Dólar pode cair abaixo de R$ 3,00 em 6 meses, mas três fatores precisam ajudar, diz XP

Cenário base da corretora vê a moeda entre R$ 3,10 e R$ 3,40, mas não descarta chances de perder os R$ 3,00 nos próximos meses

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Diante das incertezas do cenário político doméstico e com os riscos de uma alta de juros pelo Federal Reserve nos Estados Unidos, além do cenário econômico na China, a expectativa é que nos próximos seis meses, o dólar deva ficar entre R$ 3,10 e R$ 3,40, segundo projeção da equipe de analistas da XP Investimentos.

Em relatório, o estrategista-chefe da corretora, Celson Placido, e o analista Gustavo Cruz, destacam que “caso a agenda das reformas passe a ganhar tração, é possível que algum influxo de capital ajude a apreciar o real, ainda que temporariamente”, o que poderia levar o dólar para níveis abaixo de R$ 3,00.

Os analistas lembram da dificuldade que é fazer uma projeção de dólar e como a moeda sofre com mudanças bruscas e que acabam “enganando” os especialistas. Por outro lado, é possível identificar quais são os seus principais vetores de atuação, para com isso traçar os cenários possíveis da divisa.

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Olhando para o cenário externo, a XP vê três fatores de preocupação: i) o maior deles é o que esperar da condução da economia dos EUA com Trump no poder e os seus efeitos sobre a política de juros do Fed; ii) na China, existem temores sobre o impacto das políticas de Trump, além dos perigos do plano econômico do governo local, que pode levar a uma forte desaceleração da economia; iii) possibilidade da fragmentação política na Europa colocar em risco o projeto da Zona do Euro, o que pode abalar muito os mercados.

Do lado doméstico, dois fatores são favoráveis: i) o cenário político, apesar de desafiador, é mais favorável, com o governo mostrando força para as reformas necessárias; ii) os fundamentos têm indicado que a melhora da economia, ainda que não óbvia, deve se tornar uma realidade.

Diante destas variáveis, a equipe da XP traçou três cenário possíveis para os próximos seis meses:

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CENÁRIO OTIMISTA
Dólar entre R$ 2,90 e R$ 3,15: (i) Reforma da Previdência passa no Congresso mantendo boa parte da sua proposta original (idade mínima de 65 anos e etc); (ii) Banco Central estende o ciclo de corte de juros e consegue sinalizar juros menores mais à frente; (iii) cenário externo benigno (mercado entende que Trump não entregará tudo o que disse ao longo da campanha eleitoral, mantendo os juros de mercado relativamente estáveis, eleições na Europa sem surpresas negativas – Le Pen perde na França – e dados da China menos voláteis).

CENÁRIO BASE
Dólar entre R$ 3,10 e R$ 3,40: (i) Reforma da Previdência passa no Congresso mantendo parte da sua proposta original; (ii) Banco Central segue com cortes de juros esperado pelo mercado (9,50% em 17 e 9,0% em 18); (iii) cenário externo menos desafiador (mercado entende que Trump entregará parte do que prometeu ao longo da campanha eleitoral, permitindo que os juros de mercado se elevem com pouca volatilidade, eleições na Europa dentro do esperado – Le Pen perde na França, mas com incerteza – e dados da China menos voláteis).

CENÁRIO PESSIMISTA
Dólar entre R$ 3,30 e R$ 3,70: (i) Reforma da Previdência não passa no Congresso ou passa desidratada mantendo os riscos fiscais presentes; (ii) Banco Central realiza ciclo de cortes menor, sinalizando possível elevação em 2018; (iii) cenário externo mais desafiador (mercado entende que Trump entregará quase tudo do que prometeu ao longo da campanha eleitoral, elevando os juros de mercado com maior intensidade, eleições na Europa em risco – Le Pen ganha na França e eleva risco de ruptura – e dados da China voltam a trazer questionamentos sobre um possível hardlanding).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.