Queda de 5,7% e de volta aos R$ 3,18; há algo de “errado” com o dólar?

Dólar segue em forte queda desde o meio de dezembro, mas isso criou um descolamento ante o desempenho da moeda no exterior, e isso não deve continuar por muito tempo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após chegar a cair quase 1% durante a tarde, chegando a valer R$ 3,1825, o dólar comercial zerou as perdas na última hora do pregão desta terça-feira (10) com os investidores divididos entre a expectativa de ingresso de recursos e a alta da moeda norte-americana frente a divisas emergentes.

A moeda norte-americana fechou com leve alta de 0,06%, cotada a R$ 3,1980 na compra e R$ 3,1986 na venda. “A captação da Petrobras gerou expectativa de ingresso de recursos. Por outro lado, no exterior, há cautela com o pronunciamento de Trump amanhã”, comentou o operador de câmbio da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva Filho.

Nesta quarta-feira (11), às 14h (horário de Brasília), o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dará a primeira coletiva desde que derrotou a democrata Hillary Clinton na disputa pela Casa Branca em novembro. Os investidores estão apreensivos com a política econômica que será adotada no governo de Trump, que pode ser inflacionária e obrigar o Federal Reserve a elevar ainda mais os juros, o que atrairia à maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados, como o brasileiro.

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Do lado doméstico, a captação da Petrobras ajudou a puxar o dólar para baixo na véspera e mantém a moeda em níveis menores enquanto o mercado aguarda por anúncios de captações de outras empresas. A estatal anunciou captação de US$ 2 bilhões, mas devido a demanda e os juros baixos, o volume captado atingiu US$ 4 bilhões.

Dado o atual cenário, o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, destaca que “enquanto a principal Lei da Economia não for revogada (Oferta e Procura), o dólar não tem forças para subir”.

Ele lembra ainda que o Banco Central segue sem atuar no mercado, mas que isso pode ser a autoridade “guardando munição”, podendo atuar caso os investidores comecem a ficar nervosos com Trump após a coletiva ou com a proximidade da posse oficial. “Caso o mercado siga calmo, o BC poderá iniciar as operações de reverso e retirar o eventual saldo remanescente no dia 31 de janeiro”, afirma.

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Algo errado?
Sobre a recente queda de 5,77% da moeda desde o dia 16 de dezembro – quando estava em R$ 3,39 -, Faria relembra um alerta que já havia feito: “parece que há algo errado. Ou o Dollar Index recua ou o dólar ante o real sobe”.

Segundo ele, a explicação para esse descolamento entre a moeda aqui e no exterior, está  na expectativa por fluxo, crença na aprovação de mais reformas do governo, e também pela aposta de solução da questão fiscal dos Estados. Mesmo assim, este cenário não deve durar muito tempo, conclui.

Com Reuters

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.