercado parece um pouco “esticado” e, por isso, não está descartada uma queda mais forte do S&P com alta da volatilidade, quadro que poderia gerar brusco aumento da aversão ao risco.

6) Por fim, logo após o Fomc deverá ganhar força a discussão sobre a criação do chamado BAT (Border Adjustment Tax). Este seria um imposto que daria incentivos fiscais para as empresas americanas que enviam produtos para outros países, e iria retirar isenções fiscais de empresas americanas que importam mercadorias de outros países.

Os impactos desta proposta, porém, ainda não são tão claros e devem tomar os noticiários nas próximas semanas. O presidente Donald Trump espera negociar este imposto para entrar em vigor ainda este ano.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.