Ibovespa Futuro recua forte e dólar sobe com nova ofensiva de Trump contra China

Bolsas internacionais recuam forte após presidente dos EUA ameaçar taxar mais US$ 200 bilhões em produtos chineses

Rafael Souza Ribeiro

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Vale diminui perdas, bancos saltam: acompanhe o movimento do mercado nesta terça-feira clicando aqui

SÃO PAULO – Os contratos futuros do Ibovespa com vencimento em agosto recuavam 1,04%, aos 69.670 pontos, às 9h16 (horário de Brasília) desta terça-feira (19), enquanto o dólar subia e retornava para a faixa de R$ 3,77, acompanhando o movimento de forte queda do mercado internacional com o aumento da tensão comercial entre EUA e China.

Na noite da última segunda-feira (18), o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que pediu ao Escritório do Representante Comercial que estudasse a imposição de tarifas de 10% sobre outros US$ 200 bilhões em produtos chineses. Trump também comentou que, se houver nova retaliação por parte de Pequim, serão adotadas tarifas adicionais sobre mais US$ 200 bilhões em bens da China. Isso significa que o total poderia chegar a US$ 400 bilhões. 

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Em resposta, a China disse que os EUA “iniciaram uma guerra comercial” e que Pequim terá de adotar “medidas abrangentes” se Washington for adiante com seus planos de tarifação. Na sexta-feira (15), a Casa Branca já havia anunciado planos de impor tarifas de 25% a US$ 50 bilhões em mercadorias da China. Na ocasião, Pequim afirmou que retaliaria os EUA na mesma medida.

Diante do clima de maior aversão ao risco diante da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, os contratos futuros de dólar com vencimento em julho subiam 0,60%, aos R$ 3,775, com o mercado de olho nas novas atuação do BC para conter a moeda. Para esse pregão, a autoridade monetária ofertará até 8.800 contratos de swap cambial, mas, dependendo do estrese do câmbio, medidas extraordinárias deverão ser tomadas.

Bolsas mundiais

A sessão promete ser mais uma vez de aversão ao risco para os mercados mundiais. As bolsas asiáticas, por exemplo, amargaram fortes perdas nesta terça-feira, reagindo à escalada da retórica comercial entre EUA e China. O Xangai Composto, principal índice da China, fechou em baixa de 3,78%, a 2.907,82 pontos, atingindo o menor nível em quase dois anos, enquanto o Shenzhen Composto, que é em boa parte formado por startups, despencou 5,77%, a maior queda desde o começo de 2016. Já o o japonês Nikkei caiu 1,77% em Tóquio, sua maior perda em três meses. Vale ressaltar que, ontem, tanto os mercados da China continental quanto os Hong Kong e de Taiwan não haviam operado devido a feriados. 

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Na Europa, o dia também é de fortes perdas, ofuscando a fala do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, que sinalizou que a instituição poderá estender seu gigantesco programa de compras de ativos e adiar elevações de taxas de juros para combater possíveis choques à economia da zona do euro. Draghi, que falou durante conferência anual de política econômica do BCE em Sintra, Portugal, alertou que a zona do euro enfrenta riscos crescentes, que incluem disputas comerciais e a alta dos preços do petróleo.

No mercado de commodities, o petróleo e metais industriais recuam em vista do temor de uma escalada da guerra comercial entre China e EUA, movimento visto também entre os contratos futuros de minério de ferro negociados em Dalian, levando mineradoras a serem destaque negativo no Stoxx 600.

Às 9h16, este era o desempenho dos principais índices:

*S&P 500 Futuro (EUA) -1,12%

*Dow Jones Futuro (EUA) -1,34%

*Nasdaq Futuro (EUA) -1,09%

*DAX (Alemanha) -1,33%

*CAC-40 (França) -1,05%

*FTSE MIB (Itália) -0,42%

*Hang Seng (Hong Kong) -2,78% (fechado)

*Xangai (China) -3,82% (fechado)

*Nikkei (Japão) -1,77% (fechado)

*Petróleo WTI -1,53%, a US$ 64,84 o barril

*Petróleo brent -0,62%, a US$ 74,87 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -4,56%, a 450,50 iuanes (nas últimas 24 horas) 

