Dólar abaixo de R$ 3,00 não é sustentável para a economia brasileira, diz especialista

Mesmo que o Fed suba os juros nos EUA na próxima semana, cenário ainda é de queda para a moeda norte-americana no curto prazo

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Mesmo com todo o mercado de olho na decisão do Federal Reserve sobre uma alta de juros nos Estados Unidos, este não deve ser o grande driver para o dólar no curto prazo, que pode até perder os R$ 3,00, segundo o economista e fundador da fintech BeeTech, Fernando Pavani. Por outro lado, ele alerta que, no longo prazo, a moeda não tem como se sustentar em níveis tão baixos.

Pavani explica que o cenário atual tem sido bastante favorável para o real. No exterior, a combinação entre um bom humor do europeu e as políticas do presidente Donald Trump – que podem prejudicar os EUA e ajudar países como o Brasil -, acabam enfraquecendo a moeda norte-americana. Enquanto isso, a melhora econômica por aqui tem deixado os investidores mais otimistas, mesmo com alguns temores políticos.

O maior risco para uma alta nas próximas semanas é a reunião do Fomc no dia 15 de março. Mesmo assim, o economista afirma que uma alta de juros já está precificada e poderia apenas ter um impacto “momentâneo” na cotação, provavelmente no dia da decisão.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo ele, o que poderia mudar o cenário seria uma indicação de que o Fed pretende elevar as taxas mais de 3 vezes este ano, algo que o mercado não espera. “O Fed não tem força para mudar o cenário agora”, afirma. Com isso, mesmo com um estresse pontual da moeda, a tendência continuará de queda, e caso o cenário se confirme, o dólar pode perder os R$ 3,00.

Por aqui, a questão segue a aprovação da reforma da Previdência e o andamento da reforma trabalhista, sendo que ambas devem passar, mesmo que com algumas alterações. Por outro lado, há o risco da delação premiada dos executivos da Odebrecht, que, segundo Pavani, não tem mostrado força para afetar o governo, podendo, porém, afetar outros políticos e trazer um pouco de dificultado para Temer no Congresso.

Nesta combinação de fatores internos e externos, Pavani acredita que o dólar deva se manter próximo ao nível atual de R$ 3,10 em março, com alguma chance de subir até R$ 3,15 e, mesmo que por pouco tempo, cair forte para R$ 3,00. Mas isso não deve durar nos meses seguintes.

Continua depois da publicidade

O economista explica que a indústria brasileira já tem mostrado uma reação positiva ao dólar no nível atual e que se a moeda perder os R$ 3,00, não será sustentável para a própria economia doméstica. “O real mais forte que agora vai contra a recuperação da economia brasileira”, explica.

“Este é um dólar bastante competitivo para o Brasil e não vale a pena ver ele mais barato que isso. Como gestor, eu não venderia dólar abaixo de R$ 3,00 de jeito nenhum”, afirma Pavani. “Inclusive, se a moeda cair tanto assim, eu recomendaria comprar muito”, completa.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.