Mais um motivo para queda: dólar cai abaixo de R$ 3,20 após ata do Fomc menos hawkish

Documento divulgado no fim da tarde de ontem mostrou integrantes do Fed com muitas dúvidas sobre as políticas de Trump, colocando em xeque as 3 altas de juros previstas para 2017

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O tom da ata da última reunião do Fomc, publicada na tarde de quarta-feira (4), não deixou o mercado muito decidido sobre qual será o rumo da política monetária do Federal Reserve, mas uma coisa ficou clara, o tom deixado pelos líderes da autoridade foi mais fraco que o da chair Janet Yellen após o encontro de dezembro. E isso, para o mercado brasileiro, foi mais um fator para que o dólar continuasse em queda.

Nesta quinta-feira (5), a moeda norte-americana caiu 0,62%, cotada a R$ 3,1970 na compra e R$ 3,1985 na venda (cotação das 16h40, horário de Brasília). O diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, destaca que no acumulado dos últimos pregões, a moeda registra sua maior queda desde antes de eleição de Donald Trump. Isso ocorre após a ata do Fomc falar sobre “incertezas consideráveis” para a economia devido a falta de visibilidade da política econômica do novo governo.

Além disto, alguns membros do Fed se preocupam com a força do dólar e a dúvida sobre a alta dos salários, o que coloca ainda mais questões sobre os próximos passos da autoridade. “Assim, o Fed coloca em dúvida se conseguirá cumprir o objetivo de 3 altas nos juros. O tom da ata foi considerado menos duro do que a entrevista de Yellen logo após a reunião de dezembro. Desta forma, volta a ideia de alta gradual dos juros nos Estados Unidos nos próximos anos”, disse Faria.

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Por outro lado, a consultoria Prattle afirmou que esta foi a ata mais “hawkish” em dois anos, segundo informações do MarketWatch. Usando um algoritmo, a empresa analisa as palavras e frases das minutas e dá uma pontuação entre -2 e 2, com números negativos indicando mais “dovish” e números positivos indicando mais “hawkish”.

A ata da reunião de dezembro teve uma pontuação razoavelmente hawkish de -0,54, resultado duas vezes acima dos -0,27 do documento divulgado após a reunião do dia 14 de dezembro. A questão é que ainda existem muitas dúvidas apontadas nesta ata, a própria Yellen havia sido mais enfática sobre a rapidez das altas de juros este ano, o que pode mudar a partir de agora.

E este fator se junta com outras boas notícias externas, com PMIs melhores que o esperado e alta das commodities, além do clima positivo no Brasil, com recesso no Congresso, fluxo cambial em alta com as expectativas de captações, e os juros ainda altos ante outros países pelo mundo. Tudo isso junto tem criado um cenário cada vez melhor para quedas do dólar, sustentando o patamar de R$ 3,20 destes últimos pregões.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.