*Bitcoin +3,76%, R$ 26.081 (confira a cotação da moeda em tempo real)

Início do Copom e o dilema do BC

No Brasil, o Banco Central inicia a reunião de política monetária de dois dias em meio ao dilema de aumentar ou não os juros após a disparada do dólar. Pelas comunicações mais recentes da instituição, a tendência é de que a Selic (a taxa básica de juros) permaneça em 6,5% ao ano, mas o BC apontou que sua decisão será tomada só na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária (Copom), que termina na quarta-feira à noite. O Projeções Broadcast consultou 49 instituições financeiras e todas esperam que o Copom – formado pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, e pelos oito diretores da instituição – mantenha a Selic no atual patamar, que é o menor nível da história.

Neste cenário, o mercado monitora eventuais atuações do BC com swaps após dólar fechar na véspera em alta de 0,4%, quinto avanço em 6 pregões, cotado a R$ 3,7448. Vale destacar notícia da Bloomberg de que BC vê ritmo de oferta de swap insustentável até a eleição, segundo afirmou fonte do alto escalão do banco à agência. Em nota enviada à Bloomberg, a autoridade monetária disse que “não reconhece qualquer declaração feita ‘off-the- record’, especialmente por alguma pretensa ‘alta fonte do BCB’, de acordo com comunicado público de 1º de novembro de 2016, publicado em sua página na Internet”. Nesta terça, o BC oferta até 8.800 contratos de swap para rolagem; o Tesouro faz leilões de compra e venda de LTNs, NTN-Fs e NTN-B e o BC também oferta R$ 10 bilhões em títulos públicos em operações compromissadas de 9 meses.

Vale destacar que o IPC-Fipe acelera mais que o previsto em São Paulo para alta de 0,84% na 2ª quadrissemana de junho, ante estimativa de alta de 0,82%; o IGP-M também veio acima do esperado, a 1,75% na segunda prévia de junho ante estimativa de 1,67%. 

Notícias do dia

No noticiário político do dia, atenção para a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), que julga hoje (19), a partir das 14h00, ação penal proposta pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra a presidente do PT e senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. No processo, os cinco ministros do colegiado vão decidir se condenam ou absolvem os acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, na Operação Lava Jato. Veja mais clicando aqui. 

Atenção ainda para os desenhos para formação de alianças eleitorais. Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, a equipe de Geraldo Alckmin (PSDB) fez um gesto oficial ao MDB, partido de Michel Temer. Alçado à coordenação política da campanha do tucano ao Planalto, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO) marcou um encontro com o presidente nacional do MDB, Romero Jucá (RR). A conversa está pré-agendada para quinta (21). A pessoas próximas, Perillo defendeu pragmatismo nessa etapa da disputa. Enquanto isso, informa a coluna, ao chamar o vereador Fernando Holiday (DEM-SP) de “capitãozinho do mato” em entrevista à rádio Joven Pan, Ciro ampliou a aversão de ala do DEM ao seu nome e ainda inflamou os ânimos do MBL, grupo que tem militantes em diversos partidos para disputar a eleição deste ano.

Noticiário corporativo

Em destaque no noticiário corporativo, a Petrobras informou ter iniciado a fase não vinculante de cessão de campos; além disso, ela comunicou que a maior gestora de fundos do mundo, BlackRock, vendeu a parte de seus papéis em 14 de junho e passou a ter menos que 5% das ações preferenciais da estatal, deixando de se qualificar como detentora de participação acionária relevante. Atenção ainda para a pauta no Congresso: o plenário da Câmara dos Deputados pode votar hoje projeto que autoriza a Petrobras negociar ou transferir parte de seus direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área cedida onerosamente pela União.

Já a diretoria do Bradesco propôs ao Conselho de Administração o pagamento de juros sobre o capital próprio intermediários relativos ao primeiro semestre de 2018, totalizando R$ 1,212 bilhão. A proposta, que será deliberada no dia 29 de junho, determina o pagamento de R$ R$0,172465322 por ação ordinária e R$ 0,189711854 por ação preferencial.

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O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura