Os 4 motivos que explicam a queda do dólar para R$ 3,12 mesmo em dia negativo da Bolsa

Moeda caiu 0,7% nesta segunda e já encosta nos R$ 3,10, destoando do movimento de alta do dólar visto no mundo todo hoje

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O dólar e a Bolsa costumam fazer movimentos opostos durante o pregão, já que fatores que elevam ou reduzem o apetite por risco dos investidores fazem com que estes dois ativos tenham desempenhos diferentes, ou seja, quando um cai o outro sobe, e vice-versa. Mas esta segunda-feira (30) é uma daquelas sessões em que isso não acontece e chama atenção do mercado, que tenta entender o motivo.

E para esta sessão a combinação de quatro eventos justificam a forte queda da moeda norte-americana, que no exterior registra alta contra praticamente todas as outras principais divisas globais. O dólar comercial fechou com queda de 0,77%, cotado a R$ 3,1261 na compra e R$ 3,1276 na venda – chegando a R$ 3,1143 na mínima do dia -, enquanto o dólar futuro para fevereiro tinha perdas de 0,52%, para R$ 3,128. Com isso, a moeda acumula queda de cerca de 4% no mês, caminhando para o janeiro com maior desvalorização desde 2012.

O diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, destaca como primeiro fator para a forte queda da moeda o movimento iniciado ainda na sexta-feira com a divulgação de um PIB (Produto Interno Bruto) mais fraco que o esperado nos Estados Unidos. A maior economia do mundo cresceu 1,9% no quarto trimestre de 2016, contra expectativa de 2,2%. Com isso, começam a aumentar as chances do Federal Reserve não conseguir fazer as três altas de juros previstas para este ano.

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Mas é um segundo fator que leva o dólar a ter um movimento contrário no Brasil em relação ao resto do mundo: expectativas por captações. Na última semana, a Embraer captou US$ 750 milhões, com o volume total captado chegando a US$ 5,95 bilhões. Analistas já esperam por novas captações por parte da Braskem, Cemig, Vale e Gerdau, o que ajuda na entrada de dólares no país e derruba a cotação.

Aliado a isso, o Banco Central deu continuidade a rolagem dos swaps que venciam em fevereiro, com o último lote de 14 mil contratos colocados para leilão nesta segunda. Com isso, a autoridade monetária rolou todos os US$ 6,4 bilhões que venciam em fevereiro. Para Faria, esta agenda de captações e os leilões do BC são dois fortes fatores que pressionam a cotação do dólar contra o real.

Por fim, o quarto motivo é a “briga” mensal dos investidores para a formação da Ptax, que aumenta a volatilidade da moeda todo fim de mês. A Ptax será definida nesta terça-feira (31) e será a taxa usada para a liquidação de contratos de derivativos cambiais que vencem no primeiro dia de fevereiro, por conta disso, comprados e vendidos tentam levar o dólar para um patamar mais favorável para eles, o que costuma trazer volatilidade para o dólar.

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Para Faria, após o dólar romper os R$ 3,15 no fim da última semana, o mercado fica de olho no teste dos R$ 3,10. “A expectativa de recuperação do dólar por aqui na manhã de quinta-feira passada não se materializou. Recomendamos o início das vendas a partir do R$ 3,18, sendo que a chance de ver a moeda acima de R$ 3,20 agora se reduziu muito”, explica.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